O que eu faço?

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Steve me levou até a casa de Lucas. Para minha sorte a escola de Érica ligou para a Sra. Sinclair para falar sobre a frequência dela na escola. Então ela não estava em casa. Lucas havia preparado uma água com açúcar e os dois me encaravam esperando eu falar algo.

Steve - tá, eu cansei de esperar - ele quebra o silêncio.

Lucas - Steve!

Steve - qual é a do maluco que saiu correndo atrás de vocês?

Max - é meu padrasto - ele me encarava esperando mais do que isso.

Steve - só isso? Ele é seu padrasto 

Max - é 

Lucas - deixa ela, Steve. Quando ela quiser contar ela vai 

Steve - nada disso, eu infringi várias leis de trânsito e provavelmente vou perder a carta, no mínimo eu acho que deveria saber o porque

Lucas - quando ligou falou do Billy. Ele te machucou de novo? - ele se aproxima de mim cauteloso, diferente de Steve que estava sem paciência e assustado. 

Max - quando eu cheguei em casa Billy se desculpou. Neil chegou e começou a bater nele. Bater de verdade

Steve - não me diga que se intrometeu - ele diz colocando a mão no rosto. 

Max - eu não podia ficar só olhando. Ele poderia matar o Billy. Eu fui tentar afastar os dois mas o Neil acabou me empurrando e eu bati a cabeça e acho que desmaiei

Lucas - o que? 

Steve - espera, isso é sério. Ninguém desmaia por nada, você tem que ir a um hospital 

Max - minha mãe queria me levar, mas Neil não deixou, disse que seria preso se me vissem assim

Lucas - deveria - ele diz irritado. 

Steve - e depois?

Max - eu disse que iria ao hospital mesmo assim. Eu não queria ir ao hospital de verdade, mas eu queria ver ele se ferrando. Pelo que fez comigo e pelo que fez com o Billy

Lucas - e como é que o Billy está?

Max - eu não sei, estava no quarto dele. Neil disse que iriam mandar ele para um reformatório e me ameaçou caso eu saísse do quarto. Então eu fiz uma mala e decidi que ia voltar para a Califórnia e morar com meu pai, mas eu não podia ir sem me despedir de você - olho para Lucas que me olhava com uma mistura de solidariedade, medo e raiva. 

Lucas - ai o Neil te ouviu 

Steve - e o Lucas me ligou 

Max - desculpa ter metido vocês nessa 

Lucas - não se desculpe, você não tem culpa de nada - ele acariciava meu rosto e isso me trouxe uma certa sensação de conforto. 

Steve - e como que tá a sua cabeça?

Max - está doendo, mas vai passar

Lucas - precisa ir ao hospital

Max - não tenho dinheiro pra pagar um hospital. Só me leva até a estação de ônibus 

Steve - você ficou maluca? Se não estiver em Hawkins, o primeiro lugar que vão te procurar é lá 

Lucas - Steve tem razão, não pode deixar Hawkins 

Max - não posso ficar aqui. Lá tem meu pai, ele vai dar um jeito 

Steve - eu sei que sente falta dele, e com razão. Esse seu padrasto está longe de ser uma figura paterna para você. Mas não é uma boa ideia. Pensa, se sua mãe e seu padrasto te acharam com seu pai em outro estado, podem até prender ele por sequestro ou algo parecido

Lucas - acha que eles fariam isso? - minha mãe foi capaz de denunciar meu pai para policia por conta das drogas, é obvio que teriam coragem. Steve tem razão, eu só vou piorar a vida dele, que com certeza deve estar melhor sem uma adolescente chata para se preocupar. 

Max - eu não sei o que eu faço - digo em desespero - volto pra casa?

Lucas - claro que não! Fica aqui, amanhã converso com meus pais e vamos dar um jeito 

Max - obrigada, Lucas - eu o abraço como se ele fosse uma boia em meio as águas turbulentas da minha vida.

Ao longo das horas eu ia me acalmando e aos poucos voltando a realidade, entendendo a gravidade da situação. Não vou deixar isso chegar longe demais, vou esperar a poeira abaixar, vou voltar pra casa e pedir para que não mandem o Billy para um reformatório. Ele se desculpou e chorou, eu vi em seus olhos que estava sendo honesto. Talvez, só talvez, ainda haja esperança para nós dois. Talvez com tudo isso ele tenha entendido que estamos no mesmo barco, passando pelo mesmo inferno. 

Lucas - se sente melhor? - Lucas não me largou por nem um minuto sequer. Estamos na sala, a tv estava desligada, estávamos apenas lá deitados e pensando.

Max - bem melhor - sorrio para acalmá-lo.

Lucas - eu vou ficar do seu lado, tá legal? Ninguém vai te machucar - ele desvia seu olhar para meu braço - não mais 

Max - eu sei, Lucas. Obrigada - ele sorri em resposta e um pouco hesitante beija meus lábios, e eu retribuo. 

Lucas - eu gosto muito de você, Mad Max 

Max - e eu de você, Stalker - ele sorri de uma maneira tão sincera e pura. Credo, Sinclair. O que você está me fazendo pensar? Algo me fez desviar a atenção de Lucas, um ronco de motor que eu conhecia muito bem - Billy 

Steve - ah... gente, temos um problema - ele diz olhando pela janela. Lucas e eu fomos até a janela também. Billy estava caminhando até a porta da frente da casa do Lucas. 

Lucas - a gente tem que se preocupar com ele? - ele pergunta assustado para mim. 

Max - eu não sei - eu nunca sei quando se trata de Billy. A verdade é que toda vez que eu acho que estamos dando um passo para frente, voltamos vinte para trás.

Billy - Max! Eu sei que está ai! - ele batia na porta, estava bravo - para de foder a minha vida e entra logo dentro desse carro! 

Lucas - você não pode ir

Max - o que a gente faz?

Steve - como ele sabe que você tá aqui?

Billy - Max! Abre a porra da porta! - ele batia nela mais forte. 

Steve - toma - ele me entrega a chave do seu carro - eu não acredito que eu tô fazendo isso mas vai pra longe daqui

Max - mas e você? - como eu vou deixar Steve aqui sozinho com o Billy? Ele é o meu irmão, o meu problema. Se acontecer alguma coisa vai ser culpa minha. 

Steve - eu me viro. Agora vai! 

Lucas me arrasta até a porta dos fundos. Nós saímos e Steve abre a porta para que Billy não nos visse entrar no carro. Ele não bate no Steve e nem nada, pelo menos não nos poucos segundos que deu para ver, antes do carro ir para longe da casa do Lucas.

Max - pra onde eu vou?

Lucas - Mike, acho que a Jane tá lá - ele vai me guiando e estacionamos o carro em frente a casa dos Wheeler.   

I See You - LumaxOnde histórias criam vida. Descubra agora