Sam on
Jason não parece muito feliz. Não parecia quando teve que ligar para alguém falando que havia um problema, não parecia mais ainda quando teve que me ajudar a mancar até o Batmóvel parado em um beco perto da minha casa, parte porque ele queria ter me carregado até lá, e não parecia muito feliz quando uma voz feminina no carro explodiu com ele até perceber que eu estava sentado lá dentro também.
O carro pegou curvas para lugares que eu não conheço e agora se aproxima de uma cachoeira. Quero perguntar para Jason o que caralhos está acontecendo, mas ele não parece querer ter essa conversa e muito menos querer me explicar para onde ele está me levando, mas posso deduzir que é para algum lugar relacionado ao Batman. Queria poder conseguir conversar com Jason mas sinto que se ele explodir comigo, eu irei explodir com ele porque estou sentado em um carro indo para um lugar que eu não conheço com uma bala na minha perna e uma dor inexplicável por todo o meu corpo. Como eu vim parar nessa loucura?!
O carro entra na cachoeira, andando no escuro por um tempo até entrar em uma caverna, parando no centro da mesma. A escotilha abre e Jason sai primeiro, me ajudando a sair. Posso ver milhares de plataformas no local, que se adaptam a caverna. Na principal, abaixo de onde o carro parou, existe uma escadinha que leva há outra plataforma com vários computadores que formam um gigante, em outras tem vários carros, equipamentos, uniformes e eu imagino que alguns suvenirs de missões espalhados. Não existe outros barulhos além dos computadores e de alguns morcegos, que ficam voando por todo o local. A caverna é gelida e depressiva, o que me dá a impressão de que eu já saiba quem é o dono dela.
— Jason, você está ficando louco?! — Ouço uma voz soar pela caverna, e o eco faz a voz parecer mil vezes pior, mais forte.
Jason não responde, passando o braço pela minha cintura e jogando meu braço por cima de seu ombro, praticamente me carregando até outra plataforma, onde tem uma mesa que eu imagino que seja para cuidados médicos. Jason me ajuda a sentar lá em cima e começa a pegar itens médicos, como gazes e agulha para a sutura.
— Jason, você está me ouvindo? O que deu em você? — a voz soa de novo pela caverna, e depois de olhar rapidamente a procura do dono, olho para Jason, ele está tentando ao máximo se manter calmo, mas a gota de água para ele vem ao tentar abrir uma embalagem de gaze, rasgando a mesma e quase a jogando longe. Suas mãos estão trêmulas e ele mal consegue respirar, ele se apoia na mesa, colocando os braços um de cada lado dos meus joelhos. Meu coração se aperta.
— Jay… — sussurro, encostando em seu rosto e o puxando para olhar para mim. Seus olhos tem lágrimas e eu não sei dizer se são de preocupação ou de raiva. — Tudo bem. Está tudo bem. Eu estou bem. — ele respira fundo, percebo que ele começa a se acalmar. Seu corpo está tremendo, e se não fosse por todos os meus machucados, eu o abraçaria e só soltaria quando sentisse que ele realmente estava bem.
— Desculpe… — Jason sussurra para mim.
— Jason. — A voz chama mais uma vez e ele suspira pela quinta vez em um minuto, começando a cuidar dos meus machucados.
— Barbara Kean. — ele diz.
— O que tem…? — Vejo uma figura sair da sombra e então a reconheço quase como de imediato. Batman.
— Ela está de volta. — Jason começa a cuidar do meu machucado de bala. — Isso vai doer. — ele sussura para mim e então, sem esperar uma resposta, vai com uma pinça e puxa a bala da minha perna. Urro de dor, Jason franze o cenho com o barulho mas Batman não se abala, apenas me olha com tédio.
— Você acha que ela está envolvida com as fábricas?
— Acho. — Jason começa a limpar o machucado. — Sam trabalha na boate que estamos de olho. Hoje, Barbara Kean mandou alguém atrás dele para acabar com ele. Ela estava na boate hoje, Sam ouviu algo.
Batman se vira para mim, e eu me sinto intimidado. Seus olhos negros estão virados para mim, ele me encara de modo gelido, como se eu não fosse nada mais que uma possível fonte.
— Ele não vai falar nada. Não agora. — Jason não tira os olhos do curativo que está fazendo. — Ele precisa descansar, e eu quero que ele descanse agora. Peça para o Alfred arrumar um quarto para o Sam, ele vai ficar aqui.
Tenho certeza que ele está ficando louco por estar falando essas coisas, e ainda mais por estar dando ordens ao Batman, e o morcego também parece estar achando isso uma loucura pelo jeito encara Jason. É um pouco difícil distinguir expressões faciais com a máscara, mas levando em consideração que é o Batman, posso supor que ele está bravo.
— Jason.
— Eu não vou deixar ele voltar. — Jason se vira para o morcego. — Eu te explico tudo depois, Bruce, só faça o que eu estou te pedindo. Por favor. — Jason volta a limpar meu machucado.
Batman não questiona mais nada, me olhando por um segundo, analisando o que eu era e porquê Jason estava agindo daquela forma em relação a mim, e logo dando vários passos para longe dali, subindo as escadas e saindo da caverna.
— Você ficou louco? — pergunto para Jason.
— Acho que sim. — ele dá um sorriso fraco. — Ele não é tão assustador assim, se você quer saber.
— Para mim, ele é aterrorizante.
— Você não teve chance de conviver com ele para saber. — Jason me olha. Tenho certeza que tenho um olho ficando roxo. — Me desculpa…
— Não é culpa sua.
— É sim. Eu deveria estar lá.
— Como você estaria?
— Eu não deveria ter aparecido na sua casa um mês atrás.
— Já faz um mês?
— Hoje faz um mês. — Ele sorri. — Desculpa.
— Não. — forço uma cara zangada, quando tudo que eu quero fazer é sorrir. — Você não tem culpa, não tem pelo que se desculpar.
Ele suspira, cansado. Então ouço uma porta se abrir ao longe.
— Master Jason, o quarto do nosso novo convidado estará pronto em breve. Devo preparar algo para que vocês possam comer?
— Você está com fome?
— Não.
— Não, Alfred, obrigado. — Jason grita.
— Tudo bem, Master Jason, volto assim que o quarto estiver pronto. — ouço a porta se fechar.
— Master Jason? — Pergunto com um sorriso.
— Você não pode me zoar por isso.
— Não me canso de descobrir coisas novas sobre você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
When It Breaks || Jason Todd
FanfictionSam Allen acabou de se mudar para Gotham, e entre o trabalho exaustivo como garçom de uma boate e lidar com os problemas Gotham trás para seus moradores, ele conhece a emblemática figura do Capuz Vermelho, que começa a ir até ele sempre que está fer...