Minha intimidade ainda latejava. Meu corpo não estava na temperatura normal, e eu ainda respirava descompassado. Fecho a porta atrás de mim, e respiro tentando acabar com o efeito que esse homem possui sobre meu corpo. Passo direto pela sala, e vou até a cozinha conjunta, ansiando por um copo com água.
A casa estava silenciosa, e a porta do quarto de Polly fechada, o que me anima, talvez ela estivesse lá. Lavo o copo, guardo, e vou até seu quarto. Dou duas batidas, e abro delicadamente. Vejo Polly de bruços, lendo uma pilha de papéis, trajando seu baby-doll rosa.
— Atrapalho? — Ela levanta os olhos a mim e sorri.
— Não, estava apenas dando uma lida no novo processo que me deram hoje! — Se ajeita e coça os olhos, um pouco sonolenta.
— Que maravilha, então a reunião de hoje à noite rendeu frutos?
— Sim! — abre um sorriso satisfeito e eu retribuo. — Ué, virou uma torcedora do Lakers? — Franze o cenho fazendo uma expressão engraçada, ao se dar conta da camiseta e boné que eu usava.
— Pois é, — dou uma risada divertida olhando minha própria camiseta — Alex me levou ao jogo, e me trouxe a roupa! — Explico e ela ri balançando a cabeça.
— Você não liberou pra ele ainda, não é? — Reviro os olhos dando risada. Polly, sempre franca.
— Não, não liberei! — suspiro, caminhando até sua cama e me sento ao seu lado, apoiando as costas na cabeceira. — Ele disse que quer merecer, e confesso que estou amando ver ele tentar...
Ficamos em silêncio um pouco, ambas olhando para a parede de frente a nos, pensativas.
— Você não tem medo que ele se canse? — Quebra o silêncio me fazendo suspirar novamente.
— Sim. Conviver com ele me trouxe novas sensações, autoestima, e momentos felizes. Se ele se cansar sentirei falta disso, mas, se eu der o que ele quer, ele vai embora de qualquer jeito, então...
— Então? — Ela arqueia a sobrancelha, com meio sorriso.
Por um momento penso em dizer que transaria com ele no próximo encontro, mas meu tabu com isso era tão grande que não tive coragem de falar. Assumir que eu queria isso, era de certa forma, difícil para mim, ainda mais depois de tudo que preguei.
— Não sei Polly. — Ela sorri revirando levemente os olhos. — Não me recrimine, sabe que é complicado.
— Não vou te recriminar, respeito você, somos diferentes, mas devemos respeitar nossos pontos de vista, mesmo assim, sinto que você deseja isso, como nunca vi você desejar antes, então, qual o seu verdadeiro medo? — Reflito alguns instantes, me permitindo ser sincera comigo mesma. A pergunta dela, era realmente pontual. "Qual era meu medo?"
— Tenho medo de me machucar. Ele é encantador, atraente, e me excita. Se transarmos, ele não vai querer mais saber de mim, e isso talvez me magoasse a ponto de não valer a pena sucumbir ao desejo.
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A Flor de Cravo
RomanceBuscando por coisas completamente distintas, o destino cruza o caminho de Anna e Alex. Ela, convencional, romântica e tradicional, vive o luto do fim de um noivado de 7 anos, com um homem com quem ela tinha certeza de formar uma família. Ele, vive...