thirty four

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Sam on





Não lembro de manhãs calmas na minha vida. Mesmo antes de estar nessa bagunça, eu acho que não tive uma manhã calma sequer em todas as fases que eu vivi.

Minhas mãos ainda parecem meio fracas em comparação a antes, mas agora eu consigo ter mais mobilidade. Ganhei alta, mas não tenho para onde voltar. Não oficialmente.

Barry quer me levar de volta para Central City.

Bruce disse que o melhor lugar para mim é a mansão Wayne.

Jason não disse nada. Apenas avisou que onde eu fosse, ele iria também.

Todas as pessoas parecem sentir um pesar grande e consumidor por ele. Algo que eu não entendo.

Ele não permite isso, não aceita que o toquem ou que falem sobre com ele. Jason renega qualquer afeto e carinho que possam tentar oferecer. Presenciei, inclusive, ele quase esganar Dick por tentar tocá-lo um dia enquanto se apoiava na pia, acredito que ele estava chorando. De algum jeito eu simplesmente sei que isso é algo tão dele quanto ler mentes é algo meu.

No final, disseram que é melhor estar em um lugar que todos e mais um pouco possam manter um olho em mim.

Metrópolis.

Estou em uma cobertura grande e completamente mobiliada, cortesia de Bruce. Acho que até mesmo a minha maior casa não dá o tamanho da sala. Odeio lugares grandes e silenciosos, mas ninguém pareceu levar isso em conta. Ninguém além de Jason.

Tudo tem sido vazio e dolorido nos últimos tempos. E não digo sobre os machucados e sim sobre o nó que parece estar morando em minha garganta. Um sentimento vazio, de memórias que somem e aparecem na minha cabeça e que eu tenho certeza de que nunca farão total sentido porque a peça chave delas parece um mistério para mim. Consigo sentir o gosto de seus beijos e alegria de seus abraços, o êxtase de beijos na biblioteca e a paz de acordar ao seu lado. Posso sentir o desejo que flutua ao meu redor quando ele se aproxima, ou quando apenas me encara do outro lado da sala.

Você pode amar alguém que odeia?!

Você pode odiar alguém que ama?!

Eu não sei responder nenhuma das perguntas. Mas sei que, por mais difícil que se torna tentar entender todos esses sentimentos, eu sinto algo forte queimar dentro de mim quando olho para ele. Não é possível fingir um amor tão forte quanto Jason parece ter. Não é possível memórias falsas de um amor tão grande existirem dentro dos meus sentimentos.

Amor.

Amor…

A

M

O

R

Uma palavra tão simples. A única que não tem parecido amarga na minha boca nos últimos tempos.

Olho para alguns dos machucados que tenho. Vão se tornar cicatrizes.

Meu corpo, para sempre, vai ter marcas de um momento que eu não tenho lembranças. Não sei o que fizeram comigo e não sei se quero saber além do prontuário. Como posso ainda conseguir sentir parte do meu corpo grudento por algo que não existem mais resquícios?! Como pode algo tão ruim me afetar tanto e eu ainda não ser capaz de lembrar o que realmente aconteceu?!

— Você está bem? — Jason ergue o olhar do livro que está lendo.

— Uhm… sim. — olho em seus olhos. Algo além de cinza tempestuoso tem vivido ali. Um tom menos vivo que começa pela pupila. Meu coração murcha ao pensar no que pode ser e evito a vontade insaciável de bisbilhotar sua mente.

When It Breaks || Jason ToddOnde histórias criam vida. Descubra agora