Eu ainda estava dormindo no sofá quando a campainha tocou. Me espreguicei, sentindo minhas costas doer assim que sentei. Eu estava há dias dormindo na sala, apesar de ter no mínimo uns três quartos vagos na casa. Mas quanto mais longe eu ficasse de onde a Luísa estava, melhor.
Acendi a tela do celular para conferir o horário. Eram dez horas da manhã. Franzi o cenho, levantando, tentando pensar em quem poderia estar ali naquele horário.
A campainha tocou de novo, dessa vez mais impaciente. Apressei o passo, abrindo a porta, a expressão sem esconder o desgosto de ter sido acordado e pela nítida pressa que o visitante inesperado fazia questão de demonstrar. Mas, assim que abri a porta e dei de cara com a visita, minha feição irritada deu lugar à surpresa.
Uma Maraisa visivelmente fervendo de raiva estava na minha frente, os cabelos soltos quase tapando o rosto, um boné na cabeça, claramente tentando passar desapercebida. Assim que me viu, pude jurar que a expressão dela suavizou um pouco, mas, no segundo seguinte, ela me empurrou para o lado, entrando na casa e fechando a porta.
- Que caralho você pensa que é para foder com a minha vida desse jeito? - ela rugiu, me dando um tapa no braço - você tem ideia da merda que você tá me causando? Não basta me enganar, humilhar, engravidar, abandonar, agora você também quer terminar de cagar com a minha cabeça? É isso que você quer?
Eu segurei a Maraisa pelos dois braços, o que fez com que ela se calasse no mesmo instante. Pela primeira vez desde que ela entrara na casa, nos encaramos nos olhos um do outro.
Maraisa estava com os olhos inchados, transbordando ódio de uma forma que eu nunca havia visto na vida. Depois de terminar todo o discurso, pude perceber que algumas lágrimas escapavam e escorriam pelo seu rosto.
Respirei fundo umas duas vezes, a cabeça um turbilhão. Eu ainda não havia processado a presença dela ali quando ela vomitara tudo aquilo em mim. Jurei, por alguns instantes, que eu ainda estava bêbado em razão do porre que eu tomara na noite anterior.
- O que você falou? - perguntei, ainda segurando ela, nós dois parados no hall de entrada da casa.
Maraisa deu uma risada debochada, deixando escapar mais algumas lágrimas, enquanto tentava se desvencilhar dos meus braços, sem sucesso.
- Eu não vim aqui assistir seu teatro - ela falou, ríspida, ainda se debatendo - eu tô cansada de você se fazer de otário. Quer me abandonar? Ótimo, eu me viro sozinha. Você sabe que eu dou um jeito. Agora vazar para o Léo Dias... Que merda de pessoa você se transformou, Wendell?
- Maraisa... - eu comecei, ainda tentando me situar. Quanto mais ela falava, mais confuso eu ficava.
- Eu também não queria isso, tá bom? - ela continuou, perdendo a luta que travara contra as lágrimas - eu não pedi isso. Não esperava nada de você, depois de descobrir que eu era a amante, depois do show de horrores do pedido de casamento, depois de eu te contar que estava grávida e você simplesmente visualizar a mensagem e cagar para mim... Agora vazar para o Léo Dias foi...
- Maraisa! - eu gritei, fazendo com que finalmente ela ficasse em silêncio. Ela me encarou, os olhos marejados, enquanto eu tentava respirar o ar pesado que se instaurara no ambiente, processando aos poucos tudo que ela jogara em cima de mim.
- Grávida? - eu consegui soltar, a voz falhando - Maraisa... Você tá grávida?
Ela revirou os olhos, visivelmente irritada.
- Sério isso? Você vai se fazer de sonso? - ela disse, finalmente conseguindo se livrar dos meus braços. Eu estava completamente em choque, tentando fazer com que meus dois neurônios que estavam funcionando se comunicassem e processassem a informação.
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Encontro com o passado - MADELL
FanficEncarei meu reflexo no espelho de corpo todo em uma das portas do armário, usando só a lingerie. Apesar dos meus seios, pernas e bunda chamarem atenção, tinha algo ali que saltava nos meus olhos. Uma marca que entregava a idiotice que eu havia feito...