14° capítulo.

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Luke
Flashback

- Acorda, Patterson! - um guarda me chamou, batendo com as chaves, entre as grades da minha cela. - Tem visita pra você.

Havia completado dois meses que eu tinha sido preso. E ainda não tinham marcado minha audiência. Tinha feito amizade com um cara chamado Michael. Ele era meio sem noção, mas era gente boa! Um homem chamado Steve, tinha conseguido uma cela separada para mim, devido os acontecimentos posteriores. Ele também explicou que minha audiência iria demorar, por que uma das testemunhas estava hospitalizada e a outra tinha falecido. Foi a partir daí que tomei uma decisão. E, também, comecei a me conformar com a ideia de que passaria algum tempo lá.

- Luke, meu amor! - minha mãe falou assim que entrei na sala de visitas. - como você está magro. Não estão te alimentando não? - perguntou enquanto passava as mãos pelos meus rosto e vi seus olhos encherem de lágrimas. - Eu posso tentar ir na coordenação daqui e pedir que façam um prato reforçado para você.

- Eu tô bem, mãe. Relaxa. - respondi na tentativa de acalma-lá e evitar algum tipo de drama desnecessário. - Mas, não foi isso que você veio para cá, né? Me conta como foi essa semana. Ela tá bem?

- Ah! mas, você não mudou ainda, né? continua com a mesma falta de educação. Todos os dias rezo e pergunto a Deus: onde foi que eu errei?

Pelo visto, errou em tudo, não foi? Se tivesse acertado em algo, eu não estaria aqui.

- Mãe. - falei entediado, querendo que ela fosse direto ao ponto.

- Tá bem, tá bem. Primeiro, eu trouxe torta. Ainda está quente. - ela sorriu e me entregou uma caixa. - Quase que não me deixaram entrar com isso aqui. Fiquei um tempão conversando pra convencer ao guarda que não tinha nenhum tipo de droga ou objeto pontiagudo aqui dentro. Acredita que ele queria cortar ela ao meio!? Ia estragar tudo! só ia sobrar o farelo. O raio x já não é o suficiente?

Sorri e ela sorriu de volta. Minha mãe sempre foi presente, cuidadosa com tudo. E carregava consigo um pouco de drama e extravagância. Sempre exagerada.

- Não sei. Acho que não. Mas, e aí!? Como foi?

- Ah, Luke, meu filho... - Emily começou. - Semana passada, conversei com a mãe dela. Pense na tristeza que foi! chorei abraçada a ela. O pai dela nem tem coragem de entrar no hospital. Só de chegar na porta, já desaba.

- E ela tá bem?

- Está. Os médicos acham que receberá alta esse mês! não é maravilhoso?

- É sim.

- Mas, acham que ela pode ter algumas sequelas. Você sabia que, no local do acidente, ela estava consciente e do nada caiu? Andou um pouco e poft! desabou, como um saco de batatas.

Tentei me recordar desta cena e falhei. Acho que isso ocorreu depois que fui levado pelos policiais.

- E a mãe dela contou mais alguma coisa? Sobre a vida dela, sei lá.

- Contou... - minha mãe falou sorrindo e recordando-se da conversa. - falou que sua filha sempre sorria e era amigável com todos. Disse que foi estranho vê-la ligada à tantos aparelhos e de olhos fechados. Nem consigo imaginar a dor dessa mãe. - ele suspirou. - Se bem que, comigo não tá sendo diferente, né?

- Mãe. - falei suspirando e tentando passar a mão pelos cabelos. - A filha dela tá no hospital e eu tô preso. São duas situações completamente diferentes!

Ela riu.

- Eu sinto falta de você.

- Também sinto sua falta, mãe.

- Ela me falou o nome de sua filha. - Como havia pedido demissão, não sabia se poderia custear um advogado e optei por um do Estado. Ele quem me contou o local onde a vítima estava internada, mesmo não podendo. E, desde então, pedi que minha mãe fosse para lá e a visitasse. Mas, até então, ela não tinha conversado com ninguém. Havia sido seu primeiro contato com os familiares da vítima. Da pessoa que eu tinha colaborado para destruir a vida.

- Ah, foi? - sorri. - e qual é o nome dela?

- Julie Molina.

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