Capítulo 11 - Gucci, nem cão, nem bolsa...

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                       Kinn despertou com uma luz indireta invadindo o dossel negro e dourado em um quarto estranho.  As paredes grandes e brancas, cobertas  com cortinas escuras, a iluminação vindo de fora, de uma janela balcão enorme e a única parte do quarto com cortinas claras, mas com as mesmas barras douradas das negras. A cama em si já era um espetáculo e ele ainda estava acordando, tentando entender como fora parar naquele lugar. 

                      Aos poucos seus olhos foram se acostumando com o espaço e ele percebeu que não era seu quarto e que seu corpo doía, desconfortável. Virou-se na cama lembrando do que houve durante a noite e teve receio do que viria a seguir.

                      A lembrança mais nítida depois do prazer era que ele estava namorando um homem e pior, era seu chefe. Abriu de vez os olhos, mas quando ia levantar da cama, uma cabecinha cheia de cabelos negros subiu e o abraçou.

                     — Bom dia, papai.

                     Kinn gelou embaixo do lençol. A criança se ergueu para beijá-lo e percebeu o erro.

                     — Oh. Você não é o papai.

                      — Não se assuste... — Kinn tentou imprimir à voz um tom que deixasse a criança tranquila. A mesma voz que fazia para acalmar os pesadelos do pequeno Kim, anos atrás.

                   — Você é um anjo da guarda! Você escondeu as asas ou elas estão aí? Deixa eu ver.

                    O menino tentou erguer as cobertas. Kinn segurou forte os lençóis sobre si.

                     — Oi, Principezinho. Pode guardar segredo?

                     A criança parou.

                    — Segredo secreto?

                   — Sim. Secretíssimo.

                   — Posso! Posso! Posso.

                 Kinn ergueu o dedo mindinho, ainda sem soltar os lençóis. O menino abraçou com o seu próprio mindinho e com o polegar direito dobrado sobre os lábios inocentes, declarou:

                 — Segredo nosso. Do anjo e do Gucci. Não posso contar. Não posso contar. Não posso contar.

                  — Qual é o seu segredo, Anjo?

                  — Se alguém olhar minhas asas, eu desapareço para sempre. Por isso ninguém pode olhar para elas. Ouviu bem?

                  — Ouvi. Então elas não se escondem. Como você faz para escondê-las? Hum... Tenho que tirar você daqui sem papai ver!

                 Kinn gelou. O pequeno entendia de segredo! O que fazer?

                — Devagar. Espere, Gucci. Vamos conversar.

               — Pode me falar de quem você é anjo da guarda?

               — Gucci! Você está aqui? — Porsche surgiu no quarto sem que Gucci ou Kinn visse de onde viera.

               — Hi. Papai vai descobrir que você caiu aqui.

              — Gucci, seu pai sabe...

              — Sei o quê?

             — Que ele é um anjo da guarda e que está com a asa ferida.

O murmúrio das Sombras     #KimChay   #KinnPorscheOnde histórias criam vida. Descubra agora