2° capítulo.

69 9 4
                                    

Luke

Estava completando anos de minha estadia nesse local dos infernos. 5 anos; e, sabia-se lá quando iria embora.

- E aí, Lukitinho! Tudo em cima? - meu parceiro de cela, Michael, me chamou. Fazendo com que eu revirasse os olhos.

- Cara, eu odeio quando você me chama assim. E você sabe disso!

- É por isso mesmo que eu chamo. - ele respondeu, dando um sorriso safado.

Como eu amo esse homem. Michael é o cara mais trambiqueiro e nervoso desse lugar. Todos os dias, ele me chama pra tentar uma fuga. Mas, eu sempre recuso e ele sempre falha; fazendo com que sua pena aumente ainda mais. Sinceramente, acho que ele está destinado a morrer aqui.

- Arrumei uma briga com o cara da cela 12. - meu amigo falou sorrindo. - Advinha quanto ele cobrou na minha cabeça?

- Quanto?

- 2 milhões! - Michael deu uma risada espalhafatosa. - Onde já se viu bandido liso ter 2 milhões? - completou.

- Sei não, Michael. Mas, se eu fosse você, ficaria mais esperto. - alertei-o enquanto soprava a fumaça do cigarro ao ar.

- Ah, Luke! Para com isso. Você já viu alguém conseguindo me pegar?

- Não. Mas, você brinca com a sorte. - arremessei a bituca do cigarro ao longe.

- Porra. Você é muito pessimista! você sabe que eu nunca vou morrer aqui, sou esperto e sei me cuidar.

Michael sempre arrumava brigas com as outras gangues, na intenção de se proteger. Os detentos que estivessem sempre à procura de encrenca, eram transferidos ao último andar, em uma cela separada. Era tudo o que o Michael mais desejava, mas eu sabia que esse plano não iria durar muito tempo.

- Mudando de assunto... - ele começou. - Você viu que tem um jornal querendo fazer uma matéria aqui?

- Ah, é? - respondi sem interesse.

- Porra, Lukito. Você sabe quem faz essas matérias?

- Não.

- Mulheres! - Michael respondeu com empolgação. - Tem coisa melhor do que mulher sorrindo e querendo saber da sua vida?

Meu Deus, como esse cara é nojento... mas, continuo amando ele!

- Eu não ligo pra mulher, Michael.
Há anos não fico com ninguém.

- Porra, Luke! Você é do vale!? - ele gritou fazendo com que toda atenção fosse voltada a nós dois.

- Eu não! tá doido, Michael!? - respondi dando tapinhas em seus braços. - Eu tô dizendo que não fico com ninguém por que tô aqui nessa merda.

- Não pega ninguém, por que não quer! tem cada gostoso na nossa gangue. - ele riu, passando a língua pelo lábio inferior.

- Sua gangue, Michael. Sua gangue. - retruquei indo em direção a porta da frente, a fim de voltar a minha cela.

Journalist Onde histórias criam vida. Descubra agora