7. "eyes open"

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"O engraçado é que ontem éramos apenas crianças brincando de soldados, apenas fingindo, sonhando com finais felizes. Nos quintais vencendo batalhas com nossas espadas de madeira, mas agora fomos parar num mundo cruel onde todo mundo resiste e conta o placar. Fique de olhos bem abertos"

— Você está bem? — eu pergunto a Harry, ao notar a careta que ele faz quando tem que fazer qualquer movimento com seu corpo

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— Você está bem? — eu pergunto a Harry, ao notar a careta que ele faz quando tem que fazer qualquer movimento com seu corpo.

Honestamente, ele parece exausto. Há olheiras em seus olhos, assim como o cansaço que parece presente em cada movimento que realiza.

“Sim, só dormi mal”, ele conta, fechando seus olhos apertados no instante seguinte, seu peito sobe e desce com força.

— Não precisamos treinar hoje, você está cansado. Vá dormir um pouco.
Ele nega sutilmente com a cabeça, suas bochechas coradas úmidas pelo suor.

“Louis, você pode tentar, por favor, se lembrar de qual canal viu sobre a tal diferença entre propriedade privada e pessoal?”

— Por que está voltando a esse assunto? — questiono, sem conseguir conter a desconfiança.

Quer dizer, por que um projetinho de militar como ele está tão interessado no assunto? Eu sabia que não deveria ter deixado algo sobre escapar, mas também não imaginava que ele passaria a desconfiar de mim por tão pouco.

“Acho que os telejornais que assisto não são muito bons”. Ele suspira mais uma vez, parecendo sentir dor em seus músculos, já que seus dedos apertam eles.

— Você não deveria ter se exercitado tão intensamente — aconselho.

“Eu sei”, ele diz, negando sutilmente com a cabeça. “Você ouviu nos jornais que assiste sobre benefícios extras liberados aos militares? Como uma espécie de décimo quarto salário?”

— Não — nego, engolindo em seco. Sim, eu li sobre, é mais uma peça do escândalo de corrupção que parece rodear os militares, mas eu não direi isso a Harry. — Por quê? Seu pai recebe o décimo quarto?

“Ele disse que sim, ele e o amigo dele”, ele conta, com seus olhos verdes curiosos nos meus. “Mas eu vi no jornal sobre cortes orçamentários, cortes na saúde, universidades, etc, porque estamos passando por uma fase ruim economicamente. Não faz muito sentido dar gratificações a militares agora, não? Principalmente benefícios esses que aparentemente não foram divulgados amplamente pela mídia”.

— Você está supondo que os militares são corruptos? — eu pergunto, fingindo estar pasmo.

“Não sei, só acho estranho… não é a primeira vez que noto que meu pai ganha muito mais dinheiro do que ele deveria legalmente ganhar como um capitão”.

— Roubar não é pecado? — pergunto cinicamente. — Ele, como homem cristão, não faria isso, não?

“Você mesmo disse que militares fazem coisas questionáveis”. Ele aperta seus olhos, parecendo refletir sobre algo. “Há algo muito estranho nisso, não sei o quê, mas… mas sempre que meu pai vê qualquer um questionando algo sobre o regime, mesmo que seja uma dúvida genuína, ele fica furioso. Sempre sai de si quando eu pergunto algo envolvendo o governo”.

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