19. CARTAS

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POINT OF VIEW ELSIE HOFFMANN 

Ser um caçador de sombras nem sempre é um sinônimo de felicidade, e ser Elsie Hoffmann não é ter paz como garantia, mas toda a situação desde que cheguei ao Instituto de Nova York só tem acabado ainda mais com a minha sanidade. 
Isabelle me convenceu a ir tomar um banho para depois poder ver a situação de Alec, e seu irmão também precisou ser convencido de soltar a minha mão. Viktor preferiu voltar ao trabalho depois de se certificar que estou bem, porque o clima ainda é constrangedor entre nós e acredita não ser bem-vindo por Alexander. 
Antes de voltar até a ala de enfermaria, passei na biblioteca para pegar o livro que fala sobre todos os demônios conhecidos. Minha cabeça doía com relembrando o que aconteceu no Ninho. 
Caçadora infernal. Esse nome ainda roda em minha mente como uma roleta em parque de criança. Se tem infernal no nome, significa que tem a ver com demônios. Eu não entendo como aquele monstro me chamou disso, não entendo porque não me atacaram, nada disso faz sentido.
Eu segui o caminho para a enfermaria, mal a vejo a hora de poder ver Alec. Maryse vinha da direção que eu seguia, e sorriu ao me ver. 

— Elsie, querida — ela me abraçou, e retribui seu abraço. 

— Eu estou indo ver Alexander — comentei.

— Ele ainda está tendo veneno retirado do corpo, Jace está do lado de fora esperando. Eu sei que deve estar angustiada para vê-lo, mas gostaria que me fizesse uma companhia em um almoço. Eu irei tentar ser breve.

— Vamos fazer assim, buscaremos o almoço no refeitório e iremos nos reunir em meu escritório. Eu quero conversar sobre certas coisas que só cabem a você ouvir. 

Maryse assentiu, e seguimos para o refeitório. Os caçadores estão ali se alimentando, e meu olhar foi diretamente a Raj, ele devolveu o olhar, mas aparentou ter ficado nervoso e desviou seu rosto. Ele mentiu para nós propositalmente, eu sei disso. O sistema nunca nos enganou quanto a quantidade em um ataque de um local que esteja na sua localização. Já aconteceu de nos enganarmos e não ouvirmos, como o ninho que resultou a morte do noivo de Lydia Branwell, mas nunca um sistema tecnológico. 
Ignorei a presença dele, e juntei comida ao lado de minha sogra e fomos ao escritório.

— Sobre o que gostaria de falar comigo? — questionou ao nos sentarmos.

Eu nunca tive a oportunidade de conversar com Maryse sobre a morte de William Valerious, aconteceu tantas coisas que nos impedirão de ter esse momento e não quero mais esperar, preciso dar essa história encerrada com ela e com a minha mãe.

— Eu sei que foi você quem matou William Valerious.

Maryse ficou trêmula de imediato, não conseguiu mais segurar o garfo em sua mão e o soltou. Seus olhos estavam levemente arregalados e a boca entreaberta, assim como o cenho frangido.

— Por favor, Maryse, vamos ser francas uma com a outra. Você não precisa mentir pra mim, eu sei toda a verdade. Eu vi na imagem do dia você o matando. Eu só quero entender o porquê.

— Como você descobriu? — quase gaguejou, mas logo balançou as mãos em negação — Tudo bem, isso não importa. Você é filha da mulher que ele amava, uma hora descobriria tudo.

— Sim, e temos tempo para conversar.

Ela suspirou, mas assentiu.

— Eu e sua mãe éramos melhores amigas, ela era como minha irmã mais velha para mim que eu sempre contaria e me ensinava tudo. Quando entrei para o Ciclo, eu a admirava por ser a General, e eu era brutal em meus ataques porque além do meu preconceito com submundanos, eu queria ser como ela. Sua mãe sempre amou William, e eu só fui descobrir isso bem depois, e fiquei revoltada. Não passava por minha cabeça que ela tinha escondido aquilo de mim, que amava um ser que nasceu com sangue de anjo mas que não era um nephilim capaz de desenhar runas, e que depois se tornou lobisomem. Mas ainda sim, eu escondi o segredo dela e me mantive longe dele, nunca tentei o machucar.
Quando sua mãe saiu do Ciclo, ela se casou com Kraven para se proteger e teve você. Kraven a protegeu de ser indiciada, e no começo até era um homem bom, ou aparentava ser, mas sua obsessão por sua mãe foi ficando mais evidente e o ciúmes mais possessivo. Ele proibiu sua mãe de ver William. Até que ele passou a desconfiar que você não fosse filha dele, e até mesmo William acreditava nisso e queria.
Quando eu e Robert saímos do Ciclo foi porque vimos que não teríamos saída e que Alec tão ainda bebê precisava dos pais, e com a influência em nosso sobrenome conseguimos como punição comandar o Instituto de Nova York.
Eu fui exilada de Idris ao lado de meu marido e do meu filho mais velho, e nunca mais tive contato direto com sua mãe embora a admiração continuasse a mesma. Mas retornamos para o baile dos acordos que ocorreu no mesmo dia em que ocorreu a Ascensão, e sua mãe pretendia fugir com William e levar você junto porque Kraven estava mostrando quem realmente era, e temia por vocês duas.
Infelizmente, ele descobriu sobre a fuga e ameaçou a sua mãe. Foi aí que ele passou de todos os limites. Ele disse que se ela não matasse William, ele afogaria você na banheira porque achava que era filha do amante.
Sua mãe correu pelas ruas de Alicante chorando e temerosa, e eu estava indo em sua casa com a desculpa de irmos juntas ao baile porque queria vê-la e tentar voltar a amizade ao que era antes. Eu a vi daquela forma e entrei em desespero, e foi aí que ela me contou toda a verdade sem ter para onde fugir.
Naquele momento, eu já tinha tomado a minha decisão por ela. Sua mãe foi uma mulher incrível para mim, me fez tentas coisas que quis retribuir. Eu disse a ela para esperar que eu daria um jeito. Eu fui atrás de William disfarçada para onde eles se encontrariam, e ele estava lá com as malas. Ele achou estranho a minha presença, perguntou o que eu fazia ali, mas o ataquei. Ele se defendeu, óbvio, mas eu sempre fui muito bem treinada e consegui matá-lo. Valerie chorou tanto como nunca a vi chorar antes, me deu tanta pena. Kraven soube do ocorrido, pensou que foi sua mãe que o matou, e encobriu tudo. Isso até que ele encontrou as imagens das câmeras, mas ele resolveu me acobertar e dali em frente sua mãe nunca mais foi a mesma.
Eu pensei que ele tivesse parado, que tivesse voltado a ser o que era antes sem William ali para atiçar seu ciúmes e sua loucura, mas eu me enganei e percebi isso no dia que a procurei quando você e Alec ficaram noivos. Eu vi as marcas pelo corpo dela.

HELLISH HUNTER || ALEC LIGHTWOODOnde histórias criam vida. Descubra agora