nineteen

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Sam on

— Master Jason? O café da manhã será servido em dez minutos, e se o senhor se sentir disposto, seria ótimo ter sua presença. — Abro os olhos assustado. Jason mal se mexe.

— Tudo bem, Alfred. — Ele grita, me abraçando um pouco mais, amassando o rosto contra meu peito.

— Senhor Allen? Também seria agradável ter sua presença a mesa. — Jason sorri de canto com a fala de Alfred.

— T-tudo bem, Alfred. Estaremos lá. — Respondo, logo ouvindo os passos caminhando para longe. — Como ele sabe?

— Alfred? Ele sempre sabe de tudo.

Olho para Jason, que parece lutar ao máximo para não ter que acordar. Passamos o que sobrou da madrugada conversando sobre besteiras aleatórias até que dormimos. Jason me contou que está ficando na mansão até que o caso se resolva e assim que acabar, ele voltará para seu apartamento. Também me contou que só aceitou ficar porque todos insistiram para isso, e que não seria o único que não morava lá a ficar, como Dick, que também possuía um apartamento longe dali mas estaria ficando pela missão. Aparentemente, o quarto de todos eles eram no mesmo corredor, cortesia de Alfred que não quis deixá-los separados.

— Temos que descer. — disse, ainda encarando Jason. O cabelo bagunçado e mecha branca que tanto me chama atenção estão perfeitamente misturados, seu rosto pálido em contraste com a minha blusa escura, as bochechas encostadas no meu peito, seus braços enormes ao meu redor. Ele é lindo e não consigo evitar pensar nisso, ele não está se esforçando para isso, mas ainda sim é.

— Por que? — Jason abre os olhos para me olhar. — Alfred sempre separou uma parte do café para mim. Não quero ter que tomar café da manhã com todos aqueles olhos em cima de mim.

— Aposto que não vai ser tão ruim assim. — começo a mexer no cabelo dele. — Vou estar lá com você.

Jason me analisa um pouco, seus olhos ainda pesados por ter acabado de acordar, e o rosto um pouco amassado. Ele suspira. Continuo mexendo em seu cabelo, mas estou mais bagunçando do que qualquer outra coisa, brinco um pouco com a mecha branca que, se não fosse pela tonalidade, não se faria diferente de todo o resto do cabelo fofinho. Ele deita novamente o rosto em meu peito, me apertando um pouco. Sinto um calor subir pelo meu rosto e tenho certeza que devo estar começando a ficar vermelho. A proximidade que temos é natural, e não parece estranho, tanto para mim quanto para Jason, estarmos nessa posição, abraçados depois de uma madrugada de sono.

— Você vai ficar lá comigo?

— Para onde eu iria? — pergunto.

— Tudo bem… — Ele diz incerto, me soltando. Sinto automaticamente falta de seus braços ao meu redor. Ele se senta e esfrega o rosto com as mãos, me olhando mais uma vez, vejo uma dúvida se formar em seu rosto antes que ele levante e vá até o banheiro.

[…]

Descemos as escadas correndo e rindo um do outro, fazendo barulho na ambiente totalmente silencioso.

Jason estava muito quieto, então tive que apostar corrida até o hall. Não preciso falar que perdi. Começo a correr para a sala de café da manhã e só percebo que talvez não seja uma boa idéia quando eu tropeço para dentro da sala com Jason atrás de mim. Na mesa, fazendo o mesmo barulho de sempre, se encontram Cassie, Dick, Tim, Duke, Stephanie, Damian e Bruce. Eles param o assunto que estavam para olhar para nós.

Sorrio sem graça, me levantando rápido, mas sei que Jason não se incomodou em fazer o mesmo. Nossos lugares continuam separados, mas dessa vez Dick está sentado mais perto de mim e Jason entre Stephanie e Cassie. Bruce parece cuidadoso ao dirigir cada olhar em direção a Jason, como se o mesmo fosse uma bomba relógio prestes a explodir.

— Então… — Dick me olha. — Como você está? Os machucados estão melhores?

— Uhm, estou bem. — Olho para ele. — Estão melhores sim. Quase não sinto a maioria deles.

— Bom. — Ele tenta sorrir agradável, mesmo sendo óbvio que é um assunto estranho. — Você precisa pegar alguma coisa no apartamento? Eu poderia ir com você...

— Que gentil da sua parte, Dick. — Jason resmunga.

— Seria ótimo, Dick, obrigado. — sorrio ignorando o resmungo. Jason bufa e cruza os braços como uma criança emburrada.

Posso sentir os ombros de Bruce tensionados, ele não parece estar se importando muito com Dick e sua oferta. Posso ouvir as palavras se formando em sua mente mas não saindo. Ele não consegue expressar o que quer falar para Jason.

— Você pode ir se quiser… — Dick murmura e instantaneamente vejo a feição de Jason bambear. Confusão tomando o lugar da raiva. Ele não esperava o convite.

— Tenho… tenho outras coisas para fazer… — ele desvia o olhar. Stephanie coloca um prato bem servido de ovos, bacon, torradas e algo verde feito de abacate. Ele olha com desgosto para a comida.

— Uhm, Jay… Jason. — Bruce bambeia a voz. Tocindo para que seu tom de voz volte a ser firme. — Podemos conversar depois? Tenho alguns assuntos a resolver e gostaria que você desse sua opinião nel…

— Certo. — Jason interrompe, olhando para o canto da sala.

Jason não contou nada sobre Bruce no tempo em que passamos juntos. Não contou a relação deles, não contou a relação dele com nenhuma das pessoas na sala e não contou o porquê era tão distante dele. Apenas perguntas formadas e sem respostas.

When It Breaks || Jason ToddOnde histórias criam vida. Descubra agora