14 - Não Tenho Ninguém

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Um dia. Foi o tempo que demorámos até Bobby descobrir, por meio de um amigo caçador, onde se situava aquele sino.

Era uma antiga aldeia que estava abandonada no momento.

Iríamos nos encontrar com esse caçador... O filho dele estava desaparecido.

Olhei pela janela, enquanto Dean dirigia. Bobby ia na nossa frente, com o caçador.

- Você está bem?

Olhei ele e assenti. - Sim.

- Escuta, se isso ficar demasiado estranho e aquelas coisas acontecerem com você de novo...

- Dean, eu estou bem.

Ele assentiu. - Tá.

Parámos o carro, saindo e pegando armas e o que fosse que pudessemos usar, e nos aproximamos da entrada da aldeia.

Era noite já e olhei em volta, sentindo um nó no estômago. Ergui a mão e toquei no braço do Dean, chamando a atenção dele. Indiquei algo na nossa frente e ele franziu o cenho.

Era o sino.

Dean me olhou e depois assentiu, respirando fundo.

Algo me dizia que estávamos no lugar certo.

Entrámos, avançando pela pequena rua, rodeada de casas vazias. Os homens destravaram as armas e eu verifiquei a munição daquela que tinha nas mãos. Depois destravei e olhei em frente, e foi quando ele surgiu, parecendo assustado e perdido.

Era o Sam.

- Sam! - Disse Dean.

- Dean. - Sam pareceu aliviado e sorriu, um sorriso fraco e sofrido.

Sorri, abaixando a arma. Tínhamos achado ele.

Mas então, um rapaz saiu detrás de uma das casas, se aproximando de Sam, por trás, e espetou uma faca nas suas costas, empurrando até o cabo.

- Sam! - Dean começou a correr, largando a arma e segurando o irmão. - Sam!

Fiquei paralisada, vendo Sam cair de joelhos, confuso, enquanto o rapaz corria para longe.

Eu, Bobby e o caçador começámos a correr atrás do rapaz, mas ele matou o caçador, lançando uma faca, provavelmente a mesma que usara para matar o Sam.

Droga. Sam estava morrendo.

De repente, parei de correr, vendo o rapaz ficar encurralado. Ele girou, nos olhando e vendo que ficava sem opções de fuga.

Ele ergueu as mãos. - Se afastem. Eu posso matar os dois.

Senti minhas mãos tremendo e larguei a arma no chão.

Bobby me olhou. - Bekah?

Encarei o rapaz. - Cansei de ser a boazinha.

Abri as mãos, afastando um pouco os braços do corpo, e depois ergui uma delas, vendo uma luz amarelada saíndo. O rapaz ficoi imóvel, parado, tentando se libertar, mas seu corpo não obedecia.

- Bekah! O que você está fazendo? - Gritou Bobby. - Que merda é essa?!

Me aproximei do garoto, socando ele e jogando no chão. Sentei sobre ele e vi a sua expressão de pânico.

- Seus olhos! - Disse ele. - Você é um deles!

Sorri. Não entendi o porquê de ele dizer aquilo, eu não sentia meus olhos estranhos. A verdade era que eu não sabia o que estava acontecendo comigo,  apenas estava seguindo o instinto, mas os olhos? Eu não fazia ideia.

Ergui a mão, na direção do seu rosto.

- Você vai morrer!

Toquei no seu rosto, ele prendeu o seu olhar no meu, seu rosto ficando iluminado, da cor da luz das minhas mãos, e abriu a boca.

Em um minuto, seu corpo ficou imóvel e o garoto parou de respirar. E foi quando eu soltei ele.

Me afastei, como se ele queimasse e sentei no chão, olhando o corpo sem entender.

Bobby se aproximou de mim, me assustando.

- Calma, sou eu. - Ele parecia preocupado. - O que foi aquilo?

- Eu... Eu matei ele. Eu... Não sei.

Bobby respirou fundo, assentiu e me entregou a minha arma. - Vem, vamos voltar. Não fala nada para o Dean, ainda não. Temos de ajudar o Sam.

Assenti e corri na direção dos irmãos, mas parei assim que cheguei perto.

Dean estava no chão, segurando o corpo sem vida do Sam.

Senti meu coração parar e a arma caiu das minhas mãos. Tapei a boca com as mãos, enquanto lágrimas caíam pelo meu rosto.

- Não... - Falei num sussurro. - Sam...

Me aproximei e ajoelhei no chão, vendo que Dean estava chorando.

Dean me olhou. - Ele morreu. Meu irmão. Ele... Bekah, ele morreu.

Toquei na sua mão, e abaixei a cabeça, chorando.

Levámos o corpo do Sam para casa do Bobby e Dean colocou ele sobre uma mesa, em uma das salas mais afastadas e ficou lá.

Fiquei na sala, junto com Bobby, demasiado triste e chocada para fazer o que quer que fosse.

- Bekah.

Ergui o olhar e Bobby me entregou um chá quente.

Sorri e peguei. Suspirei, e encarei ele.

- Fala. Eu sei que quer dizer algo.

- Aquilo não foi normal. - Disse ele. - Eu... Eu não entendo.

- Nem eu. - Sorri sem vontade. - Eu não sei o que aconteceu. Nunca fiz... - Mexi uma das mãos. - Aquilo.

Bobby se preparava para falar, mas Dean surgiu parou, nos olhando.

Ergui o olhar para ele, nem parecia o mesmo Dean.

- Posso... - Ele me indicou com a mão. Um gesto banal. - Posso falar com você?

Assenti, coloquei a chávena na mesa de apoio e levantei, seguindo Dean para a sala onde estava o corpo do Sam.

- Dean, precisamos...

- Escuta. - Ele ergueu as mãos. - Só escuta. - Dean me encarou. - Preciso que tome conta do corpo do Sam. Eu vou sair.

Franzi o cenho. - O quê?

Ele passou a mão pelo rosto. - Eu preciso sair, achar uma forma de... - Indicou Sam. - Pode ficar com ele, ou não?

Respirei fundo. Eu sabia que estava sendo extremamente difícil para ele. Estava sendo, para todos nós, mas para o Dean...

Estiquei a mão e toquei na sua, mas Dean sacudiu a minha mão, bruscamente.

Abaixei o braço, e escutei Dean suspirar.

- Desculpa.

Olhei ele e assenti. - Tudo bem.

Do nada, Dean me abraçou, apertando forte e senti ele chorando, molhando meu ombro. Apertei ele nos meus braços.

- Lamento, Dean, de verdade.

- Era tudo o que eu tinha. - Falou ele, de encontro ao meu ombro. - Ele morreu, Bekah. Ele morreu. Eu não tenho mais nada.

Fechei os olhos. - Isso não é verdade.

Dean se afastou, limpando os olhos, e me olhou.

- Só... Pode ficar com ele?

Assenti.

Dean assentiu e saiu da sala, fechando a porta.

Mas ficar ali, com o corpo do Sam era mais difícil do que eu imaginava. Sentei junto dele e recomecei a chorar.

BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora