Uma Nota de Recomeço

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Ao som de Beatles dirijo para silenciosamente em direção a Simmi Valley

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Ao som de Beatles dirijo para silenciosamente em direção a Simmi Valley. No horizonte já era possível ver o dourado do sol, manchando o negro da noite, avisando que o dia estava nascendo.

Ali, imersa em pensamentos, deixando toda a euforia dos últimos acontecimentos se acomodarem dentro de mim, eu refletia sobre como tudo estava acontecendo. Há alguns dias atrás eu estava presa a um sofrimento excruciante pela dor de um término, sendo massacrada pelos pensamentos cruéis de que eu havia perdido a chance de ser feliz. Completamente cega.

Hoje, estou vivendo um dilema completamente oposto. Me entreguei a um homem que mal conhecia, tive a experiência sexual mais forte e satisfatória que já pude ter na vida, e meu maior problema agora, é controlar meu coração que deseja ardentemente se apaixonar por esse homem que é assumidamente o oposto de mim.

"A vida é mesmo uma maravilha, não é?" Ironizo em meu próprio pensamento, soltando uma risada abafada, balançando a cabeça negativamente em seguida.

Ainda segurando o volante, recosto minhas costas no banco, tentando relaxar minhas tensões e tento imaginar como será a reação de minha mãe com a boa nova que eu trago. Apesar de não estar dando pulos de alegria com a ideia de contar a ela que terminei meu relacionamento, eu estava certa que era isso que eu deveria fazer, e pronta como não estive antes.

Como já disse, algo em mim mudou a noite passada, não sei explicar, e nem entender porquê, mas, me sinto diferente, pelo menos em relação a essa situação. Independente de qualquer coisa, seria bom colocar um ponto final nisso, seguir com a minha vida e começar a pensar em novos propósitos.

Poucas horas de estrada depois, entro na cidade, e não demora para eu avistar a rua onde passei minha infância, e cresci minha juventude. Um sentimento confuso me toma, um pouco de nostalgia, lembranças e uma ponta de tristeza. Não sei muito bem explicar o que eu sentia, era confuso.

Vou passando pela trilha de casas de madeira branca, com gramados bem verdinhos, cercas, e jardins bem cuidados. Cresci numa rua como daquelas que vemos em filmes de sessão da tarde. Logo avisto a casa dos meus pais, e encosto meu carro, logo atrás ao da minha mãe.

Abro a porta, e sinto o cheirinho de mato, típico da região do interior, e ouço os passarinhos cantando, que imediatamente me causam sensação de bem-estar, o que me faz sorrir. Ainda era bem cedo. Me espreguiço, pelo percurso longo, ajeito minha roupa, e caminho até a porta da minha mãe.

Dou duas batidas na porta, como costumava fazer. Eu sabia que ela estava acordada, sempre acordou cedo, e pelo silêncio total da rua, ela ouviria. Não demora muito, ouço a chave destrancar a porta e a maçaneta girar.

— Anna! — exclama num misto de surpresa e felicidade. — Que surpresa, filha! — Alarga um sorriso e eu o devolvo.

Minha mãe nunca foi do toque. Ela não me abraçava, beijava ou acariciava. Era esse o jeito dela. Mas pelo seu sorriso genuíno, entendi que ela ficou feliz por me ver.

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