11. "à primeira vista"

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"Quando o olho brilhou, entendi. Quando criei asas, voei. Quando me chamou, eu vim. Quando dei por mim, tava aqui. Quando lhe achei, me perdi. Quando vi você, me apaixonei"

- Harry, vai se atrasar para a escola - Rosie me avisa, me observando meditar no jardim após minha série de exercícios matinais

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- Harry, vai se atrasar para a escola - Rosie me avisa, me observando meditar no jardim após minha série de exercícios matinais.

- Preciso arrumar meus pensamentos, Ros. Espere um minuto - peço, ainda mantendo meus olhos fechados.

Acredite, nas últimas semanas venho precisando de muita meditação. Meus pensamentos estão uma bagunça, tudo vindo de uma vez em minha direção, como uma correnteza desenfreada. Primeiro veio a descoberta que, talvez, meu pai esteja certo e eu seja mesmo uma bichinha. Não que seja algo fácil de aceitar, de entender por que se manifestou justo agora. Quer dizer, passei anos e anos em um internato masculino e não senti atração por ninguém, Louis definitivamente foi o primeiro a despertar algo em mim. Ou talvez redespertar algo que se estende desde nossa infância, é uma situação que ainda não entendo bem.

Por enquanto, eu tento conciliar a negação com investigar um pouco das sensações que venho vivenciando. É inevitável a curiosidade se misturar com a repreensão aos meus impulsos, parte da minha mente totalmente dominada por pensar e repensar como me sinto perto de Louis, a maneira que minha pele formiga sempre que ele a toca, o jeito que posso ainda sentir o calor da sua palma nas minhas costas. A sensação é muito melhor do que poderia imaginar, dormir tão perto dele sendo como um paraíso particular.

Eu simplesmente apaguei, mesmo que a tempestade barulhenta tenha se estendido por toda noite, em certo ponto parei de ouvi-la, concentrado demais em ouvir e sentir a respiração de Louis batendo em minha bochecha. Ele é macio e quente, friorento ao ponto de eu estar suando à noite, enquanto ele resmungava com frio, procurando se aquecer abraçando ao meu corpo. Graças aos céus pela manhã eu acordei antes dele, sentindo o relógio preso ao seu pulso vibrar sobre minha barriga. Eu me afastei, ficando grudado a parede, colocando uma distância entre nossos corpos.

Não demorou muito para ele acordar também com o relógio, franzindo seu rosto vermelho e com marcas de travesseiro, me encarando confuso conforme bocejava.

- Vai ver se sua mãe já acordou, cheque se a área está limpa para eu sair.

- Você quer sair escondido? - Sua voz soa alta demais para um momento tão cedo, além disso, anasalada e sem entonação, de uma forma que o faz parecer bravo. No entanto, o tempo me fez perceber que ele soa assim graças a total falta de retorno auditivo, quando está com o IC ele soa mais baixo.

- Sim? - devolvo, como se fosse óbvio.

- Por quê? - ele coça o olho esquerdo, seu cérebro parecendo ainda estar em processamento lento.

- O que sua mãe vai achar se me ver saindo do seu quarto? - o questiono, perplexo diante da sua forma de encarar a situação como se não fosse nada de mais.

The Red Sound I l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora