Capítulo 9

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Quando a enfermeira voltou, ela a olhou por alguns instantes, torcendo para que nada de ruim lhe acontecesse. A enfermeira abriu um sorriso, e a levou para fora, lhe dizendo para ir tomar um pouco de ar enquanto ela não a chamasse de volta. Maria Antonieta deu algumas voltas pelo pátio da clínica, procurando uma saída daquele lugar, mas ao mesmo tempo fingia parecer como alguns dos pacientes ali presentes, sem noção do seu estado mental, ou da sua realidade. Não havia ninguém com quem contar, todos eram inimigos, qualquer deslize e ela estava condenada a uma vida de solidão, torturas,e medicamentos controlados, que não lhe trariam nenhum efeito positivo.

- Senhorita...

De repente, a jovem sonhadora sentiu um toque por trás, seu corpo tremia, seus batimentos estavam acelerados,seu rosto corava, mas ela continuava parada olhando para frente, acreditando ser uma enfermeira, ela se virou lentamente, mas o que ela não esperava, era que a pessoa por quem ela esperava ser, era apenas uma simpática senhorinha que a observava desde que ela havia chegado no hospital, e que pareceu estar disposta a ajudá-la.

- Eu sei...sei o que está tentando fazer... – Disse a senhorinha, pegando em sua mão  – Seus amigos, aquele lugar, está tentando fugir daqui para encontra-los, não é?

- Não! – Disse Maria Antonieta, achando que a senhorinha estivesse louca – A senhora deve estar...

- Não se faça de tola! – Disse apertando seu pulso – É claro que são eles! Eu sei o que está fazendo!Ela te fez a primeira vítima, te tirou do caminho porque ela sabe que você é diferente da maioria, e agoraela vai tortura-los, e depois fingir que nada aconteceu, e eu sei que você quer estar lá para impedir isso!

- Mas...como a senhora sabe que...

- Não sou tão louca quanto todos aqui, e nem você é! Eu a observei, desde que você chegou aqui, você não é como os outros,é mais jovem, e não apresenta sinais de transtorno mental, você fala a verdade! Muitos já passaram por aqui, e por outros lugares, mas ninguém nunca voltou para enfrentá-la, nem foram mais os mesmos! Eu sei disso...porque já vi acontecer...

- A...a senhora...a senhora é uma...

- Uma estudante? Não! Mas, eu sempre estive lá, não só aqui, mas em todos os lugares onde os primeiros estudantes foram mandados! Mas o que irei lhe dizer agora pode parecer um pouco estranho, mas...Eu não sou real...

- Como? Mas a senhora...eu estou falando com a senhora pessoalmente, o que é que...

- Eu não sou real! Nem tudo isto aqui é! Nem o hospital, nem os enfermeiros, nem os seus pais – Disse, fazendo com que Maria Antonieta se lembrasse da atitude de seus pais, e deixando-a mais chocada –Deve ter visto todos a sua volta agindo de uma forma estranha não é? Principalmente a sua família Pois saiba que tudo isto é uma ilusão!

- Uma ilusão? - questionou surpresa. – Mas como isso pode ser uma...

- O toque! O toque dos pesadelos! Quando um pesadelo toca uma pessoa,ela não tem como se defender! O toque é dado na testa, para ser mais fácil de chegar ao subconsciente! E quando isso acontece, eles penetram no seu psicológico, procurando informações para usar contra você, e escolhem principalmente o medo! – Disse, deixando Maria Antonieta chocada – É isso mesmo, o medo é o ponto fraco!O que quer te assuste, o seu pior pesadelo, vai te perseguir até que você deixe de lutar, mas nem sempre é fácil,quando você percebe já é tarde demais, porque a partir do momento em que você perde aqui...você perde também na sua realidade...

- Isso...Isso quer dizer que...

- Quer dizer que se você morrer aqui...você também morrerá de verdade...
Maria Antonieta logo caiu em prantos, enquanto a senhorinha lhe pedia para ficar mais calma e quieta, para que não percebessem a aproximação das duas. A situação da jovem sonhadora ia de mal a pior, pois além de descobrir a verdade sobre os pesadelos, ela não fazia idéia de como poderia sair daquela ilusão na qual foi colocada, e o medo de morrer não a deixava pensar direito.

- Então...o que a Madame Agatha dizia sobre brincar com psicológico...era...

- Tortura?! Sim! É tortura,é uma habilidade na qual eles abusam, e parecem que lhes fortalece,lhes dá prazer quando fazem isso! E quanto mais fazem, mais eles se fortalecem! Não é só a sua mente que é perturbada, o seu corpo também sofre, você não vê, mas já ouvi falar das sensações horríveis,como se a pessoa não tivesse controle sobre ele!

- Eu sei... – Disse, se lembrando do que ouviu sobre o Senhor Linus.

- Mas não se preocupe, eu vou te ajudar, só basta você seguir minhas ordens, eu já tentei ajudar muitos, mas infelizmente falhei com eles, e não há um só dia que eu não me culpe por isso...

- A senhora fez o possível para salvá-los, não tem motivo nenhum parase culpar, e eu quero estar pronta para enfrentar meus próprios medos, mesmo que isso custe a minha vida!

- Sabe, estou com o pressentimento de tudo vai dar certo, ou melhor, já deu certo!
Embora estivesse sob os olhares de enfermeiros, e com pouca confiança, Maria Antonieta decidiu colocar sua coragem em primeiro lugar, e junto da senhorinha, planejaram ideias para que ela conseguisse fugir do hospital. Os outros pacientes não representavam perigo, embora não fossem reais, e estivessem um pouco fora de sua realidade Maria Antonieta ao mesmo tempo sentia um pouco de empatia.A idéia era apenas fugir, mesmo que ainda estivesse presa na ilusão, isso só seria necessário para afastá-lade seu próprio medo, que ela tinha certeza que estava perto, assim ela estaria mais a vontade para poder pensar, e lidar com os falsos pais e amigos já não seria mais um problema.

Bem Vindos a Marda Bardim  - Os Três Sonhos Principais (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora