44 - O espião

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Dias antes do sequestro de Porsche

                                 No escritório de P'Kan, o clima está pesado. Ele sempre viu Porsche e seus irmãos como sobrinhos. Quando ele induziu a adoção ilegal de Kendra pelos Chang, ele sabia que P'Thorn o apoiaria e que eles enfim, se tornaram família. O homem mais velho se tornaria avô de sua sobrinha, Kendra e de seus filhos, porque ele quer que as crianças vivam juntas e espantem o ódio entre primos que vem sendo alimentado há muitas gerações. E assim foi!

                                  Anakinn e Kimham cresceram longe dele, mas não dos seus filhos e souberam criar uma falsa ideia de ódio mútuo. Kan nunca entendeu porque Kinn começou isso ainda tão jovem e menos ainda porque Vegas aceitou, mas na intimidade, eles sempre foram amigos e agora, adultos e os sobrinhos morando com os Kittsawasd, seu plano de os unir está concluído.

                                   Khun também tinha se afeiçoado aos irmãos, mesmo que eles o evitassem até à morte, mas agora estão mais unidos do que tudo. 

                                   Eles não querem recuperar o que Khorn tem, é o dinheiro sujo de sangue que ele fez crescer. Só que ele, Gun, diferente do irmão, manipulou, para o bem, a mãe de Kinn e também a de Khun, fazendo com que pensassem nos filhos. Quando as duas mulheres morreram, elas não possuíam mais nada em seus nomes para deixar para o homem que as enganou. Protegendo assim seus filhos.

                                 O clima pesado de agora é por causa da preocupação dele com o namorado do sobrinho. Porsche às vezes é impulsivo, como Maverick e eles sabem como o outro dono daquele rosto e audácia terminou, embora nunca terão certeza, já que nunca tiveram prova material de sua passagem.

                                O homem mais velho demorou para registrar o que o jovem falou:

                                — Você o quê? Explique isso direito, Porsche! Não me deixe maluco!

                                — Eu tenho um espião na casa do pai de Kinn e ele tem um aqui. A diferença, tio, é que ele não sabe que sei e nem que tenho alguém lá também.

                                — Como você faz isso e não me conta? Não confia em mim?

                                Porsche se levantou da poltrona, contornou a mesa e abraçou o tio. Ele ama esse homem como ama o avô e amou seus dois pais, figuras masculinas que deram para ele a estabilidade moral e ética que possui e lhe ensinou o respeito à família. Exatamente por isso se sente culpado por ter segurado tanto a informação que despejou no homem que o olha confuso.

                               — É por confiar que estou lhe contando. P'Chan é meu homem lá. E vamos precisar do senhor e dos seus homens. Ele me contou que o louco de seu irmão vai sequestrar Kinn, prendê-lo e casar ele à força, ainda no cativeiro.

                                — Enlouqueceu de vez agora! — Kan se soltou dos braços do sobrinho, irado. Seu Phi, que ele tanto admirou e amou e que até agora ainda esperava se regenerar, agora ensandeceu de vez e precisa ser parado. — "Ele não vai tocar em Kinn. Não mesmo!"

                               — O que você vai fazer?

                              — Bem. P'Chan disse que vai precisar de alguns homens para essa ação e como não temos tempo para fazer nada efetivo, temos que enganá-lo e de quebra tirar o poder de vigilância deles.

                                — Você vai deixar ele agir e levar o Kinn?

                                — Nunca. Vou deixar ele me levar e vou simular minha morte.

                                — Como vai fazer isso? — O tom desesperado mostra como o homem se sente em relação ao mais jovem.

                               — Um show pirotécnico assassino, tio. Vou matar os homens dele no esconderijo.

                               — É necessário?

                              — Sim. Ou me livro deles ou eles me descobrem vivo depois. Eu não vou enganar os meus irmãos, tio. Vou contar antes. — Porsche tenta minimizar as dores. 

                             — Não vai. Vamos enganar nos primeiros dias do culto fúnebre. Depois contamos. Todos precisam ter um luto sincero. — Para o tio eliminar riscos é o melhor a se fazer. Uma vez seguros, a verdade pode ser contada sem acúmulo de dor e perdas.

                                — Será, tio? Pensando melhor, é mais seguro assim.

                                 — P'Chan é confiável? — O medo de perder o sobrinho é real.

                                 — Sim. Foi ele quem resgatou Valerie essa semana. Mas dói saber que a família vai sofrer.

                                 — Faremos um velório curto, filho. Temos que enganar aquele monstro.

                                 — Tio, P'Chan vai levar as provas da traição de alguns dos homens de confiança, os que estão vigiando nossa casa. Uma vez tendo enganado o velho, vamos simular meu sequestro.

                                     — O quê? Vai simular um sequestro dentro do outro? Isso parece cinema, tem certeza que vai dar certo?

                                     — Eu e alguns seguranças vamos ser capturados e eles me protegerão. Já providenciei tudo.

                                      — Para isso você teria que ter acesso ao esconderijo.

                                    —  E temos, olhe isso Ele me trouxe o vídeo do espaço preparado. Já remanejamos os seguranças que estarão comigo.

                                  Porsche abre sobre a mesa o mapa que ele criou a partir dos vídeos que P'Chan trouxe.

                                  P'Kan gosta do plano agora. É viável. E a rota de fuga é segura porque o porto é de uso comum. Tem diversas formas de alguém fugir sem ser reconhecido. E há suas docas ali. Porsche só precisa alcançá-las. Talvez uma operação como o cavalo de Troia realmente funcione.

O dia da explosão

                                 Porsche está nervoso. A câmera gravando-o de hora em hora dá a ele a exata ideia de perigo. Fingiu dormir depois que Khorn mandou drogá-los e seus homens também. A comida foi era segura e a água também. P'Chan é o responsável por isso.

                               Desde o momento em que foram capturados os homens com Porsche estão alertas. Tem que proteger a si mesmos e o chefe com os dispositivos eletrônicos acoplados às suas roupas e acessórios, afinal assim que foram levados, seus materiais foram retirados deles e destruídos.

                               P'Chan só conseguiu armá-los quando os seus homens de confiança vieram para a substituição, algumas horas depois. Porsche e seus homens saíram livremente, no lugar dos capangas de Khorn e só depois, quando houve a segunda substituição, que a explosão aconteceu. Os homens nem mesmo souberam que os prisioneiros tinham escapado. Até a gravação que o monstro recebeu era programada.

                               Minutos antes da explosão, os homens de confiança de Porsche simularam uma reação, caso a câmera pegasse algo, ficaria registrado que a explosão foi programada pelos homens de Khorn. O carro que os esperava fora, os recebeu e P'Chan, seus homens e os de Porsche, abandonaram o cena antes que os novos vigias de Khorn entrasse no armazém.

                              Porsche assistiu a explosão do armazém do tio, comendo sua primeira refeição decente em horas e rindo da cara de Kan, que conversava com P'Chan, relembrando histórias de quando o jovem tinha chegado à família Theerapanyakul.

O murmúrio das Sombras     #KimChay   #KinnPorscheOnde histórias criam vida. Descubra agora