LukeEu sabia que tinha que contar sobre o acidente a Julie. Sabia que ela tinha que saber que fui eu quem arranquei o amor de sua vida. No entanto, não me sentia pronto pra falar isso a ela. Ela iria embora quando soubesse e eu não queria perdê-la.
- Você vai ficar aqui. - escutei a voz do Steve ecoar pelos corredores. - Se comporte.
- Tudo certo. - alguém respondeu. - Obrigado, Steve.
Por fim, escutei o som do portão da cela sendo fechado. Levantei da cama e deixei meu exemplar de As dores do mundo, de Arthur Schopenhauer, ao lado de meu travesseiro. Indo para perto das enormes grades enferrujadas que impossibilitavam minha passagem para o corredor.
- Ah! oi, Luke. - o carcereiro disse, assim que notou minha presença. - Não vai passear hoje? Posso pedir pro Reggie abrir seu portão.
- Não, não. - respondi. - Tô bem. Quem tá aqui do lado?
- Caleb Covington. - ele olhou para o lado e sorriu. - Seu novo vizinho de cela. Mas, não se preocupe. Ele vai ficar aqui provisoriamente. Vamos mudá-lo de local, na próxima semana.
- Ah, ele vai pra onde?
- Acho que lá pra cima, perto do Michael. Por que?
- Nada não. Só curiosidade. - dei um sorrisinho. - Pode chamar o Reggie? quero sair um pouco.
- Achei que não quisesse. - Steve deu uma risadinha.
- Mudei de ideia.
- Uma hora. Nada mais.
- Tudo bem.
Alguns minutos depois, o porteiro apareceu a minha frente. Abrindo o portão.
- Qual é a história desse aí? - sussurrei. - Acha que ele e o Michael vão brigar?
- O Caleb? - ele riu. - Nada disso. Mais quieto do que ele, só uma pedra.
- Tem certeza?
Ele balançou a cabeça.
- Toda certeza do mundo.
Sai do pequeno cômodo, passei em frente ao Caleb e o cumprimentei.
- E aí! - sorri para ele. - Tudo bem?
- Tudo. - ele levantou de sua cama e andou em minha direção, estendendo sua mão. - Sou Caleb Covington.
Apertei sua mão e respondi:
- Luke Patterson.
- Parece que vamos ser colegas de corredor, hein? - ele soltou uma risada baixa. - Espero que possamos ser amigos.
Dei uma leve balançada com a cabeça e sorri com o canto da boca.
~
- Uma porra que eu vou querer alguém aqui! - Michael gritou quando contei a ele sobre Caleb. - O Steve tá maluco?
- Ele não falou que você tinha de querer nada não. - respondi.
- E daí? Não quero e pronto. - ele levantou de sua cama e olhou para os lados. - Já decidi. Ninguém vai vir pra cá. E se ele discordar, essa porra toda vai virar pó.
Ri com sua fala. O Michael não tinha coragem de magoar um mosquito.
- Ah, é?
- É. - ele passou a mão pelos cabelos. E olhou para o guarda que o vigiava. - Vou falar com o Steve. E ele vai ter que mudar a decisão.
- O cara parece ser gente boa.
- Às vezes, eu acho que você é otário. - Tolman respondeu. - Não é pra confiar em ninguém daqui. Onde já se viu bandido ser gente boa!?
Soltei uma gargalhada.
- Eu não disse que ia confiar. Só acho que você tem que conhecê-lo, antes de falar algo.
- Não quero.
- Eu acho que deveria.
Michael olhou para os lados, abaixou-se em minha direção e sussurrou em meu ouvido.
- Não confie nesse cara, Luke. Tô falando sério.
- Certo, Tolman. Vou ficar de olho nele.
Michael balançou a cabeça em minha direção. E falou:
- Mas, e aí, a Julie vem quando?
- Vai se fuder.
Ele sorriu e passou a mão pelos cabelos.
- Sério. Você nunca mais falou dela, desde aquela ligação.
Olhei para cima, recordando-me de nossa conversa. Lembrando de sua tristeza, em relação a seu irmão.
- Só falei com ela, naquele dia. Acho que ela vem na próxima semana.
- Sério?
Assenti.
- Quero conhecê-la. - sorriu para mim. - Quando você vai fazer isso?
- Não vou.
- E a mentira?
- Fica quieto, Tolman.
- Você tem que contar!
- Para de insistir nisso.
- Só vou parar, quando você contar. Ou você conta ou eu conto.
- Você nem conhece ela.
- Esqueceu que tenho uns contatos? Posso descobrir tudo sobre ela, rapidinho. - ele deu uma piscadela. - Agora, sai daqui. Tenho umas coisas pra fazer.
- Que coisas?
- Sai daqui, Luke.
Michael deu umas batidinhas em meu ombro e pediu para que o guarda me acompanhasse. Estava começando a ficar extremamente incomodado com o fato de que todas as vezes que conversávamos, ele pediu para que eu contasse tudo. Fiquei receoso quando Julie comentou que iria pesquisar tudo na internet. Mas, sabia que ela não faria isso
VOCÊ ESTÁ LENDO
Journalist
FanfictionOnde Julie precisa fazer uma reportagem sobre o sistema carcerário e marca uma visita, ela só não sabia que tal ato deixaria seu psicológico tão abalado.