15. "clarão"

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"Eu sinto o vento trazendo algo novo que ainda vai nascer, sobre o novo tempo maravilhoso pra ser quem a gente é, que seja um segundo de liberdade, um beijo nunca é em vão. E na noite sem brilho dessa cidade, a gente vai ser um clarão. Eu já não tenho tempo a perder com aquilo que eu nunca fui"

 Eu já não tenho tempo a perder com aquilo que eu nunca fui"

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Louis e eu estamos sozinhos. Sozinhos em casa. Com quartos ao nosso dispor. E hormônios, claro. Muitos hormônios.

Nós estamos sentados na sala da sua casa, encarando a TV desligada, em total silêncio. Nossos ombros estão relaxados, nossas mãos cruzadas sobre nossas pernas.

- Estamos pondo muita pressão em nós mesmos.

- Sim, precisamos relaxar - eu concordo com ele, após me virar em sua direção.

Minha mão segura sua bochecha, faço muito agora isso já que ele não se irrita mais, e levo meus lábios até os seus. Eu gosto de beijá-lo, seus lábios são sempre macios, porque ele bebe bastante água, bem diferentes dos meus, que são rachados e ressecados, não importa o quanto use hidratantes neles, já que não bebo tanta água quanto deveria. Sua bochecha também é macia, tudo nele é macio e reconfortante. Seu abraço é o melhor que já experimentei, às vezes imagino como seria grudá-lo a mim e ter seus braços ao meu redor por todos os segundos dos dias.

- Estou tão feliz que poderemos passar um tempo juntos sem nos esconder - eu conto a ele, sem esconder um sorriso. - Poderemos nos beijar onde quisermos, nadar na piscina juntos, sairmos à noite, talvez... li sobre uma boate para pessoas como nós.

- Como nós? - ele questiona, confuso.

- Que gostam do mesmo sexo, também para aquelas pessoas que não se identificam com o sexo que nasceram, você sabe, pessoas diferentes do que deveriam ser.

- Uma boate LGBT? - eu concordo com a cabeça, anotando mentalmente a forma de se referir às pessoas que são diferentes, tentando dizer menos coisas que soam preconceituosas. - Nós não vamos, é perigoso. Há militares infiltrados em todos lugares, inclusive em festas como essas. Não vamos colocar você em perigo, algum amigo do seu pai pode te reconhecer e contar para ele.

- Não, Lou. É seguro - afirmo, segurando sua mão, apertando-a. - É uma festa secreta, com um lugar divulgado só de última hora. Além disso, é à fantasia, quem não se sentir a vontade pode usar roupas que incubram sua identidade.

- Tão segura que até você sabe da existência dela. Se você sabe sobre, qualquer militar pode.

Eu suspiro baixo, abaixando meu rosto.

- Não sou um militar ainda, sou apenas um garoto... um garoto que acabou de descobrir sobre sua sexualidade e está confuso. Um garoto que procura o tempo todo pessoas como ele, em blogs, redes sociais, em uma tentativa de se sentir pertencente a um grupo, já que minha família me renega. Eu conheci pessoas online, conversamos por mensagens, por ligações... e elas confiaram em mim para falar sobre essa festa, uma festa que poderia me sentir seguro para ser quem sou, uma festa que poderia ir com meu namorado sem nos escondermos.

The Red Sound I l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora