eighteen

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¤ — ANNIE.

O que exatamente se passou na minha cabeça pra achar que essa idéia realmente seria BOA?

Agora estamos aqui, paradas, sem dizer nada e com cara de paisagem!

— Oi...—ah, minha voz resolveu sair?— Eu...

Ela estava me deixando nervosa, ainda mais com sua generosidade marcando na Boxer.

— Eu resolvi passar aqui pra te devolver esse casaco! —gaguejo.

Só pode ser sacanagem...essa foi a desculpa mais estúpida que inventei!

— Ah, —Kehlani indaga, sem reação— Obrigada, Ann.

  Ela balança a cabeça, estendendo a mão. Travei por um momento, mas dei em suas mãos.

E aquele silêncio irritante voltou.

— Que horas são? —pergunta, se inclinando pra dentro de sua sala.

Talvez em busca de algum relógio de parede.

— Na verdade, eu vim porque você sumiu! —exclamo— Queria pedir desculpas pelo o que fiz, sei que talvez você não tenha se sentido bem então inventei essa desculpa...

O que você está fazendo? Cala a boca!

Ah, droga...—minha cara estava esquentando de vergonha— Esquece isso tudo ok? Eu não estive aqui.

Falo rápido, me apressando para sair dali.

— Annie, calma! —ouço Kehlani— Calma aí Annie!

Não sei onde ela foi, mas consegui chegar até a calçada de sua casa quando fui alcançada.

— Dá pra você esperar? —exclama, após voltar de moletom— Annie eu...

— A gente não costuma falar tudo uma pra outra, Kehlani? —questiono, pondo as mãos na cintura— Se te chateou, me desculpa, fiz aquilo por impulso!

— Impulso? Não me pareceu impulso. —retruca.

Aquela cena estava cômica. Enquanto eu estava tentando destravar as portas daquele carro teimoso e velho da Charlotte, evitando contato visual, Kehlani estava descalça à minha frente, com os braços cruzados e eu tinha certeza que seus olhos que estavam queimando minhas costas.

— Mas foi, está bom? —digo, mais uma vez por impulso— Se você não gostou, era só ter me falado ao invés de se afastar!

— Eu te conheço, Annie. —teima— Você é maluca sim, mas nunca faria aquilo se não fosse o que você realmente quisesse.

Então ela presta atenção em mim??? — Por Deus, alguém cala a minha mente!

— Ou eu estou errada? —nos olhamos e Kehlani teve a audácia de umidecer os lábios.

— Não.

Saiu quase como um sussurro. Eu não sei o que ela tinha! E não sei por quê nesse exato momento, estava a achando extremamente gostosa, de novo!

Os lábios rosados por causa do frio me chamavam atenção, os cachos totalmente bagunçados. Essa era a cara dela de "acabei de transar". E talvez tivesse mesmo...

— Eu só não soube como reagir, ok? —confessa, me fazendo soltar um risinho— Pela primeira vez.

Kehlani tomou ar, coçando a nuca.

— Desculpa. —murmuro.

— Para de pedir desculpas!

— Está bem, desculpa. —falo sem querer e ela fechou a cara.

— Você não beijou sozinha, lembra? —pergunta e eu assinto— Não foi só você quem quis aquele beijo.

Explica totalmente paciente, cuidadosa. E lá estava aquele transe de novo, tenho certeza que estava arrepiada em todos os cantos do meu corpo.

Aquele jeito dela me pegava demais, só faltava  que eu derretesse para completar.

— Eu me senti uma filha da puta, porque o Ash pode ser o otário que é. Mas ainda é como um irmão pra mim.

Kehlani estava certa, ela conhecia o Ash há anos. Eles praticamente cresceram juntos e tudo se tratava da consideração que ela tinha por ele. Por mais idiota que ele fosse. Conseguia compreender isso completamente.

— Eu entendo, Lani. —a olho— Por isso vim pedir desculpas.

— Sério, a próxima eu entro e te deixo aqui sozinha. —resmunga, se referindo às "desculpas" e me fazendo gargalhar.

— É sem querer! —tento— Enfim, espero que tudo esteja esclarecido.

— E está! Eu não estou me distanciando de você.

— É bom mesmo que não esteja!

Falo em tom de ameaça e Kehlani levanta as mãos em forma de redenção. Eu amava isso, a forma que implicamos uma com a outra como duas adolescentes.

— E sabe o pior, Annie? —ela corta o silêncio.

E eu voltei meu olhar pra ela rapidamente. Dependendo do que ela falasse, acho que eu ficaria chateada.

— Eu não me arrependo de nada. —diz, me atravessando com aqueles olhos.

Meu estômago pareceu congelar, esquentar e revirar. Segurei um sorrisão daqueles, não queria demonstrar o tanto que eu ia pensar nisso essa noite.

— Amor? —nós ouvimos.

Era a tal da Lyv, ela estava com um blusão de Kehlani, com cara de quem tinha acabado de acordar. Viu? Eu sabia quando Kehlani tinha acabado de transar.

— Annie? —a negra arquea a sobrancelha, tentando entender — Oi.

— Oi! —aceno— Bom, eu estou vendo o quanto...

Alfinetei, murmurando só para que Kehlani ouvisse e fingindo chateação. Ela gaguejou, tentando se explicar;

Se explicar, pra mim? Ela não se explica pra ninguém.

— Você já vai? —quis saber, insegura.

— Sim, já deu minha hora. —sorrio divertida— E me parece que a sua também. Tchau, Lyv!

Lyv acenou da porta, ainda coçando os olhos e raciocinando e Kehlani ficou lá em pé. Olhando o carro em que eu estava se afastar com cara de "não é isso o que você está pensando".

Eu só quero ver no que isso vai dar...

ur best friend ¤ kehlani (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora