3 - O Telefonema

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Semanas depois...

Rebekah

Dean parou o carro na frente de uma casa que eu reconheci de imediato. Sorri e saí, respirando fundo. Tudo ali me trazia memórias.

- Oi rapazes. - Disse um homem saíndo, usando um boné. Depois seus olhos me acharam. - Não pode ser. Bekah?

Me aproximei dele, abrindo os braços e abraçando ele, que me abraçou de volta.

- Bom te ver, Bobby.

- O deserto ficou demasiado aborrecido para você? - Ele riu.

Me afastei e coloquei um pedaço de cabelo atrás da orelha. Neguei com a cabeça.

- Não regressei depois que... Fiquei com o negócio da família.

Vi Bobby lançar a Dean um olhar estranho e Sam riu.

Franzi o cenho, mas Sam ergueu a mão.

- É como ter um Dean número dois, mas a Bekah é mais fácil de lidar. - Explicou.

- Hey! - Disse Dean, de cenho franzido.

Bobby sorriu. - Oh eu sei como é, conheço essa daqui á tanto tempo quanto conheço vocês. Vamos entrando.

Seguimos ele para o interior da casa e foi quando os Winchester explicaram ao Bobby que eu estava com a Colt e uma faca estranha.

Revirei os olhos, sentada no sofá, com as pernas cruzadas.

- Onde você achou a Colt? - Bobby perguntou.

Olhei ele. - Um velho caçador tinha. Ele morreu eu peguei ela. Qual o problema?

- Quantas balas gastou?

Estreitei os olhos. - Nenhuma. Ainda.

Bobby assentiu e olhou os rapazes, me indicando com a mão.

- Sabem que ela procura os olhos amarelos?

Eles assentiram e meu celular começou a tocar. Peguei e vi o indicativo, sentindo um arrepio. Levantei e saí da casa, atendendo.

- Blake.

- Soube que está com os Winchester.

Suspirei. - Eles procuravam o meu pai. Eles me acharam.

Ele suspirou do outro lado. - Você sabe que...

- Eu posso ajudar!

- Ajudar? Você é diferente e vai acabar por matá-los! - Ele ergueu o tom de voz.

- O quê? Não. Eu não sou uma assassina. Tá, posso não ser muito normal, mas nunca...

- Se afasta dos meus rapazes, Blake. - E desligou.

Fiquei ali olhando o nada, segurando um celular mudo. Depois abaixei a mão e olhei o aparelho, suspirando. Aquilo ia ser difícil. Muito difícil.

Guardei o celular e entrei em casa, recebendo um olhar dos três homens na sala.

Ergui as sobrancelhas. - Credo, o que foi?

- Problemas? - Perguntou Bobby.

- Não, um amigo. - Sentei no sofá.

Ficámos ali durante horas, tanto tempo que acabou por anoitecer e Bobby perguntou se queríamos passar a noite ali.

Enquanto ele preparava algo para comer, perguntei se poderia usar o banheiro, ao que ele assentiu.

Fui no impala pegar minha mochila e encontrei Dean, debruçado sobre o motor do carro, mexendo e limpando, usando uma luz.

Ele me lançou um olhar pelo canto do olho e depois pegou um pano, limpando as mãos e se endireitando.

- Você conhece o Bobby... Porque nunca ouvimos falar de você?

Olhei ele e parei de andar, colocando a mochila no ombro.

- Não sei. Eu e o meu pai não ficávamos muito tempo no mesmo lugar. Tinha sempre algo nos perseguindo.

Dean ficou me olhando. - Tanto assim?

Dei de ombros. - É... Éramos uma dupla estranha. - Ri, não dando importância e depois indiquei a casa. - Deixa eu subir, quero tomar um banho decente.

Ele sorriu. - Quer ajuda?

Sorri, olhando ele por cima do ombro enquanto andava. - Não.

Ele ergueu a mão. - Olha para a frente. Com esses saltos ainda tenho de te levantar do chão.

Eu ri. - Dificilmente, mas obrigada pela preocupação.

- Preocupação... Pfff. E eu lá me preocupo com você? Eu, hein.

Sorri e entrei na casa, subindo no banheiro e entrando.

Coloquei a mochila no chão, liguei a água quente e comecei a tirar a roupa. Deixei apenas o colar que sempre me acompanhava, um pingente com uma forma pontiaguda e com uma pedra vermelha.

Lavei o cabelo, que já estava precisando, depois esfreguei o corpo e me deixei ficar ali dois minutos, debaixo da água que caía sobre a minha cabeça, de olhos fechados.

- Blake!

Aquele grito me fez abrir os olhos, mas eu sabia que era apenas na minha mente. Até porque eu reconhecia aquela voz. Era Brandon. Mas ele morrera.

Desliguei a água, respirei fundo e saí, sorrindo para afastar aqueles pensamentos negativos.

Vesti roupa limpa, escovei os cabelos, arrumei tudo e saí, levando a mochila.

Os rapazes já estavam em redor da mesa e Dean me olhou.

- Nossa! Roupa confortável? Quem diria que a madame também gosta de vestir roupa de mendigo nas horas vagas.

Revirei os olhos e peguei uma batata frita, me inclinando sobre a mesa, do lado dele e percebendo que Dean se inclinava para trás, olhando o meu traseiro.

Me endireitei e olhei ele, indicando meus olhos com os dedos.

- Meu rosto é aqui em cima, não lá em baixo.

Ele sorriu. - Eu nem estava olhando.

Assenti. - Sei.

Sentámos assim que Bobby, que havia ido na cozinha, surgiu com um prato cheio de carne.

O jantar foi bastante animado e me trouxe memórias novamente. Até parecíamos uma verdadeira família.

Bom, eu considerava o Bobby como sendo da família, já os Winchester eram mais como aqueles parentes que a gente sabe que existem mas nunca vê, e que só surgem no Natal e nos funerais. Mas até que eu gostava deles.

Bebi cerveja, acompanhando Dean, coisa que sempre o deixava curioso, e na última ele me sorriu.

- Forte, hein?

Fiz meu melhor sorriso. - Obrigada. - Percebi que ele ficara me olhando. - O que foi?

Ele deu de ombros. - Estranho ver você sem os lábios vermelhos.

Sorri. - Deixa de ser idiota.

- Bom, se já pararam de namorar, deixem dizer que os quartos estão prontos para vocês. - Disse Bobby. - Bekah, você ficará no segundo, entre os dois rapazes.

Dean estreitou os olhos e eu revirei os meus.

- Misericórdia. - Falei, bebendo um gole.

Pouco depois, quando subimos, entrei no quarto e coloquei a mochila no chão, sentando na cama e olhando em frente.

Eu não iria me afastar dos Winchester só porque o pai deles queria. Eles estavam procurando o mesmo que eu e eu estava mais perto do meu objetivo agora, do que estivera em meses! Eu não iria fazer a vontade do John. Ele não era nada para mim, apenas era amigo do meu pai.

Deitei para trás, fechando os olhos.

Essa vida, era a coisa mais difícil de todas.

BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora