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Sccarlet
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O homem que estava junto com a mulher em minha frente, de braços entrelaçados, parece não perceber e nem dar a mínima para o clima ruim e direciona toda a sua para o mafioso ao meu lado, enquanto eu permaneço estática, tentando assimilar tudo.

-Aaron, é ótimo te rever depois de tanto tempo em que não aparece na empresa, um Ballard não tem direito de esquecer suas obrigações_ diz o homem, de certa forma o confrontando, com arrogância.

- Ricky, já esqueceu ou preciso te lembrar que quem é o Don aqui ?_ diz Aaron, colocando a mão no ombro do tal Ricky e dando um forte e disfarçado aperto, assustando o cara_ Preciso te lembrar de como funciona a hierarquia da máfia? Veja bem, lá no topo, temos o Don, o líder, que no caso, sou eu. Em baixo, temos meu conselheiro e subchefe, os únicos que confio cegamente, depois vem os chefes e tenentes e depois os meus soldados_ explica, enquanto meio que tenta mostrar no ar o desenho de uma pirâmide invisível_ e você, é um puto que nem mesmo aparece nessa  pirâmide. E nada dessa porra de hierarquia funcionaria sem um líder ou alguém para tomar as rédeas, se eu não fizesse a merda do meu trabalho direito, se eu ficasse em casa coçando o saco sem fazer nada além de manter os luxos da minha esposa pra ter uma desculpa para manter ela do meu lado, esse casete nem estaria de pé.

Mesmo me atentando a cada palavra dita por Aaron, ainda não conseguia desviar o olhar dela, enquanto ela tentava disfarçar olhando ao redor, mas sempre voltando os olhos para mim e eu ia prestando atenção a cada mínimo movimento dela, tentando cair na real, e me perguntando se realmente era ela.

Eu não sabia como agir, o que fazer ou o que falar, se eu devia falar alguma coisa eu simplesmente esperar alguma reação dela.

Esposa, Aaron se referiu a relação dela com o tal de Ricky como se fossem marido e mulher, então, ela está casada? Não, não deve ser.

O homem a minha frente se desculpou com o Don ao meu lado e logo abraçou  a mulher ao seu lado, a cutucando disfarçadamente, e ela logo entendeu o sinal e tratou de falar alguma coisa, tentando amenizar o esporro que o marido levou.

- E quem é esse moça ?_minha mãe o questiona, se referindo a mim. Talvez, ignorando e fingindo que não sabe quem eu sou , ou talvez buscando uma confirmação, se eu sou quem acha que sou.

Certamente, espero que seja a segunda opção, afinal, depois de fazer tudo o que fez, ela estaria provando quem ela é de verdade, e bem lá no fundo, ainda espero que tudo tenha uma explicação boa, e no fundo, ainda tenho esperanças dela ser a mãe que um dia foi.

Aaron me olhou antes de responder, percebendo que ainda segurava seu braço e com certeza percebeu meu olhar confuso e pensativo.

- Essa é Sccarlet_ diz fingindo me abraçar para sussurrar em meu ouvido_ o que foi? Conhece ela ?_e eu apenas dou um leve aceno com a cabeça.

- Sccalet ? _ ela repete, desacreditada.

E posso ver que o homem também franze as sobrancelhas ao ouvir meu nome, olhando para ela.

- Mas como ? Sccarlet de que ? _ pergunta novamente, e percebo que está começando a irritar Aaron, então numa tentativa de o acalmar, solto minha mão que apertava seu braço e entrelaço nossos dedos, fazendo-o sr acalmar e se distrair com nossas mãos unidas. E finalmente saio do transe em que estava e consigo falar.

- Tenho certeza que ainda sabe meu sobrenome, Ambery. Ou ainda devo te chamar de mamãe?

Assim que a respondo, uma expressão de choque surge tanto em seu rosto, quanto no de Ricky.

THE ENEMY ¹Onde histórias criam vida. Descubra agora