30. CONFIGURAÇÃO MALACHI

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POINT OF VIEW • VALERIE HOFFMANN


Era tão estranho para mim pensar em voltar a traçar planos e estratégias como antes, tocar uma estela e fazer runas pelo meu corpo. Eu passei anos da minha vida sendo submissa a Kraven que perdi o verdadeiro prazer do que é ser uma caçadora de sombras.
Além da preocupação com minha filha, e até mesmo com Alexander e sua família, não pude deixar de sentir adrenalina de estar em campo fazendo algo ilegal.

— Os soldados que tem acesso a sala de armas tem um nível acima do meu nível e de Robert, você poderia entrar se Kraven não fosse um empecilho, então, as duas pessoas mais acessíveis para você tomar a aparência seria Lydia Branwell ou Victor Aldertree — Maryse explicou.

— Mas eu acredito que o melhor é Lydia Branwell. Se algo der errado, Aldertree é esperto e entenderá que tem algo errado. Nossa pele foi salva graças a Elsie dá última vez, não queremos arrumar problemas agora que a Clave nos deixou em paz — Robert comentou. Ele se juntou a nós a pedido da esposa, e também está empenhado em ajudar.

— Além de que, Lydia Branwell foi diretora temporária do Instituto, ela simpatizou com seus filhos e entende as atitudes que tomam. Ela pode se calar se entender de novo — falei.

— Eu vou retirar Lydia de dentro do Garde, em seguida, vocês esperam até que eu tenha uma conversa clara e nada explícita com ela, e você entra com sua aparência. Por favor, se mantenham nos pontos cegos das câmeras. Não queremos que Kraven descubra a verdade — Robert explicou.

Maryse estendeu uma estela com detalhes em prata parecido com raízes, eu me lembro daquela estela, foi a sua primeira estela na época da Academia de Caçadores de Sombras.

— Fique com ela de emergência, eu não a uso mais. Porém, esconda bem. Kraven não pode nem imaginar que estou te dando isso.

Sorri para ela.

— Obrigada, Maryse.

Robert olhou para nós duas de relance, e saiu a frente. Aquele foi o desfecho para o breve momento de ex-amigas que ainda tem consideração uma pela outra, e o seguimos.

— Use isso — Maryse pegou a capa dependurada na porta, e jogou sobre meus ombros — Não queremos que os olhos curiosos vejam você.

— Os olhos curiosos já vão ficar atentos só por não conseguir ver meu rosto — joguei o capuz sobre minha cabeça, e o puxei mais para garantir que ninguém veja meu rosto.

— Caçadores de sombras podem ser curiosos, mas não há ponto de virem te confrontar no meio da rua.

Balancei a cabeça em negação para Maryse, e a segui. Novamente, me senti em um dejavu dos momentos do Ciclo, mas ainda sim, o Ciclo não são mais boas memórias para mim.

Quando saímos para fora da casa, Robert já estava mais a frente. Não seria bom se nós três formos vistos juntos, seria uma atividade suspeita.
Andei lado a lado com Maryse como se nada estivesse acontecendo, e Robert logo foi sumindo de nossas vistas.

— Finja conversar comigo — Maryse instruiu. Estávamos chegando perto da Praça do Anjo, e havia Caçadores de sombras aposentados com crianças por ali.

Eu acenei com a cabeça, e relaxei o meu corpo para parecer uma caçadora mais despreocupada. Retirei a estela do paletó, e balancei como se fosse um lápis na minha mão.

— Você cumpriu com êxito sua última missão, caçadora. É uma pena que os submundanos não compreendam suas ações — Maryse fingiu uma fala qualquer, e os caçadores idosos olharam de relance para nós.

— É o preço que um caçador de sombras paga, não?! — respondi, e logo os caçadores se desinteressaram por nós.

Seguimos o resto do caminho fingindo aquela conversa para que qualquer caçador que passasse por perto não ouvisse, e mantive a cabeça meio baixa para não terem oportunidade de ver muitas brechas do meu rosto.

HELLISH HUNTER || ALEC LIGHTWOODOnde histórias criam vida. Descubra agora