Capítulo 21

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                                 ~•~

Mais tarde estiveram juntos novamente, sem nenhuma palavra sobre os acontecimentos recentes que ainda formigavam no ar.
Naruto deitou-se na cama depois de findar a lida de escritório e se espreguiçou entre os lençóis como um gato.

– Venha mais perto. – Chamou baixinho, sua voz parecendo quebradiça e rasgada pelo cansaço.

Hinata arrastou o pequeno corpo fazendo uma pequena bagunça na roupa de cama delicada e se aproximou um pouco mais.

– No que está pensando? – O príncipe continuou quando não tinha que elevar a voz acima de um sussurro, era como se lhe perguntasse um segredo.

– Não acho que isso seja relevante, senhor. – Murmurou se encolhendo e piscando os cílios delicadamente.

– Besteira! Você parece ainda mais distante que o normal. – Segurou o lábio inferior entre os dentes enquanto as sobrancelhas loiras se juntavam. – Eu fiz algo errado? Achei que estava indo bem desta vez. –

Hinata suspirou alto considerando se deveria responder, mas não parecia que Naruto esqueceria isto se ela optasse por se calar, ele era do tipo insistente de homem.
– Eu só acho estranho…tudo isso que está se propondo a fazer por mim. –

– Tudo isso o que? Explique-se. –
Uma indagação genuinamente confusa poderia ser lida naquelas palavras, efeito que apenas deixava a Hyūga mais encabulada.

– Todo esse jogo de conquista e cuidados.– Franziu o cenho com a dor aguda que se instalou em seu peito.
– Até me exibindo por aí como se eu aumentasse seu status ou coisa do tipo, não faz sentido. –

– Claro que faz. – Naruto bufou e cruzou os braços virando o rosto para o teto.
– As coisas sempre foram assim desde que eu me entendo por gente. –

– De onde eu venho a felicidade das mulheres não tem tanta importância assim. – A sua não teve, nem a de sua mãe, nem de outras mil gerações de mulheres antes dela.
– Ser amante de um homem é algo para se envergonhar,  é como ser uma…uma vagabunda! –

– Envergonhar? Não é possível que amor seja uma vergonha! – Declarou com muita convicção. – E o que pode saber da vida um homem que nem consegue agradar uma mulher? –

– Na minha terra eu nunca me deitaria em sua cama ou frequentaria sua corte. – Ela sabia das histórias que escandalizavam as senhorinhas bem nascidas e que excitava algumas delas.
– Nos encontraríamos sob o manto da noite em uma pousada ou um chão de feno e as indecências seriam feitas em oculto. –  Sua pele esquentou ao falar, talvez isso mostrasse que tipo de senhorinha ela era.

Naruto contorceu o rosto em uma carranca.
– São muito estranhos os homens de onde você vem, recebem o amor de uma mulher e o escondem. –

Observou procurando algo na postura dele que entregasse falta de sinceridade, mas desistiu de buscar percebendo que talvez fosse possível existir um lugar tão diferente.
Talvez sua felicidade realmente importasse, de algum jeito retorcido e incomum.

Devia estar ainda muito absorta em pensamento por não perceber o que estava acontecendo até ser tarde demais, não notou quando um braço forte a puxou e seu rosto repousou em um peitoral de músculo duro como pedra.
Um abraço firme a prendeu como uma boneca de pano, mas não lhe faria mal no fim das contas.
Hinata ergueu a cabeça para encontrar o rosto do Uzumaki logo acima, o hálito quente com cheiro de carne e batatas a atingiu em cheio quando ele começou a falar.

– Amanhã andaremos a cavalo e vou lhe mostrar a feira da cidade, uma coisa bonita para os seus olhos é o que está precisando. –

A Hyūga assentiu com a cabeça, um pouco mais ansiosa do que se permitiria admitir.  – Obrigada.–

Ascendência - NaruHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora