Minha família

185 18 18
                                    

Joyce tinha chegado e trouxe uma vasilha grande com lasanha. Ela tinha um filho também, o nome dele é Will. Ele era tímido e reservado, me lembra um amigo da Califórnia. Bom, meu único amigo da Califórnia pra ser mais exata. Aparentemente ele, Lucas e Mike tinham um grupo de D&D, estavam marcando de jogar na casa do Mike algum dia da semana.

Joyce - então, Max. O que está achando de Hawkins? - ela me olha sorrindo como se realmente tivesse interessada em saber.

Max - gosto daqui, é calmo. Mas acho que precisa de mais sol - Hopper e Joyce riem.

Joyce - talvez algum dia podemos marcar uma viagem em família para Califórnia, o que acha? - ela pergunta ao Hopper. Isso fez o sorriso em meu rosto se desfazer por completo.

Hopper - o que foi? Está se sentindo bem? - ele se preocupa.

Max - não, tá tudo bem. Vocês vão adorar lá - finjo um sorriso. Por um momento eu me deixei enganar fingindo que essa família é minha.

Joyce - você pode nos mostrar seus lugares favoritos lá

Max - eu? Achei que fossem em família

Joyce - olha em volta, Max. Nossa família é isso aqui, e você faz parte dela agora - Steve e Robin faziam cosquinhas no Lucas enquanto Jane e Mike o seguram. Will estava ao lado sem saber se ajudava Steve ou Lucas. E isso me arranca um leve sorriso.

Hopper - venham jantar, crianças! - ele diz assim que coloca o frango na mesa.

Will - como foram os jogos?

Mike - não gostei muito esse ano - ele dá de ombros.

Lucas - ele só diz isso porque perdeu - ele diz orgulhoso.

Robin - e nós perdemos o próximo

Lucas - é - ele se lembra - mas ano que vem é nosso!

Robin - é!

Max - sua escola não jogou, Will?

Will - jogamos mas perdemos o primeiro jogo também

Robin - deveria se mudar para Hawkins Middle School, somos os melhores

Will - eu não iria reclamar, as pessoas não são muito receptivas onde eu estudo

Lucas - você também, Mike. Deveria estar cansado de perder - Mike olha de cara feia.

Jane - seria legal se todos nós fossemos para mesma escola

Lucas - deveríamos

Robin - por que eu não repeti de ano? - ela brinca - está vendo, Steve. Estão planejando se unir só porque nos formamos

Steve - o que? - ele diz mordendo uma coxa de frango, como se não tivesse ouvido nenhuma palavra do que dissemos até agora.

Robin - não ouviu nada que eu disse?

Steve - ouvi sim, concordo com tudo - ele diz sério e todos rimos.

Joyce - sabe que eu não acho uma má ideia trocar o Will de escola

Hopper - não queria que a Jane saísse de lá também - ele olha de cara feia para o Mike que se encolhe na cadeira.

Joyce - depois conversamos melhor sobre isso, agora vamos comer

A lasanha estava deliciosa, o frango também mas todo frango é igual, certo? Mas nunca na minha vida eu tinha comido uma lasanha tão boa. Começo a pensar no que a Joyce disse sobre sermos a família dela. Lucas, Steve, Robin e agora eu. Nós não somos parentes e nem nada que nos aproxime desse jeito, mas mesmo assim ela disse a palavra família. E olhou para eles, e para mim. Talvez eu tenha que para de achar que ninguém me quer por perto, e esquecer de vez todas as inseguranças que o Billy me fez ter. Talvez eu possa admitir que existem pessoas que gostam de mim de verdade e me querem parte da família delas.

Lucas - quer sair? - ele diz baixo enquanto os outros se entretinham em outro assunto.

Max - sair? Para onde?

Lucas - não sei, eu estava pensando em andar por ai

Max - não estava de castigo?

Lucas - ainda estou mas as condições eram que eu estava proibido de sair depois da escola e nada de videogame

Max - você jogou videogame - eu provoco.

Lucas - se ninguém contar ela não vai saber

Max - você é uma péssima influência, Lucas Sinclair

Lucas - isso é um sim?

Max - vamos

Estávamos só nós caminhando ao arredores da cabana. O clima era frio e o céu, pela primeira vez desde que me mudei para Hawkins, estava repleto de estrelas. Era silêncio, só se ouvia o som das folhas das arvores balançando com o vento e das cigarras e grilos que cantavam incansavelmente. Eu inspiro aproveitando o ar fresco e a sensação de paz que a natureza me proporciona.

Lucas - gosta daqui?

Max - qualquer lugar é melhor que a minha casa

Lucas - eu gosto daqui também. Quando eu brigava com meus pais eu sempre fugia pra casa da Jane

Max - eles são muito legais. Não é qualquer um que aceita uma adolescente problemática na casa deles - brinco com um tom autodepreciativo.

Lucas - só pra você saber, é a minha adolescente problemática preferida

Max - sou a única que conhece - eu do risada.

Lucas - talvez - ele me olha com aquele olhar divertido. Ele coloca seus braços ao redor do meu corpo selando nossos lábios.

Mike - hã... foi mal - ele aparece sem jeito e nós afastamos nossos lábios - a tia Joyce falou pra vocês voltarem. E o Hopper falou pra você ficar a um braço de distancia dela - ele diz para o Lucas um pouco divertido.

Lucas - ótimo, agora eu tô ferrado

Mike - bem vindo ao grupo - nós rimos e seguimos de volta para a cabana.

Steve e Robin levaram Mike e Lucas embora. Joyce e Will vão ficar para passar a noite. Aparentemente eles fazem isso uma vez por semana. Hoje foi a vez da Jane de escolher um filme e eu fui obrigada a assistir "Christine — O Carro Assassino". 1 hora e 50 minutos de puro sofrimento, onde um carro saia por ai atropelando as pessoas. Não vejo a hora de colocar essas pessoas para assistir "Halloween Ends". Vão ter que dormir com as luzes acesas por pelo menos duas semanas depois de conhecerem Michael Myers. Bom, pelo menos eu tive. Eu já estava na minha cama, que na verdade é um colchão no chão, esperando o sono chegar.

Jane - Max - ele me olha de cima, em sua cama.

Max - oi

Jane - eu tô feliz que esteja aqui - ele sorri sincera.

Max - eu também - retribuo da mesma maneira.

I See You - LumaxOnde histórias criam vida. Descubra agora