"Você é assim um sonho pra mim e quando eu não te vejo, eu penso em você desde o amanhecer até quando eu me deito. Eu gosto de você e gosto de ficar com você, meu riso é tão feliz contigo, o meu melhor amigo é o meu amor. E a gente canta, a gente dança e a gente não se cansa de ser criança, a gente brinca na nossa velha infância"
É estranho eu não me sentir envergonhado para conversar com ninguém, desde estranhos na rua até pessoas com status importantes, mas me sentir tão nervoso simplesmente para referir simples palavras à minha mãe.Eu me aproximo lentamente dela sentada no sofá, como sempre concentrada digitando em seu celular com suas unhas grandes e brilhantes, combinando algo com suas amigas.
- Mãe - chamo, coçando minha garganta. Ela solta um simples o quê, não muito disposta a desviar os olhos para mim. - Sabe onde tem álbuns de fotos minhas na infância?
- Para que quer isso?
- É uma espécie de terapia, queria colar no meu espelho e ao ver todos os dias lembrar de pegar mais leve comigo, lembrar que preciso me esforçar para preencher todos vazios que assombraram a criança que eu fui e ainda assombram quem sou hoje.
- Que vazios? Você sempre teve tudo - ela diz soando impaciente, ainda olhando para o celular. - Estou ocupada Harry, preciso terminar de planejar a viagem, pergunte a Rosie, não sei onde estão.
- Que viagem? - questiono, franzindo a minha testa.
- Seu pai e eu levaremos a Mary à Disney.
- Você podia ter me avisado antes, preciso me planejar, checar se meu passaporte ainda é válido...
- Você não vai, seu pai não deixou. - Eu abro meus lábios, pego de surpresa com a informação. Faz anos que não viajo com eles, sequer lembro de nossa última viagem em família, eu ficava no internato enquanto eles iam. - Por causa da escola.
- Eu já terminei a escola, posso faltar, não tenho a obrigação de ir naquela.
- Seus colegas não podem faltar sem justificar, você também não. Não queria tanto a experiência de frequentar a escola de civis, a tenha por completo, então.
Sinto meus olhos marejarem, mas não permito que nenhuma lágrima escape. Apena nego lentamente com a cabeça, saindo sem receber um único olhar da minha mãe.
- Rosie, sabe onde fica meus álbuns de fotografia de infância?
Ela ergue os olhos da panela de comida do jantar, franzindo sua testa conforme avalia meu rosto. Abaixo minha cabeça, me esforçando para esconder a tristeza em meus olhos.
- Na parte de baixo da estante de pinho da sala, sabe? Quer ajuda para pegar?
- Não precisa, eu pego. - Saio da cozinha, retornando à sala. Minha mãe não está mais no sofá, por isso retorno à cozinha com os álbuns, esperando que Rosie possa me contar quando foram tiradas. - Que chique - comento, deslizando meus dedos pela capa de couro com meu nome gravado, rodeado por pequenos adornos floridos.
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The Red Sound I l.s.
FanfictionViver em uma Inglaterra ditatorial não é algo exatamente fácil, injustiça, autoritarismo e violência são partes da rotina de Louis Tomlinson, um adolescente surdo em seu último ano de escola. Ele odeia militares, mas infelizmente vive no mesmo loca...