Nunca vai ser um adeus

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Eu tinha plena ciência de que a Maraisa não iria me perdoar tão fácil. Apesar de eu ter tentado consertar as coisas, eu sabia que ela tinha passado maus bocados por minha causa nos últimos meses. Nem por isso deixei de ficar frustrado em ouvir que ela precisava de um tempo.

No elevador, por alguns segundos, eu pude jurar que Maraisa ia me beijar. Eu, por óbvio, estava me segurando, mas jamais desrespeitaria o espaço que ela havia pedido, mesmo que meu corpo estivesse em chamas e implorasse por qualquer mísero contato físico com ela.

Assim que Maraisa fechou a porta na minha cara, visivelmente nervosa, eu percebi que não aguentaria ficar nesse limbo nem mais um minuto. Eu necessitava dizer que entendia que ela precisava de um tempo, mas que essa história de ser pais separados era uma bosta. Que tínhamos sido feitos um para o outro e estaríamos juntos, não importa o que acontecesse.

Eu precisava dizer, de novo, olhando nos olhos dela, que a amava.

Mas, para minha surpresa, assim que eu levantei a mão para bater na porta, ela se abriu, antes mesmo que eu encostasse nela.

Dei de cara com uma Maraisa agitada, mas que abriu um sorriso de prazer ao ver que eu ainda estava ali.

- Eu não sei o que vou querer amanhã - ela disse, após alguns segundos de silêncio, enquanto eu ainda estava perdido nos olhos dela - mas hoje eu sei o que eu quero.

Encarei-a, a expressão curiosa, fingindo que eu não tinha entendido o que ela queria. Mas eu sabia. A respiração descompassada e os seus olhos, brilhando de desejo, entregavam muito bem o motivo dela ter aberto a porta novamente.

Maraisa deu um passo para frente, colocando a mão no meu peito, ficando na ponta do pé para sussurrar no meu ouvido.

- Eu até quero, mas não sei se a minha raiva vai deixar eu transar olhando para você.

- Apaga a luz - devolvi, ciente de que minha respiração já estava ofegante.

Escutei ela dar uma risadinha rouca próximo ao meu ouvido, arrepiando todo meu pescoço.

- Talvez... Se eu apagar a luz e descontar, de alguma forma, a raiva que eu estou de você, quem sabe eu até consiga te perdoar mais fácil...

- Não custa tentar - eu respondi, arfando, tentando manter o controle.

Senti cada centímetro do meu corpo se arrepiar com a proximidade da boca dela com o meu rosto. Apesar de cada terminação nervosa minha desejar aquilo, eu segurei-a pelo braço assim que ela começou a me puxar para dentro do quarto.

- Tem certeza? - perguntei, enquanto ela me lançava um sorriso travesso e continuava me puxando para dentro.

- Não - Maraisa respondeu, fechando a porta atrás de si - eu não tenho certeza de mais nada nessa vida.

Foi ela que me empurrou contra a parede do corredor do quarto, batendo a mão no interruptor da luz antes de  entrelaçar seus dedos nos meus cabelos, roçando os lábios macios na minha nuca, enquanto eu sentia meu coração completamente descompassado.

- Eu odeio você - ela sussurrou, a voz arrastada e rouca, fazendo quase eu explodir de prazer - mas sou obrigada a admitir que você tá um grande gostoso com esse terno.

Eu ri, segurando a Maraisa pelo rosto e fazendo com que ela me olhasse diretamente nos olhos. Mesmo o ambiente estando escuro, iluminado apenas com as luzes da cidade adormecida lá fora, que vinham da janela enorme de vidro no fundo do quarto, eu conseguia enxergar claramente o desejo pulsando nos seus olhos escuros cheios de malícia.

Encontro com o passado - MADELLOnde histórias criam vida. Descubra agora