Não, não é só de felicidade que se vive. Vive-se de realidade, nua e crua, com todos os seus solavancos e prejuízos. E para Kan Theerapanyakul, estar ciente de tudo o que foi apurado sobre Khorn e vê-lo, através de seus advogados, tentar fugir da responsabilidade, foi terrível. A esposa esteve ao seu lado, silenciosa, sendo o ombro necessário nessa jornada.
Não conseguiu. Na verdade, foi levado a julgamento e nenhum de seus filhos foi assistir. Só seu irmão, Kan Theerapanyakul, comparece todos os dias e assiste calado, ouvindo as acusações se multiplicarem uma a uma à sua frente.
Kan Theerapanyakul
Depois desses meses todos de investigação estamos cansados. Por anos vivemos à sombra das maldades de meu irmão. Procurei defender minhas cunhadas e meus sobrinhos. Perdi minha esposa para a violência de alguém que sempre amei.
Não sei quando meu irmão deixou de ser bom e seguiu os passos de nosso pai. Na verdade, nem sei se ele realmente mudou, talvez nunca tenha sido bom. Olhando para trás penso que apenas me iludi, acreditando em uma vida feliz para justificar minha infância amarga. Na minha memória P'Khorn me defendia de nosso pai, me protegia do assédio na escola e me amava. Confesso que em nome desse amor relevei muito de seus atos. Nenhum que acreditei ser realmente criminoso.
Comecei a ver meu Phi como como alguém perigoso quando Tankhun nasceu. Por alguns anos a mãe de meu sobrinho acreditou que P'Khorn mudaria e, confesso, eu também acreditei. Então minha outra cunhada regressou para o país e trouxe consigo consigo a fortuna que herdou da mãe. Meu irmão se separou da mãe do meu pequeno Khun e casou-se com a irmã dela.
Nos primeiros anos minha nova cunhada ficou feliz, mesmo deixando as irmãs de lado. Então os gêmeos nasceram e o inferno da mãe deles começou. O pai rejeitou a menina e todos que conhecem nossa história, sabe que até tentou matá-la. Como tentou anos depois matar Khun e acabou matando minha amada esposa...
Não é por isso que estou acompanhando o julgamento dele. Embora o promotor tenha levado horas contando cada uma dessas histórias. Para a Justiça tudo o que vivemos são provas processuais, para cada um de nós são as piores histórias de nossas vidas.
Ver meu menino Porsche, khun Thorn e minha doce Vand sentados como testemunhas me magoa, não porque eles estão aqui para condenar o homem que amei minha vida toda. Fico magoado por lembrar de cada atentado que o amigo Thorn sofreu; dos sequestros de Porsche; do sequestro de minha linda Kendra Valerie e do pequeno Kao. Pior de tudo: a morte absurda de meu menino Maverick.
Falando nele, como Maverick foi útil a esse processo. Uma das frases que conhecia de séries investigativas passaram a fazer sentido para mim durante esses dias de julgamento: "Um morto fala". Seu trabalho investigativo foi muito elogiado. Assim como suas duas tatuagens serviram para provar as maldades desse monstro que sorriu quando o corpo de nosso menino surgiu na tela. Vê-lo sorrir da dor de uma família que protegeu seus filhos. Dor que ele causou ao arrebatar um jovem promissor de sua família e dar cabo de sua existência.
Saber que Maverick, para proteger a sua família, manteve-se calado, trabalhando junto à Policia internacional, sofrendo todas as pressões possíveis e impossíveis que se poderia imaginar foi com certeza o que mais me adoeceu. Meu menino precisava de ajuda e eu estava cego às suas necessidades.
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O murmúrio das Sombras #KimChay #KinnPorsche
Fanfiction🌿Concluída🌿 Nesse universo alternativo os Theerapanyakul vivem uma realidade muito diferente e complexa. Kim ainda é um músico. Chay é um artista plástico jovem, apaixonado por música. Diferentes, mesmo que circulem pelo mesmo espaço, o encontro...