The Red Sound I l.s.

9. "quase sem querer"

"Tenho andado distraído, impaciente e indeciso. Ainda estou confuso só que agora é diferente, tô tão tranquilo e tão contente. [...] Me fiz em mil pedaços pra você juntar e queria sempre achar explicação pra o que eu sentia, como um anjo caído fiz questão de esquecer, que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira"

"Tão cheiroso, o meu bebê" minha mãe elogia após cheirar o topo da minha cabeça, meu cabelo úmido exalando cheiro de xampu. "Qual filme veremos hoje?"

— Não sei, pensei em deixar o Harry escolher — eu conto, dando de ombros. — Não irá chamá-lo hoje?

Ela paralisa, me encarando confusa, sua testa completamente franzida. Ergue sua mão e pressiona em minha testa, conferindo minha temperatura.

"Sem febre... será que o problema é mais grave? Bateu a cabeça hoje, querido? Está estranho".

— É a senhora que faz questão da presença dele, não eu.

"Mas você tem ciúme, pensei em evitar de chamá-lo já que você não gosta".

É a minha vez de cruzar os braços, abrindo meus lábios em choque.

— Eu não sou ciumento, ciúmes é coisa de homens irracionais e estúpidos. Eu sou um dos homo-sapiens, não um homo-erectus selvagem e bruto.

Ela pressiona a mão na boca, rindo baixinho conforme nega com a cabeça, me olhando com seus olhos azuis brilhando pelo riso.

— O que foi?

"Nada... só acho engraçado o fato de você e Harry falarem igualzinho, com esses papos científicos pelos quais são obcecados. É engraçado o fato de mesmo que não sejam irmãos, parecerem ter saido da mesma barriga".

— Um, que nojo, pare de falar que eu e a corja parecemos irmãos. Dois, somos extremamente diferentes, ele é mimado, definitivamente deve ser ciumento, do tipo que bate o pé quando alguém que ama ousa dar atenção para outro alguém além dele e banca o homo-erectus agindo de forma possessiva.

"Ele é, sim, ciumento. Vocês dois são".

— Ficar irritado com o fato de uma criança de dois quilômetros de pernas ficar praticamente no colo da minha mãe, não me faz um ciumento.

"Claro, Lou. Claro", ela diz e depois se inclina para beijar minha bochecha. "Vou chamar o Harry, já que faz questão".

— Eu não faço — a aviso enquanto sai pela porta.

◇◇

—...ele dormiu no sofá, aí quando acordou com aquela cara amassada de gato preguiçoso dele, ficou bebendo chocolatinho quente sentado no sofá encolhido dentro de uma coberta enquanto assistia desenho infantil. Ele já tem pelo no saco e age como uma criança mimada!

"Você está obcecado", Zayn diz, sua expressão tranquila em contraste com a minha agitada. "Assistir desenho enquanto toma café da manhã é algo plenamente aceitável, eu faço. Acha que sou um marmanjo com pelo no saco que age igual criança?"