O Esbarrão

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Me viro pela milésima vez na cama, agarrada ao travesseiro, e ao ficar nessa posição, miro minha foto com Spencer

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Me viro pela milésima vez na cama, agarrada ao travesseiro, e ao ficar nessa posição, miro minha foto com Spencer. Novamente minhas entranhas se contorcem e eu sinto meu peito se apertar.

Três longas semanas se passaram desde o dia em que ele simplesmente terminou comigo. Sete anos de relacionamento, um amor profundo e lindo, foi encerrado com uma simples frase: "Eu te amo, Anna, mas não é nosso momento!"

Meus olhos se enchem novamente ao recordar esse momento, e me agarro ainda mais ao travesseiro, como se isso pudesse aliviar minha dor. Para deixar o tom ainda mais dramático, Alexia, tocava "A love so beatiful" e com isso embalava meu luto.

— Porra Anna! — Polly estapeia Alexia, desligando o aparelho, interrompendo a música. — Não acredito que voltou para esse estado de merda! — Repreende, puxando a manta que me cobria.

Minha querida amiga, não tinha lá muita cerimônia para lidar com pessoas. Polly era uma mulher incrível, determinada, objetiva, racional, desenrolada e muito bem resolvida, características que davam a ela zero tolerância em muitos aspectos.

Nós nos conhecemos no colégio, e foi como se fôssemos almas gêmeas. No primeiro dia, nos tornamos inseparáveis. Dividimos a vida, momentos, dores e sem dúvida, muitas risadas. Tivemos a sorte de irmos para a mesma universidade, embora cursando cursos diferentes, mas, morávamos juntas desde então, aqui na Califórnia.

— Polly, não enche! — afundo o rosto no travesseiro, dobrando meu corpo por cima dele.

— Você estava bem de manhã, até sorriu enquanto tomava seu suco de laranja, garantiu estar se recuperando, aí chego do trabalho e te encontro nesse estado? — Ralha, e mesmo sem vê-la, sabia que estava com as mãos na cintura e com um olhar condenatório.

— Tem horas que é mais forte do que eu! — Choramingo com a voz abafada pelo travesseiro e ouço bufar.

— La vem a autopiedade de novo! — sibila, e ouço seus passos se aproximarem. — Ah, aí é que está o problema! Eu não tinha guardado esta merda? — Brada e eu rapidamente levanto a cabeça sabendo que ela se referia a minha foto com Spencer.

— Não Polly, não mexa nisso! — Salto da cama quando ela pega a moldura.

— Isso te faz mal! — Justifica, erguendo o braço o mais alto que podia, me impedindo de pegá-lo.

— É apenas uma recordação, foi um momento especial! — Explico, como se isso fosse amolecer seu coração de pedra.

— A formatura dele? — solta um riso de escárnio — Isso só me faz recordar que você o apoiou durante todo o curso dele, foi compreensiva, paciente, para tomar um chute assim que ele conseguiu uma boa colocação na carreira.

— POLLY! — Escancaro os olhos e ela permanece séria, inabalável.

— Sinto muito, mas foi isso que aconteceu, você mesma disse isso durante o porre que tomou semana passada! "Não é nosso momento, Anna!" — Repete a frase de Spencer com deboche, fazendo uma voz irônica. — Até ele poderia ter arrumado uma desculpa melhor!

A Flor de CravoOnde histórias criam vida. Descubra agora