Billy

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Quando chego em casa ela está vazia. Nenhum sinal da minha mãe ou Neil. Vou até meu quarto e quando entro ele está todo revirado. Alguém entrou aqui. Será que foi embora? Será que ainda está aqui? Avalio o estrago. Minhas roupas estavam esparramadas pelo chão e a caixa de vídeos de terror que meu pai me deu antes de me mudar estava no chão com todas as fitas quebradas, como se tivessem sido pisoteadas. Eu me ajoelho e analiso para ver se há alguma forma de concerta-los, com as lágrimas já brotando em meus olhos.

Billy - eu disse que ia pagar - ele diz me observando da porta com um ar de satisfação.

Max - seu idiota! Eu te odeio! Eu te odeio - eu me levanto enfurecida e começo a bater no Billy. Estava desolada, nunca imaginei que Billy realmente fosse fazer algo para me machucar a esse ponto.

Neil - o que está acontecendo aqui?! - ele chega bravo e autoritário separando a briga. Minha mãe estava ao lado e eu corro para seu abraço. Ela acaricia meu cabelo.

Susan - o que está acontecendo?

Neil - Billy, o que houve aqui?

Susan - ai meu Deus! - ela olha para meu quarto - o que vocês fizeram? - ela me solta e agora está olhando para o quarto do lado de dentro - Max? O que aconteceu? Você fez isso? - ela me pergunta calma, mas não conseguia responder.

Neil - foi você, não foi? - ele olha para Billy - seu filho da puta - ele soca seu rosto fazendo minha mãe se afastar e eu me assustar - você vai arrumar essa bagunça, vai colocar tudo onde estava e se quebrou vai comprar outro. E vai pedir desculpas a sua irmã. Estamos entendidos? - ele diz com aquela voz ameaçadora que só os Hargrove sabem fazer. Billy o encarara visivelmente irritado. Dava para ver o ódio em seu olhar frio - ENTENDEU?! - ele grita fazendo todos se assustarem.

Billy - sim senhor - ele diz baixo.

Neil - pois então peça desculpas - Billy caminha relutante até mim.

Billy - me desculpa, Max - eu não digo nada. Também estava com raiva. Então ele sai e se tranca em seu quarto.

Neil - ele vai consertar - ele diz a mim e a minha mãe. Ele entra no quarto do Billy e escuto ele trancar a porta. Naquele momento sabíamos o que iria acontecer, então minha mãe e eu descemos ao andar de baixo. Apesar de tudo, e depois de tudo que ele me fez, ainda sentia pena do Billy, sentia medo por ele e não queria que ele estivesse naquela situação. 

Susan - o que aconteceu Max? Por que o Billy revirou o seu quarto?

Max - eu não sei - como eu explico para minha mãe que eu roubei o carro do Billy para ir a Califórnia, isso depois de atingir ele na perna com uma barra de ferro.

Susan - Max... você não é de mentir 

Max - não quero falar sobre isso, mãe

Na hora do jantar, Billy não aparece e Neil tem uma expressão séria. Ninguém se atreveria a dirigir a palavra a ele. Eu só queria o Lucas agora. Eu não sei como explicar mas ele me passa essa sensação de paz e segurança. E é exatamente disso que eu preciso agora. Se ao menos eu soubesse onde ele mora. Não faria nada, já está tarde. Ele com certeza me chutaria da sua casa. Bom, ele não mas Érica sem sombra de dúvidas.

Depois do jantar eu tento arrumar o meu quarto, e depois pego no sono. Mais uma vez acordo cedo para ir a escola, mas está chovendo. não consigo ir de skate. Me recosto frustrada na cama. Vou ter que ir com Billy. Tomo coragem para sair da cama e vou ao banheiro. Me arrumo e desço as escadas.

Susan - achei que tinha ido de skate

Max - está chovendo - por mais que ela feche os olhos para algumas atitudes de Billy, ela sabia que não era confiável ficar perto dele depois de levar uma surra. Ainda mais se for por minha causa. E com certeza ela está com medo por mim. Então preferia que eu fosse da skate na chuva do que no carro com o Billy.

Neil - bom dia - ele se senta na mesa e pega seu jornal matinal.

Susan - bom dia, meu amor

Billy - bom dia - ele se senta na mesa. Seu rosto não tinha hematomas.

Susan - bom dia, Billy - ela diz com uma entonação solidária.

Billy - bom dia, Max - ele olha para mim com aquele olhar gelado dele. 

Max - bom dia - digo meio acanhada, sei que foi uma espécie de ameaça - mãe, acho que vou voltar mais tarde da escola hoje 

Neil - por que?

Max - tenho um trabalho, e preciso terminar ele o quanto antes. Na biblioteca da escola deve ter alguma coisa que me ajude - mentira. não tem trabalho. Mas não vou correr o risco de entrar no carro com Billy duas vezes. 

Susan - tudo bem - ela diz antes que Neil ache ruim e ele não diz mais nada.

Billy - vamos, já está na hora - ele se levanta da mesa e pega sua mochila. 

Susan - boa aula - Billy da um sorriso fraco e vai em direção ao carro. Eu sento ao seu lado sem fazer contato visual. 

Billy - você fodeu com a bateria do meu carro. Tive que trocar - ele diz assim que o carro deu partida - o que fez com ele? - ele diz se olhando no retrovisor.

Max - nada. Ouvi música - digo breve ainda sem fita-lo.

Billy - ainda não pagou por isso, Max - ele diz baixo e saímos em direção a escola.  Não conversamos o caminho todo. Nem nos olhamos e o clima era pesado. Sentia uma angustia. Como se algo ruim pudesse acontecer a qualquer momento. Quando chegamos me atiro de dentro do carro o mais rápido possível. Entro na escola e vou atrás do Lucas. Assim que  vejo eu o abraço. Não pensei muito antes de fazer isso. Só sei que precisava e muito. Ele se assusta no inicio mas logo me abraça de volta.

Lucas - ta tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - ele diz preocupado. 

Max - Billy - eu apenas disse seu nome e minha voz ficou embargada.

Lucas - ele te machucou? - eu não consigo responder. Sinto as palavras enroscadas em minha garganta. Se eu ousasse dizer algo as lágrimas viriam junto e eu definitivamente não quero chorar nos braços do Lucas. Então eu apenas o abraço mais forte - ta tudo bem, eu to aqui - ele acaricia a minha cabeça. 

Max - desculpa por isso - eu solto ele depois de conseguir me controlar. 

Lucas - não tem problema. Quando precisar de um abraço eu to aqui - ele acaricia meu ombro e eu me sinto muito melhor que antes - eu até te ofereceria caronas pra não ter que ir com ele, mas eu to sem a bicicleta

Max - eu sinto muito por isso, Lucas 

Lucas - ei, não se preocupa, ta bom? Eu disse que alguns meninos quebraram ela e meu pai disse que vai economizar para me dar outra até o natal 

Max - o natal está bem longe 

Lucas - passa rápido. Falando em natal... já pensou sobre o baile?

Max - tem certeza que não quer ir com alguém mais agradável?

Lucas - absoluta

Max - tudo bem

Lucas - mesmo?

Max - é. Por que não?

Lucas - legal! vou te roubar um abraço também - ele coloca seus braços em torno de mim antes mesmo que eu processe o que ele acabou de dizer. Nunca vou dizer isso a ninguém, mas o abraço de Lucas era meu lugar favorito em Hawkins.

I See You - LumaxOnde histórias criam vida. Descubra agora