13 - Sino

436 54 3
                                    

- Como assim, sumiu?

Bobby nos olhava, de cenho franzido, a preocupação no seu rosto e a confusão.

Respirei fundo, de braços cruzados sobre o peito, apoiada na beira da porta, enquanto Dean, sentado no braço do sofá, explicava ao Bobby como Sam tinha desaparecido sem deixar rastro.

- E o celular?

Neguei. - Tocou da primeira vez, agora dá fora de área.

O mais velho passou a mão pelo rosto e suspirou. - Vou pegar uma cerveja e vamos partir pelo último caso que vocês tiveram, talvez haja respostas. Quero saber tudo, cada detalhe, cada coisa que aconteceu. - Se afastou mas depois nos olhou. - Querem uma?

Eu neguei nas Dean aceitou e Bobby saiu em direção da cozinha.

Dean passou a mão pelo rosto.

Respirei fundo e me aproximei. Odiava ver ele assim.

- Vamos achá-lo.

Ele me olhou e assentiu. - Talvez. - Balançou a cabeça. - Eu passei toda a minha vida protegendo ele, eu...

Dean fechou os olhos, abaixando a cabeça, e depois fez uma careta de dor.

Franzi o cenho e abaixei junto dele, olhando o seu rosto.

- Dean!

Ele continuava com aquela expressão e eu ergui as mãos, para tocar no seu rosto, para ajudar de alguma forma, e foi quando aconteceu.

Fiquei parada, minhas mãos coladas no rosto dele, e várias imagens passando pela minha mente. Imagens muito rápidas, sem sentido, mas houve uma que parou. Era um velho sino, escuro, e com um desenho na frente...

- Rebekah! Dean! - Era Bobby, mas eu não conseguia soltar o caçador.

Senti as mãos de Bobby me puxando para trás. - Rebekah! Solta ele! O que está acontecendo aqui?

Abri as mãos, afastando as pontas dos dedos da pele do Dean, e ele se sentou direito, me olhando, franzindo o cenho, mas sem a expressão de dor.

Deixei que Bobby me afastasse dele, e franzi o cenho. O que estava acontecendo comigo?

- Rebekah, o que foi aquilo?

Olhei Bobby e neguei, devagar. - Eu não sei. O Dean parecia estar com dor, eu me aproximei... - Olhei Dean. - Você estava com uma forte dor de cabeça.

Dean assentiu. - Eu nunca tive isso!

- Tá, mas porque você estava daquele jeito? - Perguntou Bobby, para mim.

Lembrei da imagem do sino e olhei Dean. - Você viu? Imagens estranhas?

Dean ficou me olhando, mas acabou por assentir, minutos depois.

Senti um arrepio.

- Espera! - Disse Bobby. - Você viu o que estava passando pela mente dele? - Indicou Dean.

Abri a boca, mas fechei de novo, pensando, mas não existia uma explicação para nada do que acabara de acontecer.

- Eu... - Passei a mão pelo cabelo. - Precisamos achar o Sam, ele é a prioridade. - Me afastei em direção da porta.

- Onde vai? - Perguntou Dean.

Parei e olhei ele. - Lá fora. - E saí.

Me afastei da casa e olhei a noite, respirando fundo e depois sentei sobre um tronco de madeira que Bobby tinha ali. Abaixei a cabeça.

Eu precisava descobrir o que estava acontecendo.

Senti algo se aproximando e ergui a cabeça, vendo um cachorro. Sorri e estiquei a mão.

- Oi.

Ele sentou do meu lado, se encostando nas minhas pernas.

Distraidamente, passei os dedos pelo meu colar, pela pedra vermelha, pensando.

Tudo bem, eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas poderia pensar nas imagens que vira na minha mente, e se o Dean também tivesse visto elas, eu tinha de descobrir o porquê. O que era aquele sino? Que imagens eram aquelas?

- Bekah?

Olhei para trás, vendo Dean, de pé, atrás de mim.

Sorri e ele se aproximou, sentando do meu lado, me olhando como se eu fosse uma experiência científica.

Eu ri. - Eu não mordo.

Ele sorriu torto. - É, mas aquilo foi assustador.

Apaguei o sorriso, abaixei a cabeça e assenti. - Eu sei.

Senti a mão dele na minha e ergui o olhar.

- Eu prometi que iríamos descobrir a verdade. E vamos. Mas... O Sam...

Assenti. - Primeiro o Sam, eu estou de acordo com você nisso.

Dean assentiu e tirou a mão, respirando fundo.

- Foi a primeira vez? - Perguntei. - Essa dor?

- Foi. Nunca tinha acontecido. Mas... Não pode ter sido o último caso. Depois da Shtriga, a gente matou o quê? Um espírito? Ele ficou bem morto e não existia nada associado a ele.

Respirei fundo. - Deve ser outra coisa. - Toquei na minha cabeça. - Eu sei que o que está acontecendo comigo, nada tem a ver com um espírito. É como... Se fosse parte de mim.

Dean franziu o cenho. - Um demónio?

Eu ri. - Não estou possuída, Dean.

Ele riu. - Eu sei. Foi só uma hipótese.

Levantei e estiquei a mão para ele, que agarrou e levantou. - Vamos, temos de achar o Sam.

Entrámos na casa e Bobby já estava debruçado sobre livros e diários de caçador. Ele nos olhou.

- Fiz uns telefonemas. Ao que parece, Sam não foi o único garoto a desaparecer.

Franzi o cenho.

- Não? - Dean se aproximou dele.

- Não. - Bobby mostrou um papel a ele, onde anotara qualquer coisa. - Esses são os nomes dos miúdos desaparecidos até agora. Todos no mesmo dia. Incluindo o Sam.

Dean olhou o amigo e depois para mim, regressando nele. - Para onde eles foram?

Bobby deu de ombros. - Temos de descobrir. - Depois me olhou. - Você está melhor? Acha que consegue fazer isso?

- Claro que sim. - Falei.

- Hey, a Bekah é da família, já. Ela sempre ajudou o Sam. - Disse Dean, olhando Bobby. - Ela me salvou até, depois do acidente.

Bobby ergueu as mãos. - Só perguntei, calma tigre.

- Vamos focar no Sam. - Disse ele, um pouco nervoso.

Ficámos horas ali, procurando, pesquisando, lendo tudo o que podíamos.

Bobby acabou por ser vencido pelo cansaço e decidiu ir para o quarto, mas Dean se manteve ali, bebendo, comendo e procurando qualquer coisa que pudesse ser útil.

Eu estava sentada no sofá, com as pernas encolhidas, e um livro pesado sobre elas, mas minha mente não estava realmente ali.

Eu estava pensando em tudo o que vinha acontecendo de estranho com a minha pessoa.

Eu sempre fora estranha, diferente, mas nada de preocupante... Até agora.

Passei a mão pelo cabelo e percebi que Dean estava me olhando.

- Você está bem? - Perguntou.

Assenti, sorrindo fraco. - Sim.

Ele assentiu, devagar, e voltou a dar atenção para o livro.

Virei a página e senti meu coração parar.

Tinha uma imagem ali... Era um sino. Um sino antigo. Exatamente igual ao que eu vira na mente do Dean.

Sentei rapidamente, colocando as pernas para baixo.

- Dean!

BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora