7° capítulo.

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Julie

O dia da entrevista havia chegado e estava indo em direção a penitenciária, acompanhada de Willie e Flynn.

- Se cuida, Julie. Qualquer coisa, me liga! - Willie falou com um tom carinhoso.

- Isso, qualquer coisa, pode nos ligar. E nós chegaremos na mesma hora.

Sorri diante o carinho e preocupação que meus amigos estavam demonstrando. Eles sabiam o quanto eu estava nervosa. 

- Tudo bem, gente. - tentei transpassar tranquilidade. - Eu vou ficar bem. Prometo!

Segui em direção ao portão de ferro, apresentando meu crachá de imprensa e explicado ao guarda que estava à procura de Steve.

Passei pelos procedimentos padrões e recebi uma etiqueta de identificação. Acompanhada de dois guardas, segui em direção ao escritório de Steve.

- Julie! - o homem de cabelos louros, com tons grisalhos exclamou ao me ver. - Estava esperando por você, venha. Sente-se aqui.

Ele falou apontando para uma cadeira acolchoada com veludo e um tom avermelhado. Aquele local tinha cheiro de cigarro, perfume masculino e veneno de barata. Uma péssima combinação de cheiros.

- Não precisa ficar nervosa, - Steve falou arrancando de meus pensamentos. - escolhi a dedo cada pessoa com quem você vai falar. E, te garanto, são os melhores desse lugar.

Sorri envergonhada.

- Você quer começar a falar comigo? Ou quer dar uma olhadinha no lugar?

- Quero conversar com você. Quero entender como isso aqui funciona, depois podemos prosseguir para a visita e para a entrevista com o presidiário.

Steve me explicou como funcionava a penitenciária, explicando desde a divisão entre os detentos, até a cor de seus uniformes. Garantindo, sempre, de que aquele era o melhor local onde alguém poderia estar.

- Você tem alguma dúvida? - perguntou.

- Não, não tenho. Você explicou muito bem. - respondi enquanto anotava cada palavra em meu bloquinho de papel.

Saímos do escritório e seguimos por um enorme e escuro corredor. Chegamos a ala onde os detentos ficavam e o barulho dos gritos começou a ficar mais alto. Tentei manter a postura profissional, ignorando os diversos xingamentos e investidas que escutava.
E então, avistei um homem de mais ou menos 1,80. Em posição fetal, murmurando palavras inaudíveis.

Aquela cena ficou gravada em minha mente. 

Passamos por uma grade de ferro, foi quando o avistei pela primeira vez e o ar escapou de meus pulmões.

Meu Deus.

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