7 - Sozinha

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Dias depois...

Entrei no impala, parado na frente da janela do nosso quarto, e sorri para Sam, sentado no lugar do condutor, olhando o laptop.

Ele fechou o aparelho e pegou o saco que eu entregara a ele, que continha o seu jantar de coelho.

Me acomodei confortavelmente no banco do lado e abri o meu saco, tirando meu hambúrguer, minhas batatas e meu refrigerante.

- E aí? - Perguntei. - Seu irmão?

Sam fez uma expressão de tédio e indicou a janela, me fazendo olhar.

Dean surgiu, sorrindo feito idiota e erguendo os polegares. Atrás de si, uma garota quase nua, se aproximou e puxou ele para trás, apenas dando tempo de ele fechar as cortinas.

Fiz careta. - Que nojo.

Sam riu.

- Não ri! Você vai dormir naquele quarto também.

Sam me olhou. - Ah, Bekah...

Eu ri e coloquei uma batata na boca.

- Acho que o melhor será ficarmos por aqui, hoje. - Indiquei o laptop. - Achou algo interessante?

Ele deu de ombros. - Ainda não sei. Acho que nada que seja, realmente, suspeito.

Assenti.

- E sua dor de cabeça? - Perguntei bebendo um pouco de refrigerante.

Sam respirou fundo. - Sempre surge, em algum momento. Mas... - Baixou o olhar. - Está ficando pior.

Assenti e coloquei a minha mão sobre a dele.

- Você vai ficar bem. Seja isso o que for.

Ele me sorriu.

- E você? Como você se sente desde aquela noite?

Foi minha vez de baixar o olhar.

Como eu me sentia? Estranha. Nada daquilo fazia sentido, apesar de eu agora ter noção que parte de mim sempre conheceu aquele tipo de poder.

Dei, simplesmente, de ombros e olhei ele.

- Eu estou bem.

- Porque será que eu não acredito nisso?

Sorri. - Porque é um idiota.

Sam riu alto e depois assentiu.

- É, talvez. Mas... Obrigada, Bekah.

Franzi o cenho. - Pelo quê?

- Por estar com a gente.

Sorri e toquei no seu ombro. - Não me deixa sem jeito, vai.

No dia seguinte, depois de anoitecer, eu e os irmãos Winchester estávamos na cidade, procurando pistas sobre um possível caso, em uma antiga fábrica.

- Isso tem alguma coisa. - Dizia Dean, enquanto desciamos as escadas. - Vocês viram o altar.

Sam revirou os olhos. - E for aquele tipo de gente que acha que sabe o que está fazendo, mas na verdade, não sabe?

Eu ri e Dean me olhou, em tom de reprovação, olhando o irmão de novo.

- Deixa de ser idiota. Mesmo assim, esse alguém poderia, sem querer, fazer contacto com alguma coisa. E depois...

Ele não terminou a frase.

Assim que saímos, vimos uma pick up negra parada junto do impala e, esperando junto dela, estava John Winchester.

Dean ficou imóvel, parecendo confuso, e Sam parou do meu lado, olhando o pai na nossa frente.

- Oi rapazes. - Disse ele, sorrindo.

Depois seu olhar encontrou o meu e seu sorriso de apagou.

Dean avançou para ele, abraçando forte. Eu sabia que, no fundo, ele pensava que o pai estava morto.

Sam se aproximou, mais devagar, acabando por abraçá-lo, mas sem o mesmo entusiasmo do irmão.

Dean me apresentou ao pai e John me olhou.

- Eu sei quem ela é.

Dean assentiu. - Exato, o senhor achou ela antes.

John assentiu. - Vocês deveriam se afastar, é uma Blake.

Franzi o cenho. Eu não gostava, particularmente do John, mas ele não tinha qualquer tipo de permissão para inventar coisas a meu respeito.

Ergui o queixo.

Sam me indicou com a mão. - A Bekah é nossa amiga. Ela tem ajudado a gente a...

- Amiga? - John riu. - Ela é estranha, isso sim. Eu era amigo do pai dela, mas essa menina... Vocês deveriam ficar longe.

Dean franziu o cenho, mas Sam avançou ficando na frente do pai.

- Cala a boca!

- Sam! - Disse Dean.

- A Bekah tem ajudado a gente! Assim como nós, ela está tentando achar o demónio que matou a mãe! A sua obsessão, lembra?!

Dean, no meio deles, olhou para mim, mas eu me mantive quieta.

John me olhou. - E porque será?

Estreitei os olhos. - Ele matou o meu pai. Não teve ninguém preso no teto, não teve chamas, mas o meu pai morreu na minha frente! Ele morreu protegendo você!

- O quê?

- O demónio estava atrás de você! Meu pai não cedeu, não falou onde você estava, apesar de saber, e morreu!

- Porque não me disse antes?

- Você prefere falar mal de mim do que escutar.

- Pai, chega! - Disse Sam.

Eu assenti. - Não importa, Sam. Ele quer que eu me afaste? Pois muito bem. Já têm o vosso pai, a partir daqui, eu continuo caçando sozinha. Eu vou achar o demónio. Foi bom trabalhar com vocês, rapazes. - Olhei John. - Espero que encontre sua vingança.

- O quê? Bekah, espera! - Dean veio na minha direção.

- Está vendo? - Gritou Sam. - Você afasta todo o mundo! Não pode ser uma pessoa normal, para variar?!

Enquanto Sam e John gritavam, Dean se aproximou e me segurou pelo braço.

- Não precisa ir embora. A gente... A gente está procurando o mesmo demónio.

Sorri. - Eu preciso, Dean. Seu pai me odeia. - Me aproximei dele, me coloquei nas pontas dos pés, e beijei a sua testa, me afastando de novo. - Cuida do Sam, e de você também. - Sorri, segurando as lágrimas e dei as costas.

Limpei uma lágrima traiçoeira, abri a porta do impala e peguei a minha mochila, fechando a porta e me afastando.

Ergui o queixo.

Eu era forte e sempre caçei sozinha, desde a morte do meu pai, então eu estava acostumada.

Mas eu me acostumara, também, aos rapazes. Iria sentir saudades.

Sentia algo forte me puxando para trás, me tentando fazer voltar, mas ignorei. Agora eu estava por minha conta. Apenas eu de novo.

Eu nunca iria esquecer o tempo passado com eles. Tinham sido minha família.

E lembrei do Bobby. Talvez eu visitasse ele, afinal, agora tinha tempo para isso.

E se eu desistisse do demónio dos olhos amarelos? Seria muito mais fácil. E muito menos dor de cabeça.

Continuei andando pela noite escura, meu salto alto tocando no chão, era o único som que me acompanhava.

Eu era forte. Eu sabia me virar sozinha. Eu era uma Blake.

BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora