Está proibida

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Susan - com quem estava? - ela me observava pelo vão da cortina. 

Max - um amigo - eu digo breve caminhando para meu quarto. 

Susan - um amigo? E saíram só os dois? - ela fica desconfiada, não parece ter gostado. 

Max - você não disse para mim arranjar amigos? 

Susan - amigos, Max. Não para sair por ai com esse moleque, você nem sabe de onde ele vem

Max - vem de Hawkins 

Susan - você entendeu o que eu quis dizer

Max - eu nunca tive muitos amigos, mãe. Agora não seria diferente - ela não responde e eu subo para meu quarto.

Minha mãe nunca gostou do fato de me dar melhor com garotos do que com garotas. Os garotos não se importam com a minha roupa ou meu cabelo, mas eles ligam para videogames, skate e filmes de terror. Eu odiava cada segundo do jantar, era sempre uma tortura. Um clima de que uma bomba poderia estourar a qualquer segundo e todos se mantinham atentos. A energia negativa que os Hargrove exalava era quase palpável, e desde que tive que conviver com eles não ando comendo como antes. Quanto menos eu como, menos tempo terei que passar com eles. 

Neil - como foi a escola hoje? - ele quebra o silêncio. 

Billy - igual a todos os dias - ele diz como quem não quer nada. 

Susan - Max veio sozinha para casa hoje - ele critica Billy que para de comer na mesma hora.

Neil - deixou sua irmã sozinha? - ele diz com aquele tom ameaçador de sempre.

Billy - ela me disse que iria sair com um colega. O que queriam que eu fizesse? Ficasse esperando a tarde toda ela decidir ir embora? - ele se irrita.

Neil - é exatamente o que você tem que fazer. Ela é sua irmã, se alguma coisa acontecer com ela a culpa será sua - ele altera o tom de voz fazendo eu e minha mãe ficarmos tensas. Billy afasta a cadeira e sai da mesa de jantar deixando seu prato cheio, um Neil muito irritado e um clima horrível. 

Max - to sem fome - eu me afasto também. 

Susan - você mal tocou na comida - eu apenas ignoro e continuo subindo as escadas. Não quero mais viver por hoje.

Escovo meus dentes, coloco meu pijama e tento pegar no sono mas era quase impossível. Toda vez que fechava os olhos ouvia Neil gritar com Billy e via Billy fazendo da minha vida um inferno por isso. Quando estava na Califórnia e Neil brigava com Billy ou com a minha mãe eu sempre fugia para a casa do meu pai. Ele sempre dizia que nem tudo era ruim, que ainda existiam partes boas na nossa vida, e que era para se apegar nesses momentos e nessas memórias. Naquela época eu sempre pensava nele, e em qual filme iríamos assistir no dia seguinte, ou qual o tamanho do forte que iríamos construir. Mas agora não tinha meu pai, não assistiremos um filme e nem construiremos um forte. Memórias boas. Me lembro do dia de hoje. Do Lucas caindo do skate, do seu sorriso, da sua risada. Não. Definitivamente não. Minha bochecha começa a queimar como brasa, não posso pensar nisso. Vou lembrar do que fizemos hoje, e não com quem fiz. Tento dormir lembrando da minha tarde mas nada conseguia me fazer apagar, então simplesmente desisto e começo a ler uma das minhas revistas em quadrinhos. Sinto meus olhos pesarem e arderem, olho para o despertador ao lado da minha cama que marcava 3:43 da manhã. Deixo a revista de lado e tento dormir novamente. O barulho do despertador nunca esteve tão alto. Nem percebi quando apaguei, mas fiquei feliz por ter conseguido. Hoje é sexta-feira, meu primeiro fim de semana em Hawkins. Quando estava na Califórnia eu costumava sair no sábado com um amigo meu. Ou eu apenas ia até a casa do meu pai, pedíamos uma pizza e conversávamos.

I See You - LumaxOnde histórias criam vida. Descubra agora