19. "N"

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"E agora, o que eu vou fazer? Se os seus lábios ainda estão molhando os lábios meus e as lágrimas não secaram com o sol que fez. E agora, como posso te esquecer? Se o seu cheiro ainda está no travesseiro e o seu cabelo está enrolado no meu peito. Espero que o tempo passe, espero que a semana acabe pra que eu possa te ver de novo. Espero que o tempo voe para que você retorne, pra que eu possa te abraçar e te beijar de novo"

Eu observo maldosamente os pacotinhos prateados abertos em minha mão, a pontinha elástica de alguns preservativos saindo para fora

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Eu observo maldosamente os pacotinhos prateados abertos em minha mão, a pontinha elástica de alguns preservativos saindo para fora. Caminho pelos corredores da minha casa bem-humorado, mesmo que esteja indo ao covil que o capitão Styles chama de escritório.

— Me chamou? — pergunto ao entrar no ambiente, observando meu pai guardar com pressa alguns documentos. Eu franzo minha testa, fazendo uma anotação mental de checar o que há nessas gavetas quando tiver a chance.

Não é segredo que gosto de bisbilhotar as coisas do meu pai, no entanto, nunca tive a chance de espionar o escritório, ele mantém seus documentos da delegacia trancados em gavetas, além de trancar a porta também quando sai.

— Chamei. — Ele cruza seus braços, se aconchegando melhor em sua cadeira de couro, enquanto eu permaneço em pé. — Te dei um final de semana inteiro livre, fez o que deveria ser feito?

— Claro. — Eu retiro as embalagens metalizadas do meu bolso e jogo sobre sua mesa. Em ocasiões normais ele brigaria comigo, mas nesse momento está tão surpreso pela quantidade de preservativos usados dentro de suas embalagens, que tem como única reação erguer as sobrancelhas.

— Tudo isso em um final de semana? — ele questiona, perplexo.

— Eu sou jovem — diferente de você, aguento mais de uma sem remédio estimulante, completo mentalmente.

Movido pela curiosidade ele analisa a embalagem do preservativo, se dando conta que é de um tamanho maior que a tradicional. Eu sorrio comigo mesmo, controlando uma gargalhada diante de seu olhar impressionado.

— Ela aguentou tudo?

— Tudinho — respondo, orgulhosamente. — Várias e várias vezes, era uma vadia tão boa que aguentou a noite inteira sem reclamar.

— Estou surpreso — ele confessa, franzindo aos lábios. — Pelo visto você aprendeu a ser homem. Viu só Harry, estava apenas visando seu bem, aquela noite te fez bem, curou qualquer inclinações subversivas que poderia ter ao homossexualismo.

— Homossexualidade — corrijo baixinho. O quê?, ele questiona por não ter conseguido ouvir. — Homossexualidade é pecado e eu sou um homem de verdade, jamais daria a bunda.

— Estou orgulhoso, filho. — Meu estômago embrulha diante de seu sorriso e palavras, é estranho imaginar que poucos meses atrás isso me encheria de alegria, eu almejei tanto ouvir essas palavras. No entanto, hoje apenas me causa náuseas, hoje tudo que não quero é ser o tipo de homem do qual meu pai se orgulha, porque, em outras palavras, ser alguém que orgulha a ele é o mesmo que ser uma escória humana. — O que acha de um aumento de mesada? Agora que é um homem de verdade, precisa de um extra para comer mulher, contratar algumas prostitutas, o que acha?

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