Sam on
Eu tive que dizer adeus para um Jason aflito antes que eu subisse na moto de Dick. Ele queria me levar até a boate, mas Bruce achou melhor não, ele estava com medo de que Jay colocasse o plano em risco.
— Fique a salvo, uhm?! — Jason beijou meus dedos. Eu conseguia ver o medo nascendo nos olhos dele. Eu sei que se ele pudesse ir no meu lugar, ele iria.
— Eu vou ficar bem, Jay. — eu segurei o seu rosto, deixando um beijo em seus lábios. Ele já estava vestido com o seu traje, apenas sem a máscara. Eu não queria ter que ir, meu corpo tremia completamente e a única coisa que me mantinha em pé era o toque de Jason. Beijei ele novamente, sentindo a maciez de seus lábios e seu gosto. Eu não podia deixar que ele soubesse o quão aterrorizado eu estava.
— Volte para mim. — Jason sussurrou quando Bruce disse que era a hora. Ele segurou meu rosto com as duas mãos. — Por favor, volte para mim.
— Eu vou voltar. — eu disse tentando o acalmar. Ele me abraçou, afundando sua cabeça no meu pescoço. Retribuí o abraço, o apertando contra o meu corpo o máximo que pudia.
Quando me soltei e subi na moto, já queria voltar.
Dick me deixou na porta da boate com uma feição não muito melhor do que a de Jason.
— Se cuida, ok?! — Ele me apertou em um abraço. Agradeci e disse que ia ficar bem, e então entrei na boate.
Fui praticamente sequestrado para chegar aqui. Quando entrei na boate e colocaram um saco preto em minha cabeça e me arrastaram até aqui. Tomaram o meu celular na entrada e depois fui revistado. Não preciso dizer como isso me assusta, e por mais que eu tenha fé em Barbara e seus super poderes digitais, não posso deixar de duvidar se ela ainda vai conseguir me achar.
Repasso o plano na minha cabeça. Bruce me explicou mil vezes para ter certeza que eu não iria me esquecer ou me perder. Devo abrir uma porta em um laboratório, e quando a equipe for pegar o que for lá dentro, todos estarão apostos. Barbara vai dar a minha localização e assim Bruce, Damian, e Jason virão prender quem falta.
Saio do corredor e entro em um enorme salão lotado de computadores e telas. A única iluminação provém desses equipamentos, o que torna todo o ambiente triplamente macabro. O lugar é frio de um modo sobrenatural, como se você se sentasse em uma geladeira para um chá da tarde. Todos os computadores parecem estar em uma estática estranha que lança uma luz azul por todo o ambiente.
— Meu garoto! — Pinguim vem até mim com os braços estendidos. Ele parece ainda mais assustador a pouca luz. Balanço a cabeça tentando não deixar que ele veja o meu medo. — Vem, vem! O que você precisar, nós temos. — Ele me dirige até o computador principal.
Me sento e respiro fundo. Não vou estragar isso, é só uma porta idiota.c
Começo a mexer no computador, entrando em um sistema inicial que dá acesso a uma base de dados. Pulo para outro sistema de rede menos complicado, sem me importar com o disfarce de sinal, deixando de modo bem porco minhas passagens por cada lugar.
Tenho que entrar no sistema da Bio Sink, um laboratório de biologia (obviamente) que faz experimentos orgânicos, algo sobre aperfeiçoamento genético de plantas ou algo parecido. Biologia nunca foi a minha área de estudo preferida.
Continuo pulando de sistema em sistema até que consigo entrar no sistema do laboratório. Sem muita dificuldade, consigo acessar os databases e o sistema de operações propriamente dito. Várias pastas aparecem na tela, nomes de experimentos que eu não faço ideia do que sejam. Alguns intitulados com nomes próprios e óbvios, e outros apenas como xx e algum número. Entro no sistema de segurança e as câmeras do lugar aparecem na tela, vários corredores brancos saltam e tiram o tom monótono de azul da sala. As salas trancadas e janelas de vidro voltadas ao corredor chamam a minha atenção. Por que experimentos com plantas precisam de janelas de vidro?!
Nenhuma sala apresenta uma câmera interna, o que aumenta ainda mais minha curiosidade. Tudo está assustadoramente quieto no local. Não vejo um guarda sequer rodando por ali.
— Qual é a sala que eu devo abrir?! — pergunto.
— Sala 1003. — o Pinguim responde.
Mexo nas câmeras até que me mostrem o corredor da sala, que não destoa das outras. Sua porta apresenta uma coloração um pouco avermelhada, mas apenas isso de diferente. Nada de guardas.
Autorizo a abertura da porta, que inicialmente range e arranha até que vejo a porta se abrir, dentro da sala, consigo avistar uma espécie de raiz que escapa por uma pequena fresta de uma caixa de vidro. Uma raiz avermelhada. Quando tento focar minha visão melhor, vejo pontas de armas entrando no enquadramento da câmera, e então os sistemas de câmeras se desligam.
Aperto alguns botões tentando fazer com que se religuem, mas nada adianta. Me paro assim que ouço uma risada tenebrosa que congela a minha espinha. Me sinto completamente imóvel em frente ao computador enquanto passos ritmados soam pela sala. Um barulho de bengala acentua os passos enquanto a risada se aproxima, e a única coisa que parece me deixar pior é o fato de que eu conheço essa risada. Eu sei quem é o dono dela, mesmo que nunca tenha visto o rosto por trás.
— Eu tenho que te dizer que eu não esperava tanto de você. — A voz soa como um arranhado de unhas afiadas em um quadro de giz. Esganiçada e alta. Eu tenho medo de me virar para confirmar o dono dela, de ver quem é o rosto que as vezes me assombra. — Mas é claro que eu estava errado.
Me viro lentamente, vendo parado apoiado em uma bengala a figura que, nem em anos de delírio, eu poderia ter imaginado. Ele é pálido, não de um jeito de quem não pega sol a muito tempo, ele é terrivelmente branco, como uma folha de papel. Ele usa um terno roxo escandaloso, seu cabelo é verde e o rosto apresenta cicatrizes horripilantes que saem da boca. Seguro um pouco mais firme na cadeira.
— O que foi?! Não sou tão bonito igual o passarinho?! — ele finge desapontamento. Ele sabe de Jason?! Como poderia?! Olho ao redor a procura de Pinguim, como se procurasse por um apoio, mas tudo que vejo é o mesmo colocando uma máscara de gás.
— Desculpe, rapaz… — ele diz e eu realmente posso sentir o pesar em sua voz. Quando volto a olhar para a figura em minha frente, ele também tem uma máscara de gás no rosto, e um cilindro metálico pendendo de sua mão. O barulho que causa quando o objeto atinge o chão é tão alto que parece não existe ninguém no lugar.
O medo toma conta de mim, não como antes, mas de um jeito que precede uma situação ruim, exatamente como um raio precede um trovão. Em uma tentativa falha, eu me levanto da cadeira, logo sendo acertado no rosto pela bengala da figura. Caio de joelhos no chão sentindo a dor estourar no meu maxilar. Tento alcançar minha cadeira para me levantar, mas outra pancada da bengala me atinge.
— Não não. Você não pode sair agora, a festa vai começar. — Ele diz e então começo a ver uma fumaça saindo do cilindro metálico. — Vamos nos divertir tanto!
Sinto meus pulmões se apertarem dentro do peito e minha boca seca. Minha garganta tranca e parece que se recusa a deixar com que qualquer ar desça por ela. A voz do que parece ser o homem soa distante agora, ele está rindo, e rindo alto, de maneira estourada. O mundo a minha volta começa a perder o foco, e cada vez mais tudo parece escurecer.
— J-Jay — é tudo que consigo sussurrar antes que o ar dos meus pulmões se esgotem e meus olhos se fechem.
Sam off
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When It Breaks || Jason Todd
FanfictionSam Allen acabou de se mudar para Gotham, e entre o trabalho exaustivo como garçom de uma boate e lidar com os problemas Gotham trás para seus moradores, ele conhece a emblemática figura do Capuz Vermelho, que começa a ir até ele sempre que está fer...