Capítulo 29: Levada

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Tantas coisas passavam pela minha cabeça, mas, ao mesmo tempo, não conseguia focar em nada. Estava tendo outra crise? Não seria um momento inadequado, na verdade. Quase que instintivamente, tentei correr, chegando a até levantar um pouco do balanço, mas Offenderman facilmente me obrigou a ficar no mesmo lugar, segurando-me com certa força, mas ainda com um carinho doentio para não deixar marcas visíveis. Eu queria fugir e me esconder nos braços da minha mãe, ou do Slender, mais do que tudo na vida agora.

-- Eu te deixo com tanto medo assim, pequena? -- perguntou, debochado, tentando fazer carinho em minha bochecha, mas virei o rosto; sentia meu corpo tremer sem parar. -- Eu nem fiz nada ainda pra tanto medo!

-- Me deixa em paz, por favor... -- sussurrei, desesperada, lutando para impedir que as lágrimas caíssem.

-- É melhor não começar a implorar, vai me deixar mais.. impaciente, vamos dizer assim! -- ele agarrou meu rosto, forçando-me encará-lo, agora as lágrimas escorriam sob minhas bochechas sem impedimento. -- O que será que aquele idiota viu em você? Não é do fetiche dele bancar o protetor, principalmente com crianças que se enquadram no padrão de vítimas dele.

-- V-você tá me machucando...! -- ele 'tava apertando muito forte.

-- É mesmo? Você ainda não viu nada, docinho!

Ele apertou mais ainda, perfurando minha pele, mas antes que fizesse algo a mais, soltou-me bruscamente, atordoado, jogando-me no chão enquanto rosnava e pressionava a própria cabeça, como se algo o estivesse ferindo ou atacando, seus tentáculos moviam-se violentamente pelo ar como chicotes, demonstrando o sofrimento da entidade; sentia-me muito fraca para correr, ainda estava tremendo sem pausa, respirava de forma ofegante, tossindo ao respirar a terra abaixo de mim sem querer. Acho que estava à beira de uma crise de pânico. Já que não conseguia me levantar, comecei a me arrastar para longe, provavelmente uma cena lamentável de se ver, mas não tinha outras opções; gritos de fundo cobriam minha audição, provavelmente vítimas de Zero, deixando-me mais tensa ainda e horrorizada com a situação, lembrando-me de quando tive o desprazer de ver uma das salas particulares de Smiley sem querer, ela estava rodeada de cadáveres. Foi uma visão horrível.

-- Entendi. -- o resmungo de Offenderman ecoou acima dos gritos, fazendo-me encará-lo, percebendo que sangue escorria entre seus dentes afiados que exibiam um sorriso sádico. -- O Slender sabia que não podia ficar o tempo todo com você, sabia que eu ia voltar, então colocou algo pra te proteger! Ou melhor dizendo, entregou algo pra te proteger!

Agarrei o colar por cima da roupa, uma atitude inconsciente, mas logo me lembrei de que tinha sido um presente de Slender dias atrás. Eu nunca o tirei. Era isso que estava machucando o Offenderman?

-- Muito esperto, irmão. -- ele murmurou, estava falando sozinho, seus tentáculos foram recolhidos enquanto lambia o próprio sangue do queixo, seu sorriso jamais o abandonando; ele parecia pensativo. -- Se eu tentar machucá-la, a proteção vai ser ativada, então o que eu posso fazer..?

Entender que Slender estava me protegendo, mesmo durante sua ausência, deu-me a calma que precisava, sentindo meu tremor finalmente dando uma pausa, permitindo-me finalmente ficar de pé, não pensei duas vezes antes de sair correndo, ou ao menos tentar; infelizmente, não fui muito longe, ele me derrubou com um de seus tentáculos, deixando-me sem ar por alguns instantes devido a queda.

Me ajuda, Slender! Eu tô com medo!

-- O que acha da ideia de conhecer o meu domínio, pequena? Tenho certeza de que vai amar! -- aproximou-se, me pegando com suas próprias mãos; me debati e gritei, tentando fugir de seu aperto, mas ele nem sequer se moveu, deixando seu rosto ao lado do meu. -- Esse seu colar de merda pode até me impedir de fazer algo com você aqui, no mundo real, mas no meu domínio... a história é bem diferente. Ninguém nunca mais vai te ver de novo!

Meu Melhor Amigo (Slenderman)Onde histórias criam vida. Descubra agora