10 - Me importo, sim.

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Dias depois...

Após o funeral de John, em que a gente cremara o seu corpo, Dean ficara meio estranho. Ficara mais chateado do que o normal, mais irritado... Mas, felizmente, isso foi passando com os dias. Apesar de ele se culpar todos os dias.

- Olha aqui. - Disse Sam, mexendo no laptop.

Me inclinei para ele, sentada na cadeira do seu lado, e olhei o laptop. Dean, na nossa frente, se limitou a erguer o olhar da sua tarte.

- Crianças? - Perguntei.

Dean franziu o cenho.

- Mas veja bem. Todas na mesma localidade, todas adoeçendo quase ao mesmo tempo... E sempre irmãos.

Franzi o cenho mas Dean se mexeu.

- Não poderá ser nada natural? Crianças pegam gripe e coisas assim, se tiverem irmãos, o contagio fica fácil.

Sam olhou ele como se fosse bastante óbvio. - Não esse tipo de coisa. E além disso, não custa nada tentar. Damos uma olhada.

Dean deu de ombros e Sam levantou, dizendo que iria no banheiro.

Suspirei e olhei ele. - Pára com isso. Sam não tem culpa do que aconteceu e nem do que o John disse.

Dean me olhou e se inclinou na frente.

- Eu tenho de matar o meu irmão, se ele enlouquecer! Que tipo de pai pede isso? Você tem noção do que eu já fiz por esse garoto?!

- Dean...

- Eu fui mãe e pai do Sam! Eu impedi que ele morresse de fome! Até fui eu que tirei ele da casa em chamas, onde minha mãe morreu! - Dean bateu na mesa. - Até o Bobby foi mais pai do que o meu próprio pai, que eu sempre considerei um idolo para mim!

- Lamento Dean, de verdade.

- E como se não fosse suficiente, ainda tenho de lidar com a morte do meu pai e a sua estranheza! Porque eu lembro de cada palavra, de cada toque, de cada coisa que você fez naquele hospital! Eu estava lá!

Olhei a mesa, lembrando de como eu fora estranha no hospital, vendo o Ceifeiro, mas também como ficara em pânico ao pensar que poderia perder o Dean.

- Mas... Você sabe o que ele fez.

Assenti. - Ele não o negou quando eu perguntei.

Dean assentiu, pegando na garrafa de cerveja. Eu sabia que eleestava falando do pacto. Sua vida, pela vida do filho.

- Descobrimos o que o Sam tem e o que você é. Salvamos os dois.

- Dean...

- Não! Eu não vou perder o meu irmão! E nem você! É uma chata, uma metida, mas... - Deu de ombros. - Já é família. Então nem vem.

Sorri e assenti, no mesmo instante em que Sam regressava e sentava no seu lugar.

- E aí?

Dean olhou ele. - Você ganhou.

Olhei Sam e sorri.

Fiquei olhando o hospital pelo vidro do impala, os garotos no banco da frente. Aquele tipo de lugar me dava arrepios, pois a minha cabeça só imaginava Dean cheio de máquinas e fios e aquela sombra branca pairando sobre os corpos dos pacientes.

- Bekah?

Olhei os irmãos e percebi que eles me olhavam.

- Eu não vou conseguir ver um Ceifeiro tirando a vida de uma criança.

Sam se mexeu, tentando ficar de frente para mim. - Pode nem ter um Ceifeiro ali dentro.

- Essa coisa mexeu com você, hein? - Disse Dean.

Olhei ele. - Ele estava levando você.

Dean assentiu.

Respirei fundo. - Como faremos?

- Eu e Sam seremos os agentes.

Franzi o cenho. - E eu?

Dean me deu o seu melhor sorriso. - Nossa estagiária.

Sam riu mas eu fiquei olhando ele, odiando a ideia.

Indiquei a sua testa, onde ainda estava uma cicatriz. - Como vai explicar um agente ter essa coisa medonha?

Dean deu de ombros. - Você não usa maquilhagem? Então, pode cobrir isso.

Revirei os olhos.

Mais tarde, ainda no motel, Dean estava sentado em uma cadeira, na minha frente. Eu estava de pé, no meio das suas pernas, cobrindo, o melhor que conseguia a sua cicatriz com maquilhagem.

Percebi que os olhos dele estavam no meu rosto e sorri, sem olhá-lo.

- O que foi? Nunca viu, não?

- Desse ângulo? Não.

Olhei para baixo e ele me sorriu. Aquele sorriso irritante de galã. Respirei fundo e abaixei os braços, encarando ele.

- Quer parar? Eu já me sinto mal o suficiente de cada vez que tenho de usar essa saia. Eu odeio isso! Me sinto muito melhor com meus jeans.

Ele deu de ombros. - Devo dizer que não concordo. Eu prefiro assim.

- Você não prefere nada.

Dean riu. - Verdade. Eu preferia você sem nada, mas você não quer.

- Você vai acabar morto, Dean Winchester. - Falei, regressando na sua testa.

- Sei. Você não me deixou morrer naquele hospital, quer que eu acredite que me mataria?

Mordi a lingua. Nisso ele tinha razão.

- Cala a boca.

Ele suspirou. - Deixa de ser idiota. Você me tirou de lá. Você se importa.

- Da mesma forma que me importo com o Sam.

Dean segurou o meu pulso e me olhou.

- Você chorou, agarrada no meu braço.

Fiquei ali, olhando ele. Não podia negar, ele estava lá. Eu sentira ele. Dean sabia.

- Tá. - Respondi. - Eu me importo, sim. E daí?

Dean soltou o meu pulso e se manteve quieto, indicando a testa. - Pode continuar.

Revirei os olhos e regressei ao trabalho.

Depois de longos segundos de silêncio, eu respirei fundo e abaixei os braços, ganhando um olhar surpreso de Dean. Puxei uma cadeira e sentei na sua frente, vendo seus olhos prenderem os meus.

- Quem quer que fosse o demónio com quem o seu pai fez o pacto, ele sabia o porquê de eu ser... Estranha. - Dei de ombros. - Ele falou para o John, que estava relacionado com a minha marca.

Dean franziu o cenho. - Espera! Isso não é uma tatuagem?

Neguei. - Não. Eu sempre tive... Mas ficou mais nítida depois.... Depois de uma missão que eu tive no Iraque.

Ele se inclinou na frente, me encarando.

- Isso é a causa da sua estranheza?

- Acho que não, só está relacionado. Não sei. - Suspirei.

Do nada, Dean colocou uma das suas mãos sobre a minha.

- No final desse caso, vamos procurar essa marca. Sam é bom em pesquisas, ele pode ajudar. Tem de ter uma explicação! E talvez você consiga me ajudar com o Sam, como meu pai falou.

Assenti e sorri fraco.

- Obrigada, Dean.

Ele assentiu, fazendo carinho com um dos dedos na minha mão que estava sob a sua.

BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora