CAPITULO 2

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     FengMiam correu os olhos pela terra  queimada e ressequida. Uma terra que ele deixara coberta de grama exuberante, havia poucos meses, a fim de juntar ao exército de Eduardo I.

_  Não quero nenhum prisioneiro!! - comandou, manobrando o cavalo para perto dos corpos que jaziam no pátio.

_  Lady Yu soube lutar com bravura - comentou Nie Mingjue, com admiração _ Deve ter dado um trabalhão aos invasores!

_  Se o Rei nos tivesse dispensado u ma semana mais cedo, teríamos chegado a tempo para ajuda-la! 

      A voz do duque estava rouca, carregada de remorso e tristeza. Palavras amargas subiram-lhe aos lábios, mas ele as refreou, voltando o rosto para o vento cortante e frio. Sob o véu esgarçado da chuva fininha, o pátio oferecia um quadro de morte e desolação pior que a de fora das muralhas.  Os soldados se espalharam em busca ansiosa e sofrida. As vezes reconhecia a própria mulher e gemia, tomando-a nos braços carinhosamente , enquanto o Duque FengMiam contemplava a cena com raiva impotente e feroz.

___  Malditos!!!_ murmurou, entre dentes.

___  Graças a Deus !! _ exclamou Nie Mingjue , emocionado_ A torre principal esta de pé!

   Embora primo do Duque FengMiam, Nie Mingjue , grisalho e rude, possuia uma aparência que desmentia seu sangue nobre. Era homem de guerra, afeito ao sol e as agruras de longas cruzadas. Lutava para viver e vivia para lutar; nunca nenhum homem o vencera num combate corpo a corpo. Contudo, sua mão tremia ligeiramente quando a porta da Torre foi aberta.

   O Duque suspirou.

__ Cuidem que sejam enterrados como cristãos_ falou.

   Cruzando o salão, subiu as escadas, cujas pedras lisas indicavam anos de uso ininterrupto. Os outros não se moveram , respeitando a busca ansiosa do castelão, rumo aos aposentos de sua mulher. Cada um mantinha-se em alerta, as mãos fechadas sobre a empunhadura das espadas, como que que em paz e fugiram. Foirendo travar combate com o odor de morte que se espalhava, insidioso.

     FengMiam respirou fundo e abriu a porta com violência. Sua mulher jazia na cama, tendo ao lado o velho capelão, que rezava.

__  Não entre!! __gritou  ele, derrubando o breviário e erguendo-se da cadeira, num gesto instintivo de defesa. --Não há nada aqui além da morte!

       Antes de perceber que era o castelão, o capelão caiu de joelhos, tomado de pânico. Mas, ao reconhecer seu senhor, soltou um grito selvagem de vitória:

___ Graças ao Santíssimo, que ouviu minhas preces! Sede bem-vindo, meu senhor!

   Mas FengMiam não respondeu, os olhos fixos e esgazeados em sua mulher. Ela tinha feições calmas, embora pudessem ver marcas de privação e sofrimento recentes. Seus olhos negros, profundos e misteriosos, haviam-se cerrado para sempre. Os cabelos longos e sedosos fechavam-se sobre os ombros delicados como véu negro.

     Nunca mais conheceria o refúgio e o conforto de seus braços ternos. Em sua curta vida, Lady Yu igualara-se ao marido em inteligência e coragem. Alta e esguia, dera-lhe felicidade e um par de filhos saudáveis. O Duque deteve os pensamentos, sobressaltado. E seus filhos? Volveu os olhos doridos para o capelão, sem coragem de perguntar.

__ Ela morreu de peste , meu senhor -_ explicou o clérigo, balançando tristemente a cabeça. Quando os escoceses souberam que havia peste aqui, deixaram esta parte do castelo em paz e fugiram. Foi o que salvou muitos dos nossos.

__ As crianças... _ o duque murmurou baixinho, a respiração opressa de medo da verdade.

__ O menino ficou doente, mas esta melhorando. E nossa Wuxiana esta bem. Nós achamos melhor escondê-los, no caso de os escoceses resolverem atacar também esta ala.

Bay Bay, até a próxima...

Honey Of Sin - FinalizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora