8° capítulo.

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Luke

Tomei banho, passei uma generosa camada de gel em meu cabelo, bagunçando-o em seguida. Entregaram-me uma muda de roupa limpa, escovei meus dentes. E me dirigi a porta da cela, colocando meus braços para frente, a fim que fossem algemados.
Steve pediu para que Reggie me guiasse até a área de visitas.

Chegando lá, me acomodei em uma mesa perto da porta e pus meus braços sobre a mesa. Foi quando uma mulher morena e cacheada entrou, acompanhada de Steve.

Não podia ser.

O ar escapou de meus pulmões; e, com muito esforço, tentei levar as mãos a boca. Fazendo o formato de uma concha. Inspirando pelo nariz e expirando pela boca. Fechei meus olhos.

- Oi, Luke! - Steve me atrapalhou. - Essa é a Julie Molina.

O loiro se virou para cacheada e sorriu.

- Julie, esse é o Luke Patterson. Ele é quem vai ser seu entrevistado.

Balancei as pernas, na tentativa de expulsar o nervosismo de meu corpo. Isso não poderia estar acontecendo. Não agora.

- Oi, Luke. - ela sorriu. - É um prazer te conhecer.

- Olha, vou deixar vocês a sós. - Steve falou com cacheada a minha frente. - Tem dois guardas ali, encostados na parede. E mais dois lá fora, qualquer coisa, é só gritar.

Muito obrigado, Steve. Você acabou de assustar a garota, pensei comigo mesmo.

- Tudo bem, muito obrigada. - ela agradeceu.

Steve saiu da sala, deixando-nos a sós.

- Olha, Luke. Eu vou gravar a entrevista, se você não se importar, tudo bem?

Assenti. E ela colocou seu telefone sobre a mesa, a uma distância considerável de minhas mãos. Fazendo com que eu soltasse uma risada, incrédulo.

- Se você não se sentir confortável com alguma pergunta, me alerte e eu paro. Pode ser?

Afirmei com a cabeça.

- Você pode me contar um pouco sobre ti e sua relação com as outras pessoas daqui?

- Posso. - afirmei.

Um silêncio se instalou na sala.

- E aí? - Julie perguntou com certa expectativa. - Vai falar ou não?

Dei uma risada de canto de boca.

- Vou, relaxa. - falei demonstrando a falta de interesse em sua conversa.

- Eu não deveria estar aqui. - comecei. - Isso aqui é pior local que alguém poderia pisar em algum momento de sua vida. As pessoas daqui são nojentas e egocêntricas. As celas fedem a merda e masculinidade frágil. Um passo em falso e seu corpo aparecerá esticado no chão, em questão de horas. Eu não desejaria isso nem para o meu maior inimigo.

A mulher a minha frente soltou um suspiro, na tentativa de processar tudo o que eu havia dito, supus.

- E você gosta daqui? - ela parou para pensar em sua pergunta. - Digo... você acha que aqui é um local seguro?

- Você ouviu o que acabei de falar?

- Ouvi sim.

- Então, pronto. - falei, revirando os olhos. - Já acabou?

- Não, ainda quero saber umas coisas.

Balancei a cabeça.

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