26° capítulo.

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Luke

Tinha acabado de acordar e observei Steve em minha frente, esperando-me para irmos à cozinha. Nas últimas semanas, ele estava sendo bastante prestativo e observava cada passo meu.

- Bom dia, Patterson. - falou. - Dormiu bem?

- Bom dia, Steve. - respondi enquanto esfregava os olhos.

- Você vai fazer o café da manhã. Vamos?

- Posso, ao menos, escovar os dentes?

- Pode. Claro que pode. - ele sorriu.

          ~

Enquanto mexia uma enorme frigideira com ovos, Tolman apareceu ao meu lado. Reclamando sobre o calor da cozinha e o quanto ele odiava cozinhar para vagabundo.

- Odeio isso aqui. - falou por fim.

- Odeia nada. - dei um sorrisinho. - Como te deixaram entrar? - perguntei, já que ele não tinha permissão de ir à cozinha.

- Tem um guarda me vigiando. - ele respondeu e direcionou seu olhar a porta. - Vai entrar um cara novo aqui.

- Sério? - perguntei, olhando para os ovos. - Sabe o crime que ele cometeu?

- O nome dele é Caleb. Mas, não sei o que ele fez. - Tolman olhou para os lados e sussurrou em meu ouvido. - Me falaram que foi algo horrível.

- Quando ele chega?

- Amanhã, eu acho.

- Será que ele vai ficar perto da minha cela?

- Por que tá preocupado? - Michael riu. - Ele não te quer.

- Que história de me querer, Tolman! - dei um empurrãozinho em seu ombro. - Eu só gosto de privacidade, só isso.

- Tá com medo que alguém te veja lendo sobre aquelas besteiras de amor?

- Não. - bufei. - Não estou.

- E a jornalista? - ele deu um sorriso sacana. - Ela tá bem?

- Acho que sim.

- Eu tenho que conhecê-la. - O Michael ainda não tinha visto a fisionomia da Julie. Ele só a conhecia pelas coisas que eu contava. E nos últimos dias, ele tinha começado a implorar pra vê-la.

- É.

- E o seu admirador secreto? - ele deu uma gargalhada. - Descobriu quem é?

- Não. Não descobri.

- Deveria pedir ajuda a sua jornalista gostosa. Certeza que ela vai conseguir te ajudar.

Dei uma risada, enquanto adicionava sal a comida.

- Eu não sei nem quem é. - Michael fez um bico e sorriu. - Não tem como ela me ajudar.

- Já te ligaram de novo?

- Não. - respondi e peguei nas alças da panela fumegante. - Me ajuda aqui. - Tolman agarrou o outro lado e colocamos tudo em um carrinho de metal. - Faltam os pães. - olhei para ele. - Você tem que fazer.

- Nem venha. - ele respondeu se afastando. - Minha vontade é de cuspir nisso tudo.

- Vai, Tolman. O Steve vai pegar no seu pé.

- Você faz. E diz que fui eu quem fiz. - ele sorriu. - Em troca, eu descubro quem tá te ligando.

O Michael nunca ajudava nos afazeres da penitenciária. Ele sempre enrolava e fingia que fazia algo. E o Steve fingia que acreditava nele.

- O irmão dela ia completar 22 anos. - falei. - Ele era mais novo do que eu.

- Irmão de quem?

- Da Julie.

- Ela te contou?

Fiz que sim com a cabeça.

- Quando ela me contou, não tive coragem de continuar a ligação e desliguei o telefone. - finalizei.

- Eu acho que a relação de vocês tá se aprofundando muito. Você tem que contar o que fez.

- Não consigo. - suspirei e coloquei os pães aos lados dos ovos, em sequência.
Peguei a garrafa de café e pedi para que Michael colocasse no carrinho e assim ele o fez.

- Mas, consegue mentir! porra, Luke. Para de ser assim.

- Você não entende a situação.

- Entendo o suficiente para saber que você está mentindo.

- Me passa o açúcar.

- Onde você quer chegar com isso? - ele me entregou o pequeno pote de plástico e observou meus movimentos. - Quanto mais cedo contar, mais cedo vai evitar uma confusão. Você tá sendo um filho de uma puta, escondendo tudo isso! eu amo você, mas não vou concordar com essa merda toda. - ele abaixou a cabeça e sorriu. - Olha onde você chegou. Eu estou te dando conselhos e sou mais fodido que você, deveria ser ao contrário.

Eu não tinha coragem de contar a verdade para ela. Era algo inalcançável para mim. Sabia que quando fizesse isso, ela iria embora. E eu não queria que isso acontecesse.

- Você tem que contar.

- Eu sei. - olhei para minhas mãos. - E eu vou.

Terminamos de cozinhar e saímos do cômodo onde preparávamos tudo, para distribuir os pratos feitos entre os presidiários

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