4° capítulo.

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Luke

Havia passado a noite em claro, nervoso com tudo que  Michael havia me contado. Ele poderia não imaginar, mas as proporções que seus atos estavam tomando eram imensas e isso não era algo bom.

Fitei o teto cinza e encardido a cima de mim e minha mente vagou até minha mãe. O que será que ela iria pensar quando soubesse que eu me meti com um homem que briga com gangue?

Nós havíamos mantido contato nos meus primeiros dois anos aqui, todos os dias ela me enviava cartas e fazia ligações, perguntando como eu estava. E aos dias de visita, sempre aparecia aqui com um pedaço de bolo. Até que um dia, parou e não me deu nenhuma satisfação. Cheguei a pensar que ela houvesse falecido, mas acho que teriam me avisado disso.

Levantei angustiado e fui em direção às grades de minha cela.

- Psiu. - chamei o porteiro que roncava na cadeira. - Psiu, Reggie.

Nada. Ele tinha um sono bem pesado.

- PUTA MERDA! ALGUÉM COLOCOU FOGO NA MINHA CELA.

E então, Reggie deu um salto de sua cadeira, afobado com meu grito.

- Ficou maluco, Patterson? - reclamou ofegante ao perceber que não havia incêndio nenhum.

Ri de sua reação.

- Achei que você tivesse morrido. Iria ser horrível se eu tivesse de te socorrer, acredite minha respiração boca-a-boca é terrível!

Reggie bufou.

- Tem como me arrumar uns papéis e canetas? - perguntei. - Vou tentar fazer o que aquela psicóloga recomendou.

No início da semana, eu havia ido a psicóloga para tratar sobre minha pena e uma possível soltura. Quando tinha 19 anos, recebi o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Induzido por Substâncias, por causa do abuso da cafeína e isso acabou com minha vida. Eu sempre fui nervoso e descobri que os medicamentos poderiam me ajudar com o nervosismo. Comecei a frenquentar um psiquiatra e ele me receitou Alprazolam. Nós só não imaginávamos que eu iria acabar me viciando na medicação. Atrelado ao vício com à cafeina, foi preciso muito esforço e terapia para superar esta situação.
E, então, passei a fazer terapia para ajudar no transtorno de ansiedade. A psicóloga do presídio havia me dito isso que eu tinha preconceito com os transtornos mentais, mesmo começando o processo de auto conhecimento tão cedo. Ela me contou que me auto rotulava por ter TA e isso fazia com que pensamento de insuficiência viesse à tona. E arriscou um palpite de que meu estresse no trabalho tivesse alguma correlação com tudo isso. E por fim me recomendou a pôr tudo no papel, falando que quanto mais guardasse meus pensamentos mais a situação se agravaria. Que eu tinha de limpar minha mente.

Quando Reggie apareceu com as folhas, agradeci a ele e comecei a escrever. Arrancando do meu peito toda a angústia que sentia naquele momento.

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