Sozinha

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Chego em casa e vou direto para o meu quarto, jogo a bolsa na minha cama e deixo meu skate correr livre pelo chão. A porta do meu quarto bate mas não respondo. Estava com raiva. Raiva dessa casa idiota, raiva daquela escola idiota, e raiva do idiota do Billy. 

Susan - foi tão ruim assim? - ela se senta na cama ao meu lado e me abraça e imediatamente começo a chorar.

Max - quero ir para casa, mãe. Eu odeio esse lugar, as pessoas são horríveis - eu digo em prantos. 

Susan - você só não se adaptou direito, filha. Logo vai se acostumar com a cidade - ela acaricia meu cabelo. 

Max - eu não quero me acostumar com a cidade, não quero novos amigos. Quero meus velhos amigos, e quero o meu pai

Susan - já chega, Maxine - ela se levanta brava - está proibida de falar sobre seu pai 

Max - o que?

Susan - sua cidade é Hawkins e sua família somos eu, Neil e Billy. Não quero mais ouvir reclamações - ela sai do quarto. 

Eu nunca me senti tão sozinha em toda minha vida. Eu não suportava esse lugar, e não suportava a ideia de ter que viver aqui pelo resto da minha vida. Pego meu skate e saio do meu quarto. Não vou voltar para casa tão cedo. Estava prestes a sair quando vejo Billy mexendo no carro irritado em frente de casa.

Billy - esses merdas riscaram meu carro! - ele diz irritado - a culpa é sua, sua merdinha - ele vem se aproximando de mim e eu logo rodo em meu skate para longe dali - você me paga, Maxine. Eu vou te pegar mais cedo ou mais tarde! - ele grita já de longe. 

Eu ando sem rumo pelas ruas de Hawkins. O tempo mais uma vez está nublado, acredito que será sempre assim. Algo me chama atenção. Palace Arcade. Quando estava na Califórnia adorava o fliperama de lá. Entro lá. O carpete era sujo, mas nada diferente da Califórnia. Havia várias crianças entretidas com seus jogos e logo avisto algo familiar. Dig Dug. Era meu jogo favorito. Me encaminho até a máquina e deposito algumas moedas nela. Passo a tarde no jogo e consegui bater o recorde de todos lá. Me senti orgulhosa quando vi Mad Max no topo. Quando minhas moedas acabaram saio do lugar e vejo que o céu já estava escuro. Acredito que seja em torno das 18:00. A rua não era escura a noite, diferente da Califórnia. Quando chego em casa vejo minha mãe preocupada e assim que me nota ela vem ao meu encontro me abraçando forte. 

Susan - onde estava?

Max - achei um fliperama

Susan - me desculpa pela forma que eu falei com você. Sei que não está sendo fácil, mas por favor, você não está nem tentando. Me prometa que pelo menos vai tentar - ela me encara. 

Max - até que o fliperama daqui não é tão ruim. Nem as ruas. E eu gosto das árvores - respondo olhando o chão, dando meu braço a torcer pela primeira vez. 

Susan - que bom - ela suspira aliviada e volta a me abraçar.

O jantar foi um desastre. Cheio de perguntas sobre a escola e os novos amigos. E cheio de respostas vagas por parte minha e de Billy. Eu obviamente não iria contar a minha mãe sobre Anna e seu exército, seria algo que eu teria que lidar sozinha. Acordo mais um dia em um quarto diferente. Desço as escadas e Neil não estava na mesa.

Max - onde está Neil? 

Susan - seu pai foi procurar emprego - sinto uma vontade súbita de dizer que ele não é meu pai, mas não o faço.

Termino o café da manhã e vou a escola. No caminha foi a mesma coisa de antes, Billy ofendendo todos da cidade incluindo a mim. Na escola também não foi diferente do primeiro dia, escutava cochichos e risadas atrás e tentei não me importar. A verdade é que a pior parte de tudo é o intervalo. Fui guardar meu material já me preparando psicologicamente para enfrentar a fila e a solidão. 

I See You - LumaxOnde histórias criam vida. Descubra agora