6. "medo de amar"

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"Você diz que eu te assusto, você diz que eu te desvio, também diz que eu sou um bruto e me chama de vadio. […] Você diz que eu te envergonho, também diz que eu sou cruel, que no teatro do teu sonho para mim não tem papel. Você não tem medo de mim, você não tem medo de mim, você tem medo é do amor que você guarda para mim"

 Você não tem medo de mim, você não tem medo de mim, você tem medo é do amor que você guarda para mim"

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Nas folgas do meu pai a casa se torna tensa. Estranhamente silenciosa, até mesmo Mary cessa seus resmungos de bebê e mantém seus olhos verdes redondos atentos, sentada em sua cadeira de alimentação observando nosso almoço em família de domingo enquanto Rosie leva uma colher com sua papinha até sua boca. 

— Harry. — Eu ergo meus olhos, dando de cara com o olhar duro do meu pai. — Depois do almoço, vá se arrumar para irmos ao clube de tiro. 

Eu arregalo suavemente meus olhos, não escondendo minha aversão a ideia. Eu tento disfarçar, dizendo: 

— Eu tenho um compromisso já marcado para hoje, pai, com meus amigos. 

— Eu não ligo, desmarque. 

Ele se ergue da mesa, deixando seu prato interminado. Sobe para o andar de cima, enquanto mamãe replica seu ato no instante seguinte, deixando Rosie, Mary e eu sozinhos na mesa. 

— É melhor ouvi-lo, Harry — Rosie aconselha, limpando os lábios alaranjados de Mary. 

— Eu não gosto daquele lugar Rosie, o cheiro de pólvora, as pessoas que frequentam lá... não gosto de ficar horas e horas atirando, não há graça. 

— É só hoje Hazz, sabe que seu pai não aceitará uma negativa. As horas passarão em um piscar de olhos, além disso será bom para vocês passarem um tempo juntos, apenas pai e filho. 

— Eu não gosto de ficar perto de... — Eu sou interrompido quando ouço o som de seus passos, eu consigo diferenciá-los dos da minha mãe. 

— Ainda não está pronto, Harry? — ele questiona, distraído analisando sua arma. 

— Eu ainda não terminei de comer... 

— Eu não me importo, vamos. — Eu continuo parado, buscando alternativas para não ter que ir ao clube de tiro. — Você não me ouviu? Vamos.

Ele aponta a arma para mim, instintivamente eu me encolho, ouvindo também a exclamação assustada de Rosie. 

— Levanta, vamos agora. — Ele desvia a arma de mim, apontando em direção à porta. 

Minhas pernas amolecem, eu me levanto trêmulo da mesa e caminho em direção à saída. Sequer ouso dizer que não estou com roupas adequadas para atirar, apenas o sigo em silêncio. 

É um ambiente hostil, com homens gritando o tempo inteiro, mesmo com os protetores auriculares consigo ouvir os sons deles. Eu fecho um pouco meus olhos, analisando com atenção o alvo, quando consigo focar o centro direciono a pistola para baixo e a destravo. Miro e ao controlar minha respiração puxo o gatilho, atingindo certeiramente o centro do alvo. 

The Red Sound I l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora