21. "as canções que você fez para mim"

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ALERTA GATILHO: tortura.

Não será narrado de forma explícita, será mais focado nas consequências dela.

Sempre tento narrar assuntos delicados da forma mais delicada e responsável possível, mas se não se sentir confortável, pule essas partes sem pestanejar.

◇◇◇

"Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou, tanta coisa que somente entre nós dois ficou, eu acho que você já nem se lembra mais. É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe, pois sem você meu mundo é diferente, minha alegria é triste. Quantas vezes você disse que me amava tanto, tantas vezes eu enxuguei o seu pranto, agora eu choro só, sem ter você aqui"

- Afasta essas pernas, recruta - eu ordeno, batendo com meu coturno nos do garoto, o incentivando a afastar os pés na grama verde

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- Afasta essas pernas, recruta - eu ordeno, batendo com meu coturno nos do garoto, o incentivando a afastar os pés na grama verde. - Você está tão tenso que é como se a bala fosse fazer uma curva e atingir seu próprio peito. Na roça onde morava não te ensinaram leis de física básica?

- Me perdoe, senhor, juro que farei melhor - o garoto de cerca de dezoito anos diz, a pistola em suas mãos tremendo enquanto ele mantém sua postura de tiro estúpida.

- Qual posição de disparo mandei você fazer, recruta?

- Isósceles - ele murmura, incerto.

- Fale mais alto vinte e cinco, acho que seus colegas querem ouvir também - eu grito, assustando o garoto frouxo, que derruba a pistola no chão.

Lentamente eu desvio os olhos para a arma caída na grama, depois desvio para o recruta, que se abaixa chorando, recolhendo a pistola com suas mãos trêmulas.

- A próxima vez que derrubar a porra dessa pistola, te garanto que passará o dia carregando uma tora de madeira, para ver se assim perde essas mãos de alface. - Ele soluça, concordando. - O nome da posição, recruta? - grito.

- Isósceles - ele fala alto o bastante para atingir seus colegas, que se espalham pelo campo de treinamento de tiros ao ar-livre, alguns em posição de disparo, aguardando minha permissão para atirar. São quarenta ao total, apenas um terço da subunidade pela qual sou responsável de treinar.

- Foi essa que mandei fazer? - O garoto nega, a cada minuto mais assustado. - Vamos soldado, nos conte porque você é especial o bastante para atirar em uma posição diferente da porra que mandei? Afinal, sabe mais de tiro que eu?! - eu questiono irônico, andando em círculos ao redor do garoto franzino.

- Não senhor, me desculpe!

- Você é um frouxo, um idiota que não sabe sequer a posição mais simples de tiro. Se não fosse por mim te alertando o tempo inteiro, já teria atirado no próprio pé - eu o acuso, tomando a arma da sua mão. Eu estico minha mão para o lado, sem olhar para o alvo atiro, atingindo certeiramente o centro. - E eu devo ser um idiota tão quanto você, já que não hesita em desobedecer minhas ordens, não? Afinal, que merda de relevância tenho no assunto, soldado?

The Red Sound I l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora