25° capítulo.

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Julie

Dois dias após visitar a penitenciária, eu estava em casa, já estava perto das uma da tarde. Quando fui olhar a hora em meu celular, suspirei angustiada. Era dia 15 de novembro.

Depois da morte dele, todos os anos, eu ia até uma praça perto da casa dos meus pais e sentava-me em um banco. Passava horas lá, olhando a paisagem e escutando os passos apressados de várias pessoas ocupadas.

Uma vez, ele me falou que todos tinham uma filosofia de vida. E essa era a dele: aproveitar a natureza. Então, depois da sua morte, resolvi continuá-la.

Peguei minha bolsa e quando estava indo buscar minha bicicleta, recebi uma ligação.

- Alô? - atendi.

- Oi, Julie! - reconheci sua voz e meu coração encheu-se de alegria. - É o Luke.

- Oi, Luke

- Não tô te atrapalhando não, né?

- Não tá não, relaxa. - respondi. - O que foi? Tá tudo bem?

- Tá sim! - pela entonação da sua voz, percebi que ele estava sorrindo. - Senti falta de escutar a sua voz. - Luke suspirou. - E também eu fui errado em falar com você daquele jeito.

- Ah, sim! - sorri. Eu também tinha sentido falta de escutar a voz dele. - Tá tudo bem. Fiquei chateada na hora, mas já passou.

Ele soltou um leve suspiro.

- Que bom. - sorri. - O que você tá fazendo?

- Ia sair agorinha, mas vou ficar aqui conversando com você.

- Ia pra onde? Eu não quero interromper.

- É coisa minha. - abaixei meu olhar. - Ia sair pra descansar um pouquinho.

- Posso ir junto? - ele deu uma risada. - Piadinha de preso. - ri junto à ele. - Você ia passear na praia ou algo assim?

- Não. - respondi a ele. - Iria sentar em um banco de praça e descansar. - suspirei enquanto me recordava dele. - Lembra que eu mencionei ter alguém e que ele tinha morrido?

- Lembro.

- Hoje seria aniversário dele. 22 anos.

- Meu Deus, Ju... sinto muito.

- Tudo bem. - comecei a sentir uma leve ardência em minha garganta e fiz um esforço para não chorar. - Eu vou ficar bem.

- Sabe Epicuro fala sobre a morte?

- Não. Não sei.

- Ele diz que a morte não é nada para nós. Por que, enquanto existimos, não existe morte. E, quando ela existe, nós não existimos mais. - ele deu uma risada abafada. - Sei que é mórbido, mas é a verdade.

Dei um sorriso e olhei para a parede.

- É. - respondi por fim. - Quer saber quem era ele?

- Se você estiver a vontade....

- Meu irmão. - senti uma lágrima descer pela minha bochecha. - Ele era mais novo.

- Eu sinto muito.

- Não precisa. Eu amo ele. Ele era uma pessoa fantástica.

- Imagino. - ele ficou um tempo em silêncio. - Tenho que passar o telefone para outra pessoa, tá bem? Depois a gente se fala mais. Beijo, Julie. Se cuida.

- Se cuida, Luke. Beijo.

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