19 - Eu Fico

344 49 0
                                    

Senti minhas costas batendo na parede com demasiada força, me obrigando a fechar os olhos, e depois senti meu corpo tocar no chão.

Algo me segurou pelo pescoço, me erguendo, junto da parede, e senti meus pés acima do chão. Tentei me soltar e abri os olhos, vendo aquele homem enorme na minha frente, vestido de negro, me segurando apenas com uma mão. Seu chapéu negro ocultando seu rosto.

Tentei que ele me soltasse, mas ele apertou ainda mais.

- Hey!

O homem olhou para trás e eu consegui ver o Dean, segurando uma arma, atrás dele.

- Solta ela!

O homem me jogou do outro lado do cómodo e avançou sobre o Dean.

Dean não teve tempo de atirar, pois o espírito avançou sobre ele, jogando ele na parede e escutei o som que Dean fez. Ele iria matá-lo.

Levantei, sentindo dor em cada pedaço do meu corpo. Sangue escorria da minha testa, sentia um corte no lábio.

Sem saber como, e nem porquê, apenas seguindo o instinto que me dizia para esticar o braço direito para baixo e abrir a mão, senti a minha pulseira de cobra se mexendo sobre o meu pulso, descendo, até ficar uma espécie de vara, grande, de metal, com uma das ponta em forma de cabeça de cobra.

Franzi o cenho, mas uma voz na minha cabeça falou "Sabe como usar. Ataca ele."

Rodei ela, sentindo o peso. Era bastante leve. E ataquei. Assim que o metal bateu no espírito, ele gritou e sumiu, feito fumaça, mas eu sabia que ele ainda não estava derrotado.

Fiquei olhando a vara e depois escutei o corpo do Dean caindo no chão e girei, largando ela ajoelhando do seu lado. Ajudei ele a sentar, que estava bastante machucado, e segurei o seu rosto.

- Dean!

Ele me sorriu fraco. - Ainda não morri. - E soltou um som de dor.

Respirei fundo, abaixando a cabeça e depois olhei ele de novo, sorrindo e ajudando ele.

- Cala a boca, idiota.

Ele riu, mas gemeu de dor quando ajudei a colocá-lo de pé.

- É... Bekah.

Olhei Dean e vi que ele olhava para trás de mim, e girei, vendo o espírito, agora mais furioso do que nunca.

Deixei Dean apoiado na parede e, usando o pé, fiz a vara levantar do chão, segurando ela com a mão e girando, dando as costas para Dean e me colocando protetoramente na sua frente.

- Bekah, o que você está fazendo?

Sorri. - Protegendo você. Como prometi.

O espírito avançou sobre mim e, no momento em que ergui a ponta da vara, ele começou a virar chamas, ardendo, até que sumiu de vez.

Respirei fundo. Estava morto.

Meu celular tocou e eu peguei, girando e encarando Dean.

- Oi Sam.

- Deu certo?

Eu ri. - Por pouco.

- Íamos morrendo, seu idiota! - Gritou Dean. - Não sabe fazer nada certo, não?

Sam riu do outro lado. - Dois minutos e pego vocês.

Desliguei e, seguindo o instinto novamente, estiquei o braço, vendo a vara ganhar vida e se enrolar no meu pulso de novo, ficando igual uma pulseira.

Dean franziu o cenho, confuso e chocado.

-  Que merda é essa?

Dei de ombros. - Não faço ideia.

Ele negou. - Você está ficando cada dia mais assustadora, já falei?

Eu ri e ajudei ele a sair dali, colocando um braço dele sobre os meus ombros. - Já sim.

Enquanto saíamos da velha igreja, percebi que Dean me olhava.

- O que foi?

Ele suspirou. - Você era minha mulher, na visão do Djinn. Era veterinária. Não é a primeira vez que ando com você sob o meu braço.

Olhei o chão e mordi o lábio. Depois assenti. - Eu... Isso é estranho, sabe? Eu nunca casaria com você.

- Pfff. - Fez ele. - Você me salvou, de novo, lá dentro.

Sorri. - Fiz uma promessa.

- Ora, eu vou morrer de qualquer jeito. Não pode impedir.

Parei de andar e olhei ele, bem naquele olho verde dele.

Dean usava uma máscara para que todo o mundo achasse que ele estava bem, mas eu sabia que não estava. Ele nunca estava.

Depois respirei fundo e assenti. - Eu sei.

Ele ficou me olhando. - Eu não... Foi o único jeito. O Sam...

- Eu sei. - Recomeçámos a andar. - Eu sei disso.

Na noite seguinte, decidimos sair até um bar local e beber um pouco, antes de partirmos para outra cidade.

Dean falava sobre coisas que ele e Sam viveram antes de me achar e Sam riu bastante quando ele falou sobre uma mulher de branco.

- Deveria ter visto. - Riu. - Dean ficou imundo!

- Ah, qual é? - Resmungou Dean. - Até parece.

Sorri mas Dean trocou um olhar comigo e eu soube o que significava. Sam iria ficar apenas com memórias.

Depois de um tempo, Sam levantou, indo pegar mais cervejas e Dean se inclinou para mim.

- O que foi? Você está pensando em algo, não está?

Assenti. - Várias coisas, na verdade. Mas uma delas... - Inclinei a cabeça. - Eu deveria procurar a verdade sobre mim, antes de você... - Ergui a mão e deixei ela cair de novo. - Porque seja o que for, eu acho que não vou aguentar tudo ao mesmo tempo.

Dean assentiu. - Começamos por onde?

Olhei ele e suspirei. - Eu deveria fazer isso sozinha.

Dean franziu o cenho. - Espera. Você vai embora?

Olhei a minha garrafa vazia e depois para ele.

- Não, eu... Quer dizer... Não sei.

Dean colocou as mãos sobre as minhas. - A gente pode ajudar! Eu e o Sam. Você mesma diz que somos familia. Falamos com o Bobby, vamos nos focar nisso, paramos as caçadas por uns tempos.

- Dean...

- Estou falando sério. Você não pode ir embora.

Encarei ele. - E porque não?

Dean ficou calado, apenas me encarando. Depois deu de ombros.

- Porque... Ora.... Porque não.

Eu ri. - Tá. Dean, eu preciso saber a verdade.

- Bekah, eu vou morrer! Tenho um ano de vida. Uma merda de um ano. Eu não quero desperdiçar esse ano, entendeu? Em nenhum sentido! Eu quero passar o tempo que resta com você e o meu irmão! Porque eu não tenho mais ninguém!

Fiquei olhando ele e Dean passou a mão pelo rosto.

- Eu... - Fechou os olhos. - Esquece.

Toquei na sua mão, fazendo ele me olhar.

Sorri. - Tá bom. Eu fico.

BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora