Melhor terminar

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Confesso que foi estranho acordar, me remexer na cama e sentir que Wendell ainda estava ali. Estava tão acostumada a um dos dois acordar antes e ir embora, pelo simples fato de não querer se mostrar vulnerável, que sentir o corpo quente dele ainda grudado no meu mesmo na manhã seguinte fez um sorriso involuntário e sincero brotar nos meus lábios.

Pela primeira vez, ambos tinham dado o braço a torcer e escolhido ficar, mesmo que isso atestasse que, de fato, estávamos envolvidos demais.

Nada que nenhum dos dois já não soubesse desde a primeira noite.

Dei uma espreguiçada longa, encarando o homem que dormia ao meu lado. Wendell estava deitado de bruços, o lençol tapando apenas metade do seu corpo, de forma que eu podia ver suas costas quase inteiras. Era impossível não reparar que elas estavam muito vermelhas e cheias de arranhões.

Mais uma vez, sorri, passando a mão pelo meu pescoço, ciente de que também deveria estar todo marcado.

Sentei na cama, observando com atenção o quarto em volta. Contei, rapidamente, seis garrafas de vinho vazias espalhadas pelo chão. Segurei o riso em pensar o tamanho da conta quando Wendell fosse fazer o checkout.

- Que horas são? - escutei a voz sonolenta e rouca dele perguntar. Olhei de novo para o lado e percebi que ele permanecia deitado de bruços, sem mover um músculo.

- Quase nove - falei, me espreguiçando de novo.

Wendell deu um pulo, sentando na cama, o lençol branco caindo sob suas pernas e deixando seu peito completamente nu.

- Caralho - ele passava a mão pelos cabelos - meu voo para Goiânia é às 10:30h...

- Pega outro - sussurrei no seu ouvido, passando a mão, devagar, em seu peito, mordendo o lóbulo da orelha dele em seguida.

- Não posso... - ele falou, se afastando, mas pude perceber seu olhar cheio de prazer - preciso estar em Goiânia 12:30h... Tenho compromisso...

- Não dá para desmarcar? - perguntei, fazendo beicinho, continuando a passar minha mão pelas suas costas nuas - se for com o Jorge ou com o Mateus, eu mesma ligo e desmarco para você...

- Não... - ele respondeu, se desvencilhando de mim e levantando da cama - meu deus, você me destruiu ontem... - Wendell juntava as roupas do chão, apressado.

- Poderia destruir mais... - falei, ainda deitada, encarando-o.

Percebi que Wendell mordeu o lábio, me comendo com os olhos e dando um sorriso cheio de tesão.

- Você não sabe a quantidade de coisa que eu daria para não ter que ir nesse compromisso e passar a manhã nessa cama com você... Mas esse compromisso em especial eu, por enquanto, não tenho como me livrar - pelo seu tom de voz, percebi que ele estava genuinamente frustrado em ter que ir embora - por enquanto.

Me dando por vencida, levantei da cama, catando dentro da minha mala um shorts de academia e um top.

- Queria fazer cardio de outro jeito... Mas já que você não quer, vou para a academia...

Wendell terminou de vestir a cueca e revirou os olhos, rindo, caminhando até mim e me abraçando por trás.

- Você não vale nada - ele sussurrou no meu ouvido - só não fico porque realmente não tem como... Mas dessa vez eu não vou fazer cu doce. Já quero deixar marcado nosso próximo encontro...

Não contive o sorriso de satisfação, enquanto ele me soltava, não sem antes dar um tapa na minha bunda, caminhando em direção ao banheiro, enquanto eu terminava de me vestir.

Encontro com o passado - MADELLOnde histórias criam vida. Descubra agora