Me sentia a maior idiota do mundo por não conseguir parar de pensar no Lucas e no nosso beijo. Na verdade, eu nem sei se isso foi um beijo, mas nossos lábios se tocaram, então acho que isso vale alguma coisa, certo? Lucas fazia eu me sentir tão bem, mesmo não estando perto. Billy poderia me atropelar agora que nada estragaria meu dia. Pego o papel no meu bolso e encaro o número escrito, será que eu ligo? Não, com certeza não. Nesse momento ele deve estar levando uma bronca pela bicicleta, por culpa do Billy. Tento não pensar nisso, vou até meu quarto e deito na cama. Acordo no dia seguinte cedo novamente e agradeço pelo tempo estar bom, e com "bom" eu quero dizer nublado, gélido e sem chuva. Desço para cozinha e faço umas torradas para comer com café sem fazer alarde, pego meu skate e vou para a escola. Me sentia bem, bem de verdade. É a primeira vez que eu me sinto assim em Hawkins, fecho os olhos e sinto a brisa gelada bater no meu rosto. Hoje eu estava de bem com tudo, com o frio de Indiana, com o céu cinza, com as folhas que caiam das milhares de árvores que me cercavam. Finalmente consigo ver Hawkins como minha casa. Chego na escola e guardo meu skate no armário. Vejo Dustin no armário da frente, nunca reparei que o armário dele é na frente do meu. Ele estava guardando sua mochila e escolhendo alguns livros para a aula de hoje enquanto ouvia música em seu walkman. Estava completamente distraído com seus afazeres que eu não quis interromper, na verdade eu não sabia nem o que dizer, ele poderia estar bravo comigo por ter dito não, ou por ter aceitado a rosa e dito não. Ele pode ter visto a rosa no latão de lixo de fora já que ela murchou na minha bolsa. Alguns garotos tiram o fone dele e jogam no chão assim como fazem com os livros que ele segurava e saem rindo. Eu reconheço os garotos, são os mesmos que ficam atrás da Anna. Ela mandou eles fazerem isso? Eu vou até o Dustin e ajudo ele a pegar suas coisas do chão.
Dustin - obrigado, Max
Max - por que eles fizeram isso?
Dustin - é o que eles fazem - ele da de ombros - droga - ele analisa seu walkman quebrado.
Max - você deveria contar para a diretora
Dustin - eles são dois, se eu contar pra diretora vão virar vários. Não quero problemas com esse pessoal. Tenho que ir - ele sai cabisbaixo.
Vou para sala e tenho aula normal, no intervalo Lucas já estava sentado na mesa que costumamos sentar.
Max - achei que fosse treinar hoje
Lucas - vamos treinar depois da aula. Amanhã tenho meu primeiro jogo
Max - está gostando?
Lucas - até que sim. Você vai né?
Max - claro
Lucas - legal - ficamos alguns segundos em silêncio e nada mais passava na minha cabeça a não ser o que rolou ontem.
Anna - Lucas - ela se senta ao seu lado na mesa. Alguns meninos a seguia, dentre eles Billy - preciso que dê isso a sua irmã - ela o entrega uma caixa.
Lucas - o que é isso?
Anna - é alguns brinquedos que minha mãe não doou. Não uso então dá pra ela
Lucas - Érica também não brinca, mas ela vai adorar decapitar as bonecas - ele analisa o conteúdo na caixa.
Anna - bom, não importa o que ela vai fazer. Só estou abrindo espaço na minha estante para o prêmio do concurso de talentos
Lucas - tá - ele coloca a caixa do seu lado. Anna me encarava e encarava Billy que me olhava com aquele olhar assustador.
Anna - Lucas, vai buscar para mim um suco com os meninos
Lucas - o que? - ele olha um pouco intimidado para os garotos.
Anna - por favor - Lucas hesita um momento mas faz o que ela pediu - ele está te incomodando? - ela diz assim que os meninos saem nos deixando a sós.
Max - o Lucas?
Anna - não, o Billy
Max - ah... é um pouco complicado, não vai querer saber
Anna - prometi para o meu primo que não ia deixar ninguém dos meus te incomodar, e eu não sou de quebrar uma promessa, principalmente quando é para a minha família - por mais que isso tenha soado idiota, era legal ela se importar com a família. Teve algum momento que eu cheguei a comparar Anna com Billy, mas eles não são iguais, ele nunca me defenderia de nada - o que foi? - ela diz já que eu não digo mais nada.
Max - nada - não quero arrumar problemas para o Billy, porque isso significava problemas para mim também.
Anna - eu posso acabar com a vida dele nesse lugar
Max - não faça isso. Ele é meu irmão. Meio irmão - Anna estava com uma cara de choque.
Anna - então isso é briga de irmão?
Max - Billy e eu nunca nos damos bem. Mas não se preocupe com isso, eu lido com ele do meu jeito
Lucas - pronto - ele coloca um suco na mesa.
Anna - obrigada, Lukey - ela se levanta - se ele fizer algo, me avisa - eu apenas assinto com a cabeça e ela sai.
Lucas - ela ficou aqui conversando com você? Ela não te humilhou, né? - ele fica preocupado e eu ri.
Max - não. Ela só perguntou do Billy, se ele estava me incomodando
Lucas - você contou?
Max - mais ou menos
Lucas - você não gosta de falar nisso né?
Max - não - digo breve e talvez tenha soado um pouco seco.
Lucas - queria poder te ajudar - ele sai da minha frente e se senta ao meu lado.
Max - você já me ajuda, Lucas. E muito - ele acaricia meu rosto me olhando com aquele olhar. O mesmo olhar de ontem. O meu favorito. Eu encosto minha cabeça em seu ombro e ele me abraça. Ficamos assim em silêncio. Mas não era um silêncio incômodo e nem desconfortável. Era bom e de certa forma acolhedor. Estava me permitindo sentir coisas pela primeira vez na minha vida. Estava me convencendo de que estar apaixonada não é algo ruim. Não que eu esteja, é só um amadurecimento pessoal. O sinal toca e relutante eu saio dos braços do Lucas.
Lucas - vai ficar tudo bem - ele me diz olhando nos meus olhos e eu retribuo com um sorriso - até depois, Max
Max - tchau, Lucas - nos separamos e voltamos cada um para sua respectiva sala.
O dia passou rápido. Já não estava me sentindo deslocada em relação as matérias. Já estava acompanhando junto com os outros alunos. Estava conseguindo compreender melhor e as pessoas pararam de ficar cochichando sobre mim. Agora cochichavam sobre outro aluno novo. Em resumo, minha vida estava começando a entrar nos eixos. Para ir embora eu não tive escapatória, tive que ir com o Billy. Se ele chegasse em casa sem mim, Neil iria matar ele.
Max - Billy, a gente não pode conversar e tentar se dar bem? Estamos presos um com o outro e não é justo nem comigo e nem com você tudo isso - digo com cautela, já esperando que ele jogasse o carro para o meio das árvores.
Billy - ah, Max... - ele bufa e logo começa a rir.
Max - qual a graça?
Billy - você estava esperando o que? Que eu parasse o carro e nos abraçássemos? Não, Max. Não podemos nos dar bem porque você estragou a porra da minha vida. Desde o dia em que você chegou você tem sido um estorvo, uma pedrinha chata que não sai do meu caminho
Max - como se você fosse a pessoa mais suportável do mundo - ele fica em silêncio e nada mais é dito por nós dois durante o resto do caminho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I See You - Lumax
FanfictionMax Mayfield não está nada empolgada em se mudar da Califórnia para Indiana. Sua vida não é fácil na nova cidade sem o pai, os amigos e a vida de antes. Mas ela não espera que um garoto qualquer da escola iria fazer ela mudar de ideia sobre Hawkins...