Sam on
Me arrasto pelo apartamento.
Meu uniforme está sujo de sangue seco dos meus machucados, que eu achava que não eram tão fundos até sair da boate e mancar por todo o caminho até aqui. A maior parte deles foi feita pelos cacos que caíram sobre mim, tanto do espelho quanto dos copos que quebraram, mas um em especial está mais fundo e sangrando mais, ele está localizado na minha perna e me atrasou para chegar em casa, o que fez com que meus machucados sangrassem ao ponto de sujar minha camisa social branca até parecer que é tingida. Tranco a porta e jogo minhas chaves no sofá. Meu rosto arde graças a um corte acima da sobrancelha. Vou até o banheiro, tirando a roupa e começando a tomar um banho. Meu corpo todo estremece quando a água passa pelos machucados. Não são muitos, mas ainda doem como se fossem. Saio do banheiro e coloco uma camiseta longa e uma calça larga.
Me arrasto até a cozinha, porcurando algum analgésico. O sol já está nascendo lá fora, então deve estar amanhecendo, por volta das seis da manhã.
— Por que você estava lá? — ouço a voz abafada soar por toda a cozinha.
— Agora não... — digo pegando o frasco de remédio e um copo de água. Me viro e ali está Jason, no traje de Capuz Vermelho, o capacete reluzindo.
Jason tirou o capacete e pude ver sua expressão cansada. O mesmo coloca o capacete sobre o sofá e caminha até a cozinha. Suspiro. Os cortes ainda ardem, e sinto que vão começar a inchar.
— Por que você estava lá? — Ele me pergunta mais uma vez.
— Jason, é meu trabalho. — sento no balcão. — Eu sigo ordens.
— Você sabe o que é aquele buraco? — Jason se aproxima de mim, abrindo o frasco de remédio e colocando um comprimido na minha mão. Suspiro mais uma vez. Eu nunca tive interesse em descobrir porque nunca achei que fosse estar lá. Jason parece perceber que eu não faço a menor ideia e suspira. — É uma sala de negociações. Aqueles mafiosos... Eles negociam entre si tudo que precisam. Eu... Eu tenho uma ideia do que estão negociando agora, e não é bom. — ele me olha. Os olhos azuis suplicantes. — Você está em perigo ficando lá embaixo.
Desvio o olhar, tomando o comprimido. O que eu deveria fazer? Largar meu emprego?
— Jason… eu sigo ordens do meu chefe. — olho para o chão da cozinha. — Eu preciso do dinheiro. Preciso trabalhar para me manter. Eu sinto muito, mas o risco é uma coisa que eu tenho que passar.
Ouço um suspiro e alguns passos. Sinto que deveria falar algo mais, mas não sei o que. Eu sei que não é uma boa ideia continuar trabalhando na boate e sei que é perigoso, mas em Gotham, o que não é?! Terei que voltar quando anoitecer e terei que fazer o que me mandam, porque esse é o meu trabalho. Os passos se aproximam de mim novamente e eu não olho. Jason não deve ter a melhor expressão no rosto, e por mais que eu conheça ele a pouco tempo, não quero ver.
Sinto a mão de Jason no meu queixo e logo estou olhando para ele. Seus olhos azuis me encarando com uma expressão que não sei descifrar, mas tenho certeza que não é raiva, nem decepção. Ele força um sorriso e percebo que ele tirou suas luvas, e agora segura um algodão molhado.
— Pode infeccionar… — ele diz passando o algodão suavemente sobre o corte no meu rosto. Sinto o local arder, graças ao remédio. — Sempre odeio essa parte. Arde muito, mas não dá para se acostumar.
Sorrio e ele também, só que agora não sendo forçado. Ele faz um curativo no machucado da minha testa, e começa a fazer um no meu braço. Ele é paciente e cuidadoso com cada curativo que faz, e toda vez que eu estremeço, Jason se desculpa.
— Não queria que você voltasse para lá. — Ele sussurra, agora fazendo o curativo na minha perna, o último que faltava.
— É meu trabalho.
— Eu sei. — Ele enfaixa.
— Onde você esteve nessa última semana?
— Trabalhando. — Ele diz, terminando o curativo. — Uma missão.
— Ligada com os mafiosos que estavam lá hoje?
— Isso. — ele balança a cabeça e esboça um sorriso. — Sentiu minha falta?
— Não exatamente. — faço uma pausa, considerando se eu deveria ou não falar o que me vem a cabeça. — Fiquei preocupado. Você não é exatamente a pessoa que pode sumir sem avisar o porquê.
Ele coça a nuca, um pouco culpado.
— Não achei que fosse uma boa ideia continuar aparecendo aqui. — eu o encaro, com ironia no olhar. — Eu sei, eu sei. Mas achei que se eu parasse de vir aqui, você ia ficar seguro. Não iam ter ligado você a mim e você estaria protegido.
— Entendo. — seguro em sua mão. — Mas você deveria ter...
Sou interrompido por batidas na porta. Jason olha para a porta e para mim, reparando na minha expressão confusa. Nós dois vamos até a sala, Jason colocando seu capacete e pegando uma de suas armas enquanto eu vou até a porta. Abro lentamente a porta.
— Você sabe como eu fiquei preocupado? — A voz de Barry enche meu apartamento assim que abro uma brecha da porta. Ele está parado no corredor com seu traje vermelho de Flash, como se não fosse nada. — Você não respondeu minhas mensagens, não atendeu minhas ligações, eu estava entrando em pânico! — Travo por um segundo. — O que foi?
Eu abro a boca para responder mas em um segundo Barry está dentro do meu apartamento, encarando Jason. Travo olhando para os dois. Jason continua segurando sua arma, só que agora apontada para Barry.
— O que...? — Jason diz, sua voz abafada pelo capacete.
— Capuz Vermelho... Uhm... — Eu fecho a porta e olho para Barry. — Flash esse...
— O que você está fazendo aqui? — Barry pergunta.
— Posso te fazer a mesma pergunta.
Tento respirar fundo mas meu cérebro não parece assimilar.
— Sam, o que... — Barry começa, mas para assim que me olha. Devo estar com a pior expressão do mundo, porque a feição de Barry está horrível. Minha visão começa a ficar turva e eu paro de tentar entender a situação para tentar ficar em pé.
— Sam? — Jason deixa a arma de lado e caminha rápido até mim. — São os machucados?!
Balanço a cabeça, me apoiando no braço estendido de Jason, que me guia até o sofá.
— Que machucados? — Barry pergunta, puxando sua máscara para trás e revelando seu rosto. — Então a invasão na boate realmente aconteceu?
— Você pode calar a boca por um segundo? — Ouço Jason perguntar antes que meus olhos se fechem.
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When It Breaks || Jason Todd
FanfictionSam Allen acabou de se mudar para Gotham, e entre o trabalho exaustivo como garçom de uma boate e lidar com os problemas Gotham trás para seus moradores, ele conhece a emblemática figura do Capuz Vermelho, que começa a ir até ele sempre que está fer...